IsabelaSai da igreja de mãos dadas com o Davi, e o Barão estava andando logo atrás, conversando com a Júlia e com o Barbosa.
Júlia: Ah, na verdade, quero falar com os meus pais. Acho importante saberem que terão o primeiro neto.
Eu parei de andar e lancei um sorrisinho pra ela.
Isabela: Boa sorte, Ju.
Júlia: Você vem? - ela perguntou, olhando direto para o marido que concordou com a cabeça.
O Barbosa fez um toque de mãos com o Barão e depois comigo, e saiu abraçado com a Júlia, pra dentro da igreja.
Davi: O Davi tá com fome, papai - ele falou, enquanto pulava impaciente no chão.
Isabela: Vamos lá pra casa, eu faço uma coisinha pra você comer.
Barão: Não quer ir pra minha? - parei de olhar pro Davi, pra olhar pra ele - Essa hora os moleque já saíram da escola e estão tudo junto em algum canto.
Isabela: Provavelmente jogando videogame na sua casa.
Ele concordou, soltando uma risada.
Eu ainda estava com vergonha e sem saber como reagir na frente do Henrique. Pelo menos, o Davi tinha me perdoado por ter surtado mais cedo.
Sabia bem que eu faria tudo de novo, e mais uma vez, porque de verdade, eu só queria calar a boca daquela mulher pra ela nunca mais falar besteira na merda de vida que ela vivia. Fui consumida pelo ódio, pela raiva, e depois fiquei triste, vou confessar.
Pensei o quando seria difícil para o Davi crescer sem a presença da mãe, ser renegado pela própria pessoa que te colocou no mundo era uma dor que eu via de perto os traumas que poderiam causar, como o PT. E me cortava o coração saber que ele também poderia passar por essa dor.
Eu ficava triste pelo Matheus, por ter perdido a mãe tão cedo. Mas ele sempre soube o quanto foi amado por ela, e por o curto período que ficaram juntos, a minha irmã priorizava o meu sobrinho mais do que qualquer outra coisa.
Me sentia triste pelo Gabriel, por saber que ele nunca experimentou do amor materno, e na vida dele, a única pessoa que lhe deu esse carinho, fomos eu e a minha mãe, quando ela ainda era viva. E mesmo assim, ficava um pouco aliviada em reconhecer que o Barão tinha feito um ótimo esforço pra não deixar nem mesmo que o Gabriel pudesse dar falta desse sentimento.
Mas o meu coração se dilacerava em pensar no Patrick e no Davi. Em pensar que elas estavam vivas, bem e com saúde, e que por pura escolha preferiram perder tudo de bom que aqueles meninos podiam oferecer.
O Barão me chamou pra entrar no carro, e só então eu percebi que tinha me perdido nos meus próprios pensamentos. Ele colocou o Davi na cadeirinha e eu preferi ir no banco de trás, pra ficar agarrada com o neném. O Henrique nem falou nada, mas me olhou estranho pelo espelho.
Demorou nem pouco até chegarmos na casa dela, e no momento em que o pequeno saiu do carro, já foi gritando pra chamar o AK.
Deixei os dois ali na rua, brincando com o cachorro que me odiava, e entrei na casa encontrando os meninos jogando videogame na sala.
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Predestinados
RomanceNão há nada mais forte do que duas almas interligadas, predestinadas a se encontrarem.