🦄 Cap 09 🐴

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Escrita com
Carolleite26 🔥🥰


Cristina: O que faz aqui? O que procura na casa da minha mãe? - questionei lhe afrontando - veio a toca do lobo de bom grado rameira.

Sacrifiquei o meu corpo para carregar essa coisa em meu ventre, para logo ser abandonada. Severiano preferiu a esposa que a mim, acha que não sei o que acontece na casa grande, como está enganado. Suzana me mantém informada de tudo, sei que ele fica como um cachorrinho mendigando atenção daquela velha. Velha é um elogio, um vegetal seria o certo. Para a minha sorte ninguém descobriu sobre o veneno, e mesmo que descobrissem, nunca poderiam me acusar. Sem provas, sem crime.

Não entendo, Severiano sempre foi um homem bruto, nos obrigando a fazer suas vontades sem reclamar, com seus xingamentos, mesmo quando o manipulava sua palavra era a final, e agora se resume a um nada. Tudo agora é Consuêlo. Acabou se tornando um tolo.
Mas se ele acha que pode me deixar nessa casa mofando para que ele brinque de casinha com a mulherzinha dele, está muito enganado, irei na fazenda e o obrigarei a me dar atenção, usarei esse bebê para ter o que quero. Se ele está tão mal como dizem, poderei manipulaálo mais facilmente e quem sabe não fazemos amor em seu quarto, na frente de sua adorada esposa.

Consegui uma carona para a fazenda do meu garanhão. Por sorte ninguém me viu andar por ali, não queria ninguém me impedindo de falar com Severiano. Me aproximei da casa grande e fui em direção da área da piscina, seria mais fácil entrar pela cozinha, a essa hora os empregados estariam em suas casas. Mesmo tendo trabalho muito tempo aqui, nunca pude me aproximar da piscina, tirei minha sandália e coloquei a ponta de um dos meu pés para experimentar a água, quem sabe não pediria para Severiano fazer amor comigo nessa água? Minha tranquilidade não durou muito, já que Cristina apareceu me dando o maior susto.

Lúcia: Olha como fala comigo sua pirralha, mas vou ser boazinha e responder, vim atrás do seu papai, está vendo minha barriga, estou esperando o seu irmãozinho, que quando crescer vai ser o senhor de tudo, e eu a senhora Álvarez, ou acha que sua mãe vai durar para sempre - gargalhei - então é melhor me respeitar.

Tudo me veio a cabeça em forma de uma avalanche. Se quer tentei segurar tudo aquilo que se apoderou de mim, a oportunidade perfeita para lhe tirar bem mais do que ela nos tirou. Me aproximei dela com tudo, lhe empurrando na piscina. Foi tudo tão rápido e tão satisfatório para mim. Lúcia bateu com a cabeça bem na quina da piscina, ali ela já caiu desacordada. Me aproximei um pouco, toquei o seu corpo e ela se quer se mexeu. Naquele instante gargalhei colocando a mão na boca para abafar todo o som que pudesse chamar a atenção de alguém e me sentei ali, assistindo de camarote a sua lenta e dolorosa morte.

Cristina: Olho por olho, dente por dente... eu te falei... um dia iria pagar toda a desgraça que fez a vida da minha mãe e do meu irmão... obrigada por ter facilitado tanto a minha vida - sorria feliz olhando o seu corpo afundando na água da piscina - dois pelo preço de um...

Flashback On...

Dra: Cris...- chamei ela ao me aproximar e me sentei ao seu lado, segurando sua mão.

Cristina: Como a minha mãe tá? - questionei olhando para o nada.

Dra: Eu sinto muito Cris... sua mãe não está nada bem, ela não reage... estamos tentando de tudo possível, mas não é fácil - suspirei segurando em sua mão.

Cristina: O que aconteceu? Pelo seu tom algo está acontecendo, me conte tudo... quero saber a verdade.

Dra: Cris... o que provocou o aborto que sua mãe teve foi... foi um veneno... uma dosagem constante e quase indetectável... meu anjo eu sinto muito... muito por tudo isso que está passando... por tudo que viu... estou aqui se você quiser conversar... foi uma guerreira ao ajudar sua mãe, salvou a vida dela - sorri fraco - estou esperando o seu pai chegar, irei conversar com ele sobre isso.

Cristina: Não... não irá lhe contar nada sobre isso Dra - ergui o meu rosto secando as lágrimas que desciam - ele só precisa saber que foi a pressão da minha mãe e mais nada... ele não estava lá, nos deixou sozinhas... saiu sabendo que a minha mãe e o meu irmão precisavam dele - falei chorando... da minha mente não saía aquela cena em que Lúcia conversava com a cobra da Suzana.

Suspirei triste e lhe puxei para um abraço. Ela estava sofrendo e com toda razão tinha um pouco de raiva por ter assistido a tudo aquilo sem conseguir fazer quase nada.

Flashback Off...

Cristina: Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava eu mandava ela brilhar... com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes, para o meu, para o meu amor passar - cantava mexendo nos cantinhos do chão.

O tempo ia passando e por mais que sentisse a necessidade de permanecer ali, parada contemplando a morte daquela inescrupulosa mulher eu não pude. Quando menos esperei tive ajuda de uma pessoa e juntas tiramos aquele corpo da água. Afinal ele não poderia ficar para sempre ali. Com cuidado enrolamos em um lençol velho e levamos para uma parte afastada da fazenda. Cavamos o suficiente para lhe deixar ali e cobrimos tudo com perfeição. Ninguém iria desconfiar. Olhei uma última vez para aquele lugar e voltamos para casa, precisava tomar um banho urgente. Estava toda suja de terra.

Tive que sair da fazenda depois de discutir com Cristina, a garota acha que pode jogar na minha cara a culpa da mãe estar assim. Como me dói, na verdade estou destruído, como se eu não soubesse e não me arrependesse daquela maldita viajem, se estivesse aqui nada disso teria acontecido, minha esposa e meu amado filho estariam bem. A única coisa que poderia fazer para amenizar, mesmo que momentaneamente, era beber. Beber para essa dor passar, beber para esquecer o horrível marido que fui, beber e beber até esquecer quem sou. Quem sabe isso tudo não fosse um pesadelo e logo acordaria.

Peguei o carro e fui ao bar da cidade, não sei quanto tempo fiquei lá, apenas que o meu desejo foi realizado. A dor havia ido embora, mesmo que soubesse que na manhã seguinte estaria de volta, mas precisa encarar a minha realidade e mesmo cambaleante voltei para casa.
E desde que tudo aconteceu a casa parecia sombria, silenciosa e fria. Sem ânimo algum subi para o meu quarto, abri a porta lentamente para não acordar Consuêlo, mas para minha surpresa ela estava sentada na beira da cama, se balançava para frente e para traz, um comportamento novo. Até a bebedeira estava indo embora ao ver essa evolução, acendi a luz e me assustei com o que vi.

Consuêlo estava toda suja de terra, com folhas em seus cabelos, e alguns arranhões em seu rosto e braços. Não entendo como ela saiu de casa e pior, Cristina nem viu. Ela poderia ter se machucado ou algo pior e ninguém saberia. Me aproximei dela, tirei suas roupas e a levei para o banheiro, dei um banho demorado, e lavei seus cabelos. Ao terminar voltamos ao quarto, coloquei uma camisola limpa, passei remédio em seus machucados, e por último e desajeitadamente sequei seus cabelos. A fiz deitar e logo ela adormeceu. Fiquei por alguns minutos lhe admirando, parecia tão cansada e indefesa. Deitei ao seu lado e adormeci.

Semanas Depois...

Não tinha mais paz na vida, tudo me perturbava. O corpo daquela mulher sem vida não saía da minha cabeça, as suas palavras. Tudo me lembrava ela, a forma como ela manipulou o meu pai, a nossa família e ele nunca percebeu. Eram contadas as noites que eu não despertava no meio das madrugada gritando e chorando por ter pesadelos.
Todas as vezes era ele quem aparecia em meu quarto, mas eu não conseguia olhar em seus olhos, lhe enfrentar. Estava atormentada e só existia uma pessoa com quem eu poderia conversar, ser aconselhada sem sofrer as consequências dos meus atos. Conversei com a minha nana e lhe pedi para me acompanhar até a cidade, iria a igreja falar com o padre. Quando cheguei soube que ele estava no confessionário e fui até lá. Assim que entrei fiz o sinal da cruz após me ajoelhar e suspirei desabafando.

Cristina: Eu cometi um crime padre... e isso está me perturbando... não o fato de ter acabado com a insignificante vida de alguém, mas o fato de não saber lhe dar com tudo isso... fecho os meus olhos e a cena de seu corpo sem vida não saí... foi totalmente prazeroso de admirar - sorri com os olhos marejados.

Padre: Cristina? Como pode? - disse em choque - a vida de uma pessoa é muito importante, seja ela boa ou ruim, você não pode fazer justiça com as próprias mão, se seu pai errou deveria ter procurado alguém para te ajudar, minha filha agora suas mãos estão com sangue. Já pensou o que sua mãe dirá, ao saber que a filha é uma assassina?

Continua...

Será um Furacão? - Cristina y Frederico (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora