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Júlia

Eu nem conseguia enxergar nada na minha frente. Meu peito doía, minha cabeça doía e eu só precisava ver o Ruan.

Quando o Barão me ligou, eu senti que tinha dado alguma merda, mas não imaginava que pudesse ser tão séria. Ele pediu pra um vapor levar a gente pro hospital. Me pediu pra levar o Matheus e o Davi também.

Eu sabia que a Isa estava envolvida também, mas não consegui nem perguntar dela, e nem do Ruan. Quando eu cheguei no hospital, entreguei o pequeno nos braços do Barão e os médicos me encaminharam para o quarto onde o Barbosa estava deitado, com os olhos fechados.

Meu olhar vasculhou cada centímetro da sua pele exposta, enquanto o médico me falava o que tinha acontecido. Ele não teve fraturas graves. Só os cortes, mas precisaria ficar em observação por ter inalado uma substância tóxica. Ele me falou que eu podia chamar caso precisasse, e me deixou sozinha com o meu marido.

Sequei as lágrimas do meu rosto, e limpei as mãos na calça jeans, conforme eu me aproximava da maca. Busquei a mão dele, e uni com a minha, sentindo nossas alianças se encostando.

Júlia: Amor? - murmurei, com o rosto perto do ouvido dele.

Ouvi um muxoxo da parte dele. Saiu mais parecido com um resmungo.

Júlia: Eu tô aqui, tá? Fica tranquilo. Tá tudo bem. Você tá bem. A gente vai ficar junto - beijei o canto da boca dele, quando vi seus olhos abrindo aos poucos - Descansa. Não vou sair daqui.

Ele concordou com a cabeça, por não conseguir responder, e voltou a fechar os olhos. Me sentei na cadeira ao lado da maca e continuei ali por uns trinta minutos, orando a Deus que ele se recuperasse logo.

Barbosa: Ju? - chamou, com a voz fraca.

Limpei o meu rosto mais uma vez, secando as lágrimas e fiquei de pé, para que ele pudesse me ver.

Júlia: Oi, lindo - abaixei mais um pouco, beijando o seu rosto e deixando com que os meus dedos fizessem um carinho em seus cabelos - Você tá bem?

Barbosa: Minha garganta tá seca - ele tocou a cânula que estava em seu nariz, auxiliando na respiração e fez uma careta - Quem te trouxe?

Júlia: O Barão me ligou.

Barbosa: Isabela tá bem? - perguntou, me olhando com receio.

Júlia: Não sei. Não consegui perguntar. Eu tava muito preocupada com você. O que aconteceu? - ele me olhou sugestivamente e eu concordei com a cabeça - Já sei... quanto eu menos souber, melhor pra mim.

Barbosa: Minha garota!

Rolei os olhos, escondendo o sorriso.

Júlia: Não me assusta mais assim.

Barbosa: Eu sou fortão, vida. Qual foi?! Homem de ferro e essas coisas mais pra frente.

Júlia: Você não tá em condições de fazer graça, Ruan.

Barbosa: Te amo.

Júlia: Eu também te amo muito. Demais - beijei o seu rosto mais uma vez e ele sorriu - Eu queria muito que fosse em outro momento, mas quero te contar um negócio, pra te dar forças pra sair dessa cama o mais rápido que Deus te permitir.

Barbosa: O que? - perguntou, com o semblante de dúvida estampado no rosto.

Júlia: Deus mandou uma coisa que você sempre sempre sempre pede - eu ri, só de lembrar de todos os dias que ele me enchia o saco com isso - Sabe o que é?

Barbosa: O que é, amor? O Palmeiras ganhou o mundial? - rolei os olhos - Tu voltou a falar com a tua família?

Neguei com a cabeça, deixando o meu rosto pertinho do dele.

Júlia: Tenta de novo.

Barbosa: O que? - insistiu e eu me fiz de desentendida - Ah, se não for isso eu vou ficar puto porque tu tá colocando esperança em mim!

Júlia: Isso o que? - perguntei mais uma vez, sabendo que ele acertaria.

Barbosa: Nós vai ter um pivete?

Júlia: Tô grávida... Nós vamos ter um bebezinho.

Ele colocou a mão na frente da boca, me olhando com os olhinhos esbugalhados e eu já senti meu olho marejando.

Júlia: Que ódio, eu só sei chorar - resmunguei.

O Ruan nem falou nada, mas eu vi que ele tinha começado a chorar também. Ele me puxou pra deitar encima dele, me abraçando. Mantive as minhas mãos no colchão, pra não colocar todo o meu peso encima do corpo dele.

Perdi a conta de quanto tempo nós ficamos abraçados e chorando.

O meu marido era a parte mais incrível da minha vida, minha melhor versão, era com ele que eu sentia o meu peito arder de amor, era ele que fazia eu me sentir viva. E saber que nossa família estava se tornando real, fazia com que eu me sentisse a mulher mais feliz desse mundinho!

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora