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Barão

O bagulho que mais me deixava perdido no mundo todo, era ouvir alguma coisa ruim sobre os meus crias. Voltei pro morro com a cabeça a milhão, não dava pra parar de pensar em tudo o que a Isabela tinha me falado, e nas milhares de teorias que já rodavam a minha cabeça.

Eu conhecia a irmã da Isabela, era uma mina de fé, maneirona, merma fita que eu... mas nem assim eu confiei nela. Era foda confiar em alguém quando se está no meu lugar. Então eu desconfiava até mesmo da respiração da Isabela. Aquela garota escondia alguma parada muito suja, e eu tava começando a pensar que aquele papo era só coisa pra me enrolar.

Se fosse algum plano contra a minha tropa, como eu estava pensando, ela podia ser uma baita atriz da globo. Me deixava com dúvida quando eu lembrava dela olhando e falando com o Matheus lá em casa, durante a tarde. Não parecia ser atitude de alguém que está planejando alguma parada contra, pra fazer mal, porque ela olhava pra ele com amor e carinho, pô.

Tava tudo muito confuso, e quanto mais eu pensava, mais confuso ficava.

Subi direto pro QG, nem fui pra casa. Só ia conseguir descansar quando eu tirasse essa fita da cabeça. Acionei o meu mano Barbosa na base, e ele demorou uns quinze minutos pra brotar.

Era o único que eu achava que podia confiar, e colocava uma fé maneira encima do parceiro.

Barbosa: E aí, chefe - ele entrou na sala, depois de bater na porta, e fez um toque comigo.

Barão: E aí, meu parceiro. Na paz?

Ele sentou na minha frente, do outro lado da mesa.

Barbosa: Na boa, pô. Tava resolvendo a fita do carregamento do fim de semana, tá ligado?

Eu concordei com a cabeça, afastando a minha mente do meu filho e da tia maluca dele, por um minuto.

Barão: Vai dar pra atingir a meta que eu te falei?

Barbosa: Ainda. Aumentando a mistura, em dois meses nós triplica o faturamento.

Barão: É isso. Só não quero que perca a qualidade do produto, tendeu?

Barbosa: Tô te entendendo. Fica tranquilo, nós vai ficar de olho nessa parada aí, pra não dar furo.

Barão: Jaé, mas te chamei aqui por outra parada.

Ele concordou com a cabeça, já estava ciente.

Barbosa: Qual a missão?

Barão: Sigilo total, porra, não quero esse papo vazando por aí - apontei pra ele. O mano assentiu e eu respirei fundo, me encostando na minha cadeira, e encarando o teto - Tô com um problemão.

Barbosa: Coisa com os menor, né? Essa tua cara só aparece quando da uma merda com eles!

Por isso que aquele cara era o meu melhor homem. Sempre ligado nas minhas paradas, e fazendo um trabalho maneiro.

Barão: É o Falcão - falei, chamando pelo vulgo do meu filho. O nome era só chamado em casa, pra nossa família. Na rua todo mundo conhecia ele e o Gabriel pelo Vulgo - Tô sentindo que tão aprontando com o meu filho, parceiro. Eu o preciso descobrir se estou certo nesse papo.

Barbosa: Fala aí o que eu tenho que fazer, Barão - pediu - Fica suave, nós não vai deixar nada acontecer com nenhum dos teus menor.

Barão: Primeiro, o Falcão não sai mais desse morro. Avisa pra todo mundo, mas não faz show, não quero que ele saiba e venha encher a minha cabeça. Eu vou tentar contar uma história em casa, e avisar que eles não podem mais sair, se ligou? Avisa pra qualquer vapor que se ele tentar sair do morro, não é pra deixar, fechou?

Barbosa: Fé pra isso.

Barão: Isabela Arantes - respirei fundo, olhando pro Barbosa - É o nome da tia dele. A mulher que ele tava na casa, junto com o Lobo, ontem. Essa filha da puta está me escondendo alguma parada, pô. Tu tem que descobrir o que é. Essa é a tua missão. Fica lá na casa dessa mulher até descobrir o que está rolando com ela e com o tal do Pitbull.

Barbosa: Missão dada é missão concluída, parceiro.

Barão: É isso. Tô confiando em ti, Barbosa. Não me decepciona!

Barbosa: Fica tranquilo.

Barão: Quero foto, vídeo, quero saber de tudo, de cada passo desses dois - ele concordou com a cabeça - Boa missão pra tu.

Barbosa: Amém. Deus por nós sempre.

Ele ficou de pé, fez um toque comigo e vazou pra missão. Eu fiquei por mais uns minutos fuçando o Instagram do Pitbull, mas tudo o que tinha ali era sobre luta, e nada além disso. E a cada segundo que passava, a dúvida aumentava ainda mais na minha cabeça.

Piei pra minha casa uns trinta minutos depois, e antes de sair da salinha recebi a primeira foto que o Barbosa tinha me mandado.

O Pitbull estava entrando em casa.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora