Predestinados

29

Isabela

Ódio.

Mais uma vez, ódio era tudo o que eu sentia. Nojo. Revolta. Cansaço. Mais uma vez feita de otaria só pra satisfazer o desejo de outra pessoa.

Foi bom. Mas eu não queria. Não até ver ele. Ainda era estranho pra mim.

Mas o Barão foi gentil, me tratou bem e colocou minhas vontades igualadas com as dele, e isso me pareceu tão bom. Reciprocidade tinha um gosto diferente, da qual eu já não provava a alguns anos. Me causou uma boa sensação pensar que eu precisaria me adaptar, pois seria somente dessa forma que eu aceitaria as pessoas na minha vida a partir de agora.

Bom, foi o que eu havia pensado antes de o Barão praticamente nem olhar na minha cara assim que
acordou...

Rolei os olhos, respirando fundo. Não tinha nem percebido que estava roendo as unhas.

Isabela: Para de ser maluca, tu não tem que se preocupar com homem agora! - murmurei pra mim mesma.

Devia fazer uns quarenta minutos que eu estava sentada no meu sofá pensando nisso.

Olhei no relógio.

Eu estava enganada. Fazia uma hora e meia.

Isabela: Deixa de ser idiota, Isabela!

Barbosa: Achei que tu tivesse sozinha - me assustei, vendo ele com a cabeça pra dentro da janela da casa. Ele sorriu de lado - Tá assustadinha?

Isabela: O que você tá fazendo aqui? - perguntei.

Ao invés de agir como uma pessoa normal e entrar pela porta de casa, ele pulou a janela.

Fiz careta.

Barbosa: Barão mandou. Falou que tu tava sozinha - ele ficou olhando em volta, procurando alguém.

Isabela: Eu tô sozinha - murmurei baixo.

Ele riu.

Barbosa: Tava falando sozinha?

Isabela: O que você quer aqui? - perguntei, sem esconder a cara feia.

Barbosa: O chefe mandou. Já falei.

Isabela: Fala pra ele que eu prefiro o PT.

Peguei o controle da televisão, pra ligar e ignorar o Barbosa o restante do dia. Mas ele arrancou o controle da minha mão e desligou a televisão.

Barbosa: Tipo... não me odeia, Isa - ele coçou a nuca.

Isabela: Eu não te odeio.

Barbosa: Não me odeia pelo o que eu vou ter que fazer, tá?! - franzi o cenho, sentindo a ansiedade formigando a minha pele - Barão pediu pra eu te levar na casa. Na tua antiga casa.

Isabela: Hum?

Achei que tivesse escutado errado.