92

20.3K 1.3K 274
                                    

É o último capítulo da primeira temporada....

Estão prontos? 🥹

Não esperem um final feliz.

Não é o fim.

PT

Cheio de raiva na mente.

Viajei de longe pra caralho pra poder ver a minha família, e quando cheguei no Rio, meu passaporte tinha sido denunciado.

Falsidade ideológica. Descobriram que os documentos não eram meus. E ao chegar na delegacia, descobriram que eu tinha forjado a minha própria morte.

Estelionato. Todos os cartões que estavam comigo, inclusive o que eu tinha comprado as passagens, era clonado.

Minha ficha foi suja desde o dia em que eu nasci, mas depois que eu me tornei filho do Barão, ela ficou imunda!

"Associação ao tráfico" era o que mais pesava.

Mas nada disso importou quando eu vi a minha mãe entrando pelas grades. Ela me abraçou com tanta força, que eu achei que fosse quebrar o meu corpo no meio.

Queria ver os outros. Queria ver os meninos. Queria ver o meu pai. Tava maluco pra ver a Aurora. Mas eu precisava ver a Isabela.

Era como se o abraço dela me acalmasse. Como se fosse o que faltasse pra eu ficar bem.

O mesmo papel que a Isa tinha na minha vida, a Sophia fez nos últimos dez meses. Quando eu falei que ela era uma mina da hora, eu não imaginei que seria tão da hora assim. Papo de que a gente era irmão de outra vida, de verdade. Nossa cabeça era muito parecida, mesmo ela sendo um tanto mais doidinha do que eu.

A Sophia me deu uma força do caralho pra seguir longe da minha família nos últimos meses. Eu sei que sem ela eu não conseguiria aguentar por tanto tempo.

Isabela: Você tá machucado? - ela perguntou, sem me soltar.

Foguinho: Gato tem sete vidas, mãe.

Ela riu, afastando o rosto, pra me ver melhor.

Isabela: Você cresceu.

Foguinho: Tô mais bonito, né?

Isabela: Eu te amo muito. Eu tava morrendo de saudade de você - falou, beijando o meu rosto várias vezes, eu fiz careta, soltando uma risada - Os advogados do Henrique vão tirar você daqui.

Eu ri, negando com a cabeça.

Foguinho: Não vão. Não tão rápido.

Isabela: Vão sim! - ela falou seria.

Foguinho: Tá de boa, eu tô mec - dei de ombros - Pelo menos vocês sabem onde eu tô. Pelo menos aqui eu vou poder te ver.

Isabela: Não vai demorar. Eles vão te tirar daqui. A justiça desse país é uma bosta, graças a Deus.

Foguinho: É uma bosta, quando tu não é filho de um dos maiores traficantes do país - ela continuou me encarando - Eu tô bem ligado que eles não vão facilitar pro meu lado.

- Ae, Baronesa. Hora de ir pra casa - um dos guardas chamou por ela.

O "Baronesa" serviu pra confirmar o que eu tinha falado. Os caras sabiam quem era era. Sabiam quem eu era, e se eles não tinham o pai, eles não abririam mão do filho.

Isabela: Você sabe que tem regalia em qualquer lugar que você for - ela falou baixo - A gente paga quanto for preciso.

Foguinho: FEBEM, mãe. Eles vão me mandar pra FEBEM - engoli seco - Só me tirem antes de me transferirem pra uma penitenciária. Se não, o bagulho vai ficar quente.

Isabela: Ta louco? A gente vai te tirar!

Eu assenti e abracei ela mais uma vez.

Não tava ligado o que ia rolar dali pra frente. Não fazia a menor ideia de como seria a minha vida, de quanto tempo eu ficaria preso, e se conseguiriam me tirar em pouco tempo.

Mas pelo menos eu poderia vê-los, teria notícias, e com certeza que eu daria um jeito de arranjar um celular pra conversar com a minha família todos os dias.

Foguinho: Pera aí, antes de tu ir, deixa eu te mostrar uma parada que eu fiz - pedi e ela parou pra me olhar. Levantei um pouco a blusa que eu estava vestindo, mostrando o nome dela e do meu pai tatuados no peito - Tem mais.

Isabela: Você tá doido? - perguntou, com a voz embargada.

Virei de costas, e senti ela tocando a pele do meu ombro, onde tinha desenhado um lobo e um falcão.

Logo a cima, as letras que formavam o nome Davi em meu pescoço. E do outro lado, o nome da minha princesa.

Foguinho: É a minha família, pô. A que nunca me deixou e me deu tudo o que eu achei que nunca fosse ter. Eu tava doido de vontade de voltar correndo pra casa!

Ela não conseguiu me responder. Me abraçou mais uma vez, chorando três vezes mais e me aproveitei dos poucos minutos que a gente tinha, pra ficar agarrado com a minha mãe e matar um pouco da saudade que estava.

O peso tinha ido embora. A dor tinha ido embora junto com todo o fardo.

O futuro era incerto, mas não me importava mais.

Cumpriria a minha pena e sairia dessa porra de lugar com a cabeça erguida.

Daria um orgulho fodido pros meus pais e pros meus irmãos.

Eu me sentia mais do que pronto pra escrever a minha própria história.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora