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Carolleite26 ❤️Joana: Menina eu nem te conto... ela tinha um caso com um peão da fazenda vizinha, o filho era dele... agora os dois fugiram juntos... pelo menos aquela pobre coitada terá sossêgo, olha só como a mulher está... coitada... parece até um vegetal.
Carolina: E tudo por causa daquela vagabunda... tanto atentou que ela perdeu o filho e enlouqueceu - respirei fundo - uma mulher tão boa não merecia um final trágico como esse - falei lamentando.
Desde o incidente com Consuêlo, não tenho tido tempo e nem paciência para visitar Lúcia. Ficar ouvindo suas reclamações que não dou atenção a ela ou ao nosso filho, ter que ficar inventando desculpas já estava me cansando, o que faz pensar no motivo de não ter notícias dela. Espero que tenha entendido que nesse momento preciso cuidar da minha esposa. Pensando nisso preciso buscar meu amor na paróquia, ela tem ido com Cristina para ajudar em alguma coisa que nem lembro. Mesmo que não tenha mostrado alguma melhora em seu estado de saúde, posso dizer que ela parece mais feliz. O que para mim é muito bom, me dá esperanças que volte a ser a Consuêlo cheia de vida como antigamente. Olho o relógio e vejo que já estou atrasado, pego as chaves do carro, estou até parecendo um adolescente ao buscar a namorada.
Parei o carro em frente a paróquia, era mais fácil para colocar a cadeira de rodas. Vou entrando, olhando ao redor, o lugar estava até cheio, acho primeiro Cristina, brincando com algumas crianças, mas não me aproximo. Nossa relação vem avançando, mas não o suficiente para demonstrar afeto, ainda mais em frente a essas pessoas. Entro na paróquia e acho meu amor com o padre Moisés. Vou até eles, cumprimento o padre, ficamos um pouco conversando, não por muito tempo, pois uma conversa me chama atenção. Me aproximo sem chamar a atenção, o que escuto me deixa furioso. Não posso acreditar que ela seria capaz disso, não posso acreditar que me enganou. Saí rapidamente dali, nesse momento não me importava o falatório. Peguei o carro, e corri para a casa daquela vagabunda, agora podia entender o seu sumiço. Claro, o trouxa aqui pagando tudo, casa, jóias, viagens, mas não ficaria assim.
Entrei na casa da Lúcia, juro que se a encontrar lhe matarei com as minhas próprias mãos. Estava tão nervoso que nem conseguia colocar a chave na maldita fechadura. Não quis saber, chutei a porta, fui entrando e olhando tudo. Parecia que foi abandonada há dias, algumas coisas bagunçadas, deveria ser a pressa para fugir. No quarto abri o guarda roupa, a maioria das suas roupas não estavam, os perfumes e as jóias nem sinal. A fúria somente aumentou ao perceber que era certo a fofoca, precisava aplacar a raiva, então comecei a quebrar tudo que vi em minha frente, até não restar quase nada.
Voltei a paróquia, avisei a Cristina que já iriamos para casa, fui até Consuêlo, tentando ao máximo me acalmar, mas era impossível, empurrei a cadeira de rodas até o carro. Consuêlo parecia sentir a minha fúria, queria se agitar, mas não o fez, o que me deixou aliviado já que não saberia como lidar com ela. Com cuidado coloquei ela no banco do passageiro e fechei a porta, fui para o meu lado, chamando novamente a Cristina. A garota parecia uma lesma, tive que buzinar várias vezes até ela resolver entrar no carro.
Já estávamos a caminho da fazenda e Cristina começou a me importunar para ligar o rádio mesmo eu dizendo que não, fazendo gritar com ela, o que assustou Consuêlo, que surtou avançando em mim com socos. Por muito pouco não batemos, consegui frear, tive que segurá-la bruscamente e gritar para que parasse. Consuêlo voltou a sentar como se nada tivesse acontecido, mas podia ver suas lágrimas. Me arrependi no mesmo momento, tentei tocá-la, mas se afastou. Respirei fundo e seguimos o restante do caminho em silêncio.
Estava completamente entediada dentro daquele carro, um completo silêncio pairava ali, a estrada ate a fazenda era longa e tudo que eu queria era ouvir música, coisa que o meu pai também gostava. Mas naquele dia ele estava completamente fora de si, para ser exata no momento em que saiu da igreja e logo voltou para nos pegar. Sabia muito bem a causa da sua mudança, ela tinha nome, sobrenome, endereço e agora pairava no quinto dos infernos, risos. Só bastou uma simples informaçãozinha para ele mudar.
Até sairmos de casa ele estava bem, tenho certeza de que as fofoqueiras da cidade já espalhavam o boato. Tadinho, não tinha noção de nada. O garanhão era corno, uma piada na cidade. Me divertia em meus pensamentos, mas logo fui arrancada deles ao ver o que estava acontecendo com minha mãe e a forma tosca com que ele lhe tratou. Assim que ele estacionou o carro na fazenda pedi ajuda a um dos rapazes que trabalhava ali e gostava muito da nossa família. Ele tirou a minha mãe do carro e levamos para o seu quarto. Severiano até que tentou se aproximar, mas só bastou um olhar meu de reprovação para ele desistir. Deixei ele falando sozinho e fui cuidar da minha mãe.
ANOS DEPOIS...
O tempo foi passando e pouco a pouco as coisa mudavam, segui ainda mais implacável que nunca. Minha relação com a minha mãe permanecia da mesma forma, verdadeira. Ela seguia naquele estado catatônico. Mau se alimentava, não caminhava, não falava. Basicamente vegetava e eu já não sabia mais o que fazer. Havia lançado a minha última tentativa, um terapeuta. Todos nós haviamos sofrido com aquela tragédia e seguimos a nossa maneira, mas ela, ela foi a única que parou no tempo e permaneceu lá. As coisas entre eu e o meu pai andavam bem, não era uma coisa que se ficasse espantado, mas era de todo um normal. Tinha que seguir fazendo a média, a velha Cristina de antes, doce e angelical. O padre finalmente havia largado do meu pé, não totalmente, mas o suficiente para me deixar respirar. Ajudava ele sempre que podia com as coisas da paróquia. Já que minha mãe não podia, havia assumido o seu lugar, o que deixou o padre feliz.
Desde aquele dia Severiano havia deixado de falar na Lúcia e eu achei perfeito. Era a paz que nós precisávamos, ainda mais depois da Suzana ter sido demitida. Ele estava ainda mais atencioso e cuidadoso com a minha mãe, a consciência estava pesada e agora ele caía em si. Pena que era muito tarde para isso. Durante aquele tempo havia chegado um peão novo na fazenda, que por sinal era muito bonito e digamos que safado. Era o meu brinquedinho, risos. Tadinho dele, estava completamente apaixonado por mim e pensava que eu também estava por ele, mas tudo o que eu fazia era brincar. Não queria nada serio com ninguém, só fazia isso para provocar o meu pai. Lhe deixar louco era o meu esporte favorito. Queria muito que ele soubesse desse namoro e me mandasse sair da cidade, mesmo que fosse por um tempo, seria maravilhoso sair dali com a minha mãe.
Estava entediada entre aquelas quatro paredes, não suportava mais toda essa situação, resolvi ir para a cidade. Lá pelo menos teria com quem me divertir um pouco, gostava de cuidar das crianças. Falei com o meu pai, que mandou um dos peões me levar até lá, agradeci a ele, cumprimentei o padre e corri até a parte de fora, onde as crianças brincavam na rua. Peguei uma delas em meus braços e comecei a correr com ela. Naquele exato momento começou a cair uma garoa bem fininha, alegrando e refrescando ainda mais a todos.
Na estrada...
Estava voltando para casa depois de uma viagem exaustiva em que deu tudo errado. Estava cansado, irritado, querendo apenas minha cama e um boa cachaça para relaxar. Queria pegar um atalho para minha fazenda, mas novamente meu azar apareceu. A estrada de terra estava interditada, tive que ir por dentro da cidade, o que me deixou ainda mais irritado, e para completar, uma fina garoa começou a cair. Passando em frente à praça, tive a mais bela visão, um anjo brincava com algumas crianças, podia ouvir suas risadas. Meu lindo anjo correndo para pegá-las, nunca invejei uma criança como naquele momento. Suspirei e disse a mim mesmo que iria me casar com esse anjo, o meu anjo.
Na praça...
No final daquele dia voltei para casa exausta e molhada. Mas estava totalmente realizada por me distrair um pouquinho de tudo. Assim que tomei banho, jantei com o meu pai, ajudei a minha mãe e fui descansar.
No outro dia...
Diego havia me azucrinado tanto naquela manhã que eu resolvi aceitar o seu pedido de ir na cachoeira. Como saí na frente em minha égua, deixei ela solta, pastando e me sentei na beirinha da pedra, colocando os meus pés dentro da água cristalina.
Cristina: Tenho que arrumar uma forma de me livrar dele... não tenho mais paciência para nada disso - respirei fundo revirando os olhos.
Diego: Cristina, já estamos juntos a um tempo, já está mais que na hora de avançarmos – beijava o seu rosto – de ir mais além que simples beijos – deslizei uma mão pela lateral de seu corpo – eu te amo e quero você minha vida.
Continua...
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Será um Furacão? - Cristina y Frederico (Concluído)
Misterio / SuspensoAntes mesmo de nossos corpos se tocarem, nossos corações começaram. Jamais pensei em amar alguém assim. Ele é a minha alma gêmea. Já não sou mais eu. No início tive medo de me entregar, confiar e reviver tudo que deixei no passado. Mas ele entrou em...