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Isabela

Acho que fiquei encarando o Barão por uns cinco minutos, até formular bem o que eu deveria falar.

Isabela: Quais são as formas usas pra proteger o meu sobrinho? - ele continuou me encarando, como se eu fosse maluca. Percebi que aquela forma de falar não tinha sido muito boa, então tentei reformular - Você tem muitos inimigos, né?

Barão: Qual é a tua, Isabela? Tu é X9, porra?

Isabela: Eu não. Tá maluco?! - respondi rapidinho.

Eu não queria morrer nem nas mãos do Barão e nem do Pitbull, e quanto mais eu corria da morte, mais perto dela eu chegava.

Barão: Tu é toda estranha, né? Da o teu papo de uma vez, eu não tenho todo o tempo do mundo.

Isabela: É isso, Barão. Quero saber como você protege o Matheus dos seus inimigos - juntei as minhas mãos encima do meu colo, e fiquei olhando para elas, enquanto esperava uma resposta.

Toda vez que eu tentava sair do meu relacionamento as mesmas coisas eram jogadas na minha cara. Eu não tinha um emprego, eu não tinha ninguém, ninguém me amava, ninguém gostava de mim, e se eu fizesse alguma coisa que o Pitbull não queria, o Matheus ia pegar por isso.

Eu nem achava que ele tinha peito pra enfrentar o Matheus, sabendo bem de quem ele era filho, mas vindo do Pitbull eu não conseguia duvidar de mais nada.

Barão: Eu não tô entendendo onde tu tá querendo chegar com isso - ele respirou fundo, me olhando - Os meus filhos tem toda a proteção que precisa pra ninguém nem chegar perto, a não ser que eu queira. Eles moram comigo, no meu morro, qualquer coisa chega no meu ouvido, tá ligada? Todo mundo é ciente de quem são os três, e todo mundo é mais ciente ainda do b.o que vai dar se fizer merda pra algum deles.

Eu concordei com a cabeça. Ainda não era suficiente pra me convencer a largar o Pitbull, sem me preocupar com nada.

Isabela: Uhum - murmurei, brincando com os meus dedos, e ainda sem olhá-lo.

Barão: E mais do que isso. Todo mundo sabe que dentro da minha quebrada, eles são protegidos, pô. Desde vapor, gerente do pó, e morador. Qualquer um que estiver na minha área é ciente de que se der algum problema com os três, eu tenho que ficar sabendo.

Isabela: Entendi, Barão - encarei ele - Já tentaram tirar o Matheus de você, de alguma forma?

Barão: Não.

Isabela: E se eu te disser que alguém pode tentar? O que você vai fazer?

Eu vi ele trincando o maxilar, e passando as mãos em frente ao rosto, enquanto respirava fundo.

Barão: Quem?

Isabela: Suposições - menti.

Barão: Suposições é o caralho - ele segurou o meu rosto entre as mãos, com certa brutalidade, mas eu empurrei a sua mão pra longe de mim e ele se afastou, me encarando - Quem é o filho da puta que tá achando que pode ameaçar o meu menor?

Isabela: Eu tô querendo tomar uma decisão pra minha vida, mas tenho medo da forma que isso pode atingir o Matheus.

Barão: Resolve os teus b.o sozinha, Isabela. Não envolve o meu filho do meio!

Isabela: Então deixa o Matheus longe de mim. Não era pra ele saber que eu estou morando no Rio, não era pra ele saber a minha casa! - respirei fundo, sentindo o meu peito apertar a dizer aquilo - Segura o Matheus no morro, não deixa ele vir aqui. E se der merda pra mim, protege ele!

Barão: Que tipo de merda? Eu não tô entendendo nada do que tu tá falando!

Eu peguei o meu novo celular, que o Matheus tinha comprado, no bolso da minha calça jeans e estendi pro Barão. Ele pegou o aparelho nas mãos, mas não desviou o olhar de mim em nenhum momento.

Isabela: O meu relacionamento tá uma merda tem anos - confessei, vendo as minhas mãos tremerem só de pensar em falar dele - Meio que aqui na pista a lei não é igual da quebrada, sabe? O vizinho não vai se meter se ouvir gritos, sei lá, não tem ninguém que resolva a parada. Eu tô querendo sair disso viva, mas pra isso eu preciso sair agora.

Barão: O otário do teu namorado tá colocando o nome do meu filho no meio da treta de vocês? - ele praticamente gritou, socando o voltante com força.

Surtos e mais surtos. Eu tava cansada disso. Gente gritando, batendo, empurrando. Qualquer ato bruto já era um tremendo gatilho.

Não aguentando mais ficar dentro daquele carro, eu simplesmente sai e nem o Barão tentou me impedir. Eu caminhei apressadamente até a minha casa, e dei graças a Deus quando vi que o Pitbull ainda não tinha chegado.

Antes de eu entrar, ainda consegui ver o carro do Barão parado na esquina, exatamente no mesmo lugar. Ignorei completamente, abrindo o portão e me trancando dentro de casa, pra aproveitar os bons minutos que eu ainda teria de paz, antes do Pitbull chegar.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora