Predestinados

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Sofia

Quando pensarem em uma apresentação desastrosa pra família do namorado, pensem na minha, que na melhor das hipóteses, poderia ter sido chamada de caos.

Eu não fazia ideia do que a Isabela estava fazendo ali e ainda mais, sem o meu pai.

Pela forma como o homem, que eu reconheci sendo o pai do meu namorado, falou com ela, eles estavam juntos.

Fazia muito tempo que eu não via ou não tinha nenhuma notícia dela, ou do meu pai, mas fazia menos de um ano em que eu havia os procurado uma última vez, e até então, eles estavam juntos.

Nunca poderia imaginar que a "mãe" que o Gabriel se referia fosse a Isabela do meu pai.

Eu deveria ter pedido uma foto, evitaria muita coisa.

Quando a Isabela falou que eu era filha do "Pitbull" eu vi todo mundo me olhando com muita raiva... menos o Gabriel.

O meu namorado tirou a mão do meu braço, me olhando com um semblante curioso, triste e decepcionado.

Sofia: O que? - perguntei baixinho pra ele - Não me olha assim. O que eu fiz?

Tentei encostar nele, mas o Gabriel jogou o braço pra trás do próprio corpo, pra evitar o meu toque.

Lobo: Tu tá zoando com a minha cara, Sofia?! Tu me falou que não tinha pai! - ele gritou.

Sofia: Eu não tenho! - busquei a ajuda da Isabela com o olhar - Fala pra ele! Por favor! Eu não tenho pai!

A Isabela não falou porra nenhuma e eu comecei a ficar puta da cara. Só ela podia me tirar dessa situação.

Ela chegou mais perto do Gabriel, soltando o novo namorado dela, e puxou o meu namorado para um abraço.

Sofia: Isabela! - gritei pra ela, pedindo por socorro, batendo o meu pé no chão.

O tal do Barão avançou dois passos na minha direção, mas antes que ele pudesse chegar mais perto, o Gabriel se meteu no meio.

Lobo: Para, pai. Calma!

Barão: Abaixa o teu tom que tu não tá com moral pra falar muita coisa - ele falou, olhando direto pra mim - Cadê o desgraçado do teu pai?

Eu soltei uma risada nervosa, mas acho que mais pareceu deboche.

Sofia: Eu tô tentando saber tem um ano, da última vez que eu tentei falar com ele ninguém me respondeu - falei, olhando direto pra Isa - Porra, eu não sei o que o meu pai fez pra vocês. Não sei porque ele não tá com a Isabela, mas eu não tenho nada a ver com isso. Nem saber da vida dele eu sei. Da pra contar nos dedos as vezes em que eu vi ele desde que eu nasci!

Isabela: Cadê a tua mãe, Sofia?

Ela puxou o Gabriel pra perto dela mais uma vez, afastando ele de mim.

Sofia: Em casa - eu dei de ombros - Ela sabe que eu tô aqui. Ela conheceu o Gabriel!

Eu respirei fundo.

PT: E como nós vai confiar no que tu tá falando? - o garoto falou. Conhecia ele da escola. O Gabriel tinha me falado que a família dele praticamente adotou o garoto.

Olhei de novo pra Isabela.

Sofia: Você sabe melhor do que ninguém, até mesmo melhor do que a minha mãe, que eu nunca tive uma relação com o meu pai, mesmo que eu quisesse muito!

Falcão: Tu não perdeu nada. Ficar longe do teu pai foi a melhor parada que tu fez na tua vida - o outro irmão do meu namorado falou.

Tirei o meu celular do bolso da saia e estendi pro Gabriel. No fim das contas, a minha maior preocupação era ele.

Sofia: Olha, procura qualquer coisa. Pode ver, Gabriel - ele tirou o celular da minha mão, mas não desbloqueou - Eu não vou mentir pra você.

Lobo: Tu sempre me falou que não tinha pai.

Sofia: Eu não tenho - falei, mais calma, ao perceber que eles estavam ficando mais calmos também - Meus pais separaram depois que eu nasci. Minha mãe nunca deixou eu ter contato com o meu pai e quando eu cresci eu fui atrás por conta própria. Encontrei a Isabela e ela até me ajudou a ver o meu pai algumas vezes, mas ele não tava muito afim dos nossos encontros. Hoje eu sei, mas na época eu fiquei tão cega procurando uma relação maneira entre nós dois, que não percebi o quão babaca ele é.

PT: Ele é um babaca mermo. Tu tá certa!

Eu concordei com a cabeça, e o Gabriel estendeu o celular pra eu pegar de volta.

Sofia: O que ele fez pra vocês?

Barbosa: Nada, só tentou me matar - o cara que estava logo atrás do Barão falou em um tom de deboche.

Eu não entendi quem ele era. Não me lembrava do Gabriel ter comentado algo comigo.

Sofia: Eu não sou o meu pai, nem convivo com ele.

Isabela: Sofia - ela me chamou - Se eu sonhar que tu tá envolvida com alguma coisa do teu pai, eu juro por tudo, juro pela minha vida, que eu vou atrás da tua mãe e conto tudo pra ela!

Sofia: Tá, tudo bem! Mas eu não tô envolvida em nada disso - olhei pro moço que tinha falado antes - Eu não sei porque ele tentou te matar.

Isabela: Porque ele queria me matar - falou, cruzando os braços.

Fiquei surpresa.

Sofia: Ele parecia gostar de você.

Isabela: Ele não gosta nem dele, Sofia. Então não se engana. Você pode até não ter nem um envolvimento  com ele agora, mas se ele sonhar que você tá namorando o filho do Barão, ele vem em um segundo fazendo mil juras de amor pra você!

Barão: Se ele vir, deixa bem avisado que é só ele pisar no Rio que vai sair mais furado que peneira.

Eu senti a ameaça, mesmo não sendo pra mim.

Sabia que o pai do Gabriel era traficante, procurado, mas o meu namorado sempre falou extremamente bem do pai. Nunca senti medo ou nada parecido, pelo menos até o momento dessa ameaça.

Sofia: Eu não quero que ele venha. Eu não preciso dele agora - dei de ombros.

O Barão tirou o celular do bolso da calça, e mostrou a mensagem que tinha ali pra Isabela. Ela respirou fundo, parecendo cansada e largou o Gabriel.

Isabela: A gente tem que ir - ela falou, direto pro meu namorado.

Ele concordou com a cabeça e me olhou.

Lobo: Vou te deixar em casa.

Não tive o que responder.

O Gabriel tinha tomado uma decisão e eu tinha certeza que não fazia parte dela.