Duas famílias e uma briga antiga. Em meio ao caos da melancolia e dos segredos, duas pessoas que sentem uma chama acendendo pouco a pouco. Mas nem todos os desejos da vida podem ser realizados.
O que eles fariam se esse amor fosse impossível de vive...
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- VOCÊ ESTÁ CONSEGUINDO DORMIR, FILHA? - Meu pai pergunta com um semblante preocupado enquanto eu termino de pentear meus fios loiros.
- Estou sim, papá. Não se preocupe. - Minto mordendo a parte interna das minhas bochechas. Meu corretivo da NARS vem fazendo o trabalho de esconder minhas olheiras.
Hoje faz 5 dias que voltamos para casa. Incialmente eu pensei que, com uma consulta da minha psicóloga e ficando perto da minha família eu iria conseguir esquecer e superar rápido, mas isso não passou de pensamentos, pois na realidade está sendo um pesadelo.
Não consigo deitar minha cabeça no travesseiro sem me afundar nas lembranças traumáticas que tive naquele lugar.
O medo de ver Filipe sofrendo aquilo de novo. A dor que ele sentiu e deve estar sentindo ainda. Tudo isso reprisa na minha mente.
Daqui de casa, somente Vin sabe do que estou passando, mas não porque eu contei e sim porque ele viu.
Estava tendo um pesadelo e acordei com ele deitado em cima de mim me abraçando, tentando acalmar meu corpo trêmulo e me tirar daquela agonia.
Desde então, ele vem no meio da noite deitar comigo e me chama assim que eu começo a chorar ou a gritar.
Minha família está um caos. Minha mãe se recusa a ir ao hospital visitar Ret e insiste que isso tudo é culpa dele. Eu até poderia acreditar que foi ele quem matou aquele homem, mas depois de conhecer uma pequena parte que Lipe me mostrou naqueles dias, penso que seria impossível partir de um lado consciente dele tirar a vida de alguém.
O Filipe sorridente, que tentou me tranquilizar e me contou algumas coisas consideradas bobas por ele, mas que para mim são detalhes que fazem Ret ser uma caixinha única e preciosa a ser explorada, me fez perceber que aquela casca de homem inabalável é apenas para esconder o quão machucado ele foi por aquela família e que ainda colhe os frutos dos danos psicológicos.
Bom, voltando a minha família, papai e meu avô estão fazendo vista grossa no hospital, fiscalizando o atendimento para não deixarem faltar nada a Lipe. Meu irmão, segue obcecado em descobrir a verdade por trás disso tudo e se recusa acreditar que Filipe matou aquele homem. Soa irônico, mas Vin tomou o posto de irmão mais velho e parece mais um lobo disposto a defender sua alcateia. E pasmem, Ret chegou no top 1 dos seus protegidos.
Caio, Gustavo e Thiago estão revezando nas visitas e prometeram não deixar Filipe sozinho um segundo se quer.
Mas ainda não tive coragem de visitá-lo. A ideia de vê-lo desacordado, todo machucado naquela maca branca me deixa tonta. Sei que na vez do acidente eu visitei e passamos um tempo juntos, mas ele não tinha a importância que tem para mim hoje, além disso, não vi seu sofrimento aos poucos como foi dessa vez.
Mel está passando a maior parte do tempo comigo e é a única que consegui dividir tudo que aconteceu naquele inferno, até porque ela é a pessoa que nunca me julga. Eu contei até sobre o beijo. Meu Deus, o beijo!
