Escrita com
Carolleite26 ❤️Deixei Cristina na estrada e fui a cidade sem olhar para trás, imediatamente minha cabeça teve a paz que merecia. Pude fazer o que queria tranquilamente, passei na floricultura, comprei o primeiro que vi, não poderia caprichar para Consuêlo não achar que era teatro. Deu até tempo de passar no boteco e beber umas doses, com Cristina aqui seria impossível e fui para casa.
Perto de chegar na fazenda avistei Cristina, dava para ver o quanto estava cansada, bem merecido por me enfrentar. Mas pensando bem, poderia melhorar, acelerei o carro e fui em direção a minha filha. Não sabe o quanto foi prazeroso ver seu olhar assustado, achando que iria passar por cima dela. Deveria, mas que explicação daria a minha ursinha? Freei quase em cima dela, mas infelizmente, quero dizer felizmente não a acertei. Com o susto ela caiu ao chão, espero que com isso ela saiba me respeitar.
Se já odiava aquele homem, depois disso só cresceu ainda mais o ódio. Mas ele teria o que merecia e eu iria fazer de tudo para a minha mãe ficar ciente de tudo isso. O carro se perdeu em meio a poeira da estrada e eu fiquei ali, sozinha. Como pode um crápula desses fazer isso com a única filha. Isso só demonstrava o quanto ele me amava. E tudo era recíproco. Sabia que entre a fazenda e a cidade o mais perto seria a fazenda, então voltaria para lá. Segui o caminho por um bom tempo, quando chegava próximo a fazenda aquele demônio surgiu do inferno para me provocar. O susto foi tamanho que eu caí no chão, batendo o cotovelo na quina de uma pedra bem pontuda. Como era de se esperar o corte foi terrível, o sangue desceu sem tranquilidade alguma. Havia aberto um bom pedaço. Imediatamente o choro veio, junto com aquela dor lascinante. Tentei me levantar mas para completar o meu tornozelo não deixou, havia pisado de mau jeito no chão.
Vi que Cristina se machucou, droga até nisso ela tem que atrapalhar? Com certeza vai correndo reclamar com a mamãe e eu serei o vilão, saí do carro, segurei seu braço e a arrastei até carro. Fiz ela entrar à força, não falei palavra alguma, não queria ouviu suas queixas. A levei até o hospital, entrei com ela para ser atendida e assim que o médico a levou, avistei uma das minhas cabritinhas, pedi que ficasse de olho na peste e me avisasse quando ela já tivesse alta.
Passei horas lá dentro sozinha, engolindo o choro que insistia em sair. A dor de tudo aquilo não era maior do que o desprezo que ele desenvolveu por mim. Quando o médico terminou todos os exames e procedimentos necessários recebi alta. Para a minha surpresa ele estava lá, me esperando. Entrei no carro com a sua ajuda e fomos para casa, não disse uma palavra se quer e se ele falou eu lhe ignorei completamente. Quando cheguei fui direto para o meu quarto, com a ajuda de uma das meninas que cuidava da casa. Ali me tranquei e permaneci durante os dias que precisei de repouso. Graças a Deus tinha um anjo da guarda que sempre estava ali, cuidando de mim e me consentindo. Ela inventou uma boa desculpa a minha mãe, não queria que ela me visse daquela forma e piorasse o seu estado.
Com o passar dos dias fui melhorando, só continuava com o cotovelo enfaixado, o corte foi grande e para piorar havia infeccionado, não pude tirar os pontos. Minha mãe estava bem melhor e como sempre, estava enfeitiçada por aquela gestação, provavelmente sofreu uma grande lavagem cerebral. Ela quase não me procurava e se eu não lhe procurasse nada acontecia. Isso só me afastava cada vez mais dela, da única família que eu tinha. O desprezo estava cada vez maior e dolorido. Naquela manhã discutia com aquele demônio, necessitava ir ao hospital tirar os pontos e como ele estava de saída precisava que me levasse.
Cristina: Isso tudo é sua culpa, se não tivesse feito o que fez, nada disso teria acontecido - gritei com raiva.
Severiano: Cristina, minha querida filha, se você quer que o papai faça algo para você, só precisa pedir com jeitinho, ainda não aprendeu? – falei calmante, eu achando que essa garota era esperta – repita comigo, meu amado papai, poderia fazer a gentileza de me levar ao hospital, juro que ficarei em silêncio em todo o caminho.
Cristina: Meu querido... amado e santo papai, poderia fazer a gentileza de ir ao inferno abraçar o seu querido amiguinho? Aproveita e fica lá, o lugar é bem aconchegante.
Consuêlo: Que modos são esses Cristina? - questionei seriamente entrando ali ao escutar o que ela falou.
Cristina: Só estou devolvendo a ele o que ele me deu - a olhei - o quê? Acha que ele é santo?
Severiano: Ursinha, não ligue para o que a Cristina disse, ela está com dor, sabe como ficamos quando estamos assim – não é isso minha filha? – tudo para Consuêlo achar que estou sendo um bom pai.
Consuêlo: Isso não é desculpa - voltei a olhar para ela - não vou permitir que volte a falar com o seu pai dessa forma Cristina, não vou.
Mordi o meu lábio inferior sentindo os meus olhos marejarem e por mais que desejasse derramar aquelas lágrimas, não o fiz. Engoli o choro e lhe olhei.
Cristina: Como desejar Sra Álvarez... com licença - os olhei e fui para a cozinha.
Severiano: Cristina, filha, volta para nós irmos ao hospital – tive que segurar o riso – minha ursinha, não deveria falar assim com a menina – a beijei – essa rebeldia já passa, você vai ver, a noite ela já vem pedir desculpas.
Consuêlo: Ela não pode seguir assim e por mais que você encontre desculpas, não podemos ignorar essa rebeldia... essa hostilidade - suspirei triste - temos tudo para ter a nossa família como eu sempre sonhei... em perfeita harmonia.
Severiano: Eu sei ursinha, e já temos a nossa família – a abracei – talvez Cristina precise preencher mais o seu dia, não sei, ajudar mais na cozinha, aprender algo novo, como costura, o que acha? Seria melhor do que ficar andando pela fazenda, sem fazer nada.
Consuêlo: Talvez tenha razão, está na hora de mudar um pouco as coisas com ela - deitei minha cabeça em seu peito - vou resolver isso, não se preocupe... fica um pouco comigo... estou com saudades... nós estamos - segurei sua mão levando até o meu ventre.
Estava ali parada no corredor que dava acesso a cozinha, ia pra lá mas desisti. Queria saber o que eles iriam falar e confesso que essa foi a pior escolha que eu fiz em toda a minha vida. Saí dali chorando com as palavras daquela mulher, que já não tinha mais nem a sombra de ser a minha mãe. Esbarrei sem querer na minha nana, lhe abracei apertado e logo senti ela me tirar dali. Ela também tinha escutado toda aquela atrocidade e teve pena de mim. Ela me ajudou a entrar no carro e logo o Zé nos levou para a cidade. Fui o caminho todo chorando, mas quando cheguei engoli tudo aquilo e saí daquele carro uma outra pessoa. Aquela Cristina chorona havia morrido, dando lugar a uma que todos desconheciam. Entramos no hospital, fiz os procedimentos que necessitava, tomei uma medicação para dor e saí com ela. Havia lhe pedido para irmos a igreja, queria conversar com o padre. Fui ao confessionário e como não tinha ninguém entrei.
Cristina: Padre... tudo que eu disser será em confissão... não sairá nada daqui, estou certa? - questionei fazendo o sinal da cruz.
Padre: Sim, minha filha, seu segredo de confissão está guardado comigo e Deus.
Cristina: Eu pequei padre... mas isso não é nada perto do pecado que irei cometer - falei brincando com a barra da minha saia - eu tenho um desejo profano... um desejo que me consome dia e noite... que me tira a paz... e todos os dias eu sonho com isso... todas as vezes que fecho os meus olhos eu cometo um crime... e é muito revigorante - sorri - assassinar o meu pai... cada vez é de uma forma diferente e a medida que os dias passam, só vou me aperfeiçoando nisso.
Padre: Minha filha, isso é pecado, temos que respeitar e amar os nossos pais, é normal que haja algumas diferenças, mas odiar é muito ruim, ainda em uma jovem tão boa como você.
Cristina: Pecado é ser filha do diabo padre...- cruzei as pernas - eu sou padre... a filha dele... e a partir de hoje estou cedendo as suas vontades... o Sr será a única pessoa nessa terra que saberá de cada feito dele.
Padre: Não diga isso – falei horrorizado – Cristina você precisa achar algo que aproxime vocês dois, se quiser eu posso conversar com ele, não gosto de ver você assim.
Cristina: Eu preciso cumprir o meu destino padre... nós não nascemos para existir no mesmo mundo... a era dele está chegando ao fim, em breve uma nova começará... o Sr não irá fazer nada... tudo que lhe falei foi em confissão, está proibido de falar qualquer coisa - o olhei pelos quadradinhos da parede que nos separavam - em breve nos veremos novamente... sua benção padre.
Continua...
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Será um Furacão? - Cristina y Frederico (Concluído)
Misteri / ThrillerAntes mesmo de nossos corpos se tocarem, nossos corações começaram. Jamais pensei em amar alguém assim. Ele é a minha alma gêmea. Já não sou mais eu. No início tive medo de me entregar, confiar e reviver tudo que deixei no passado. Mas ele entrou em...