Duas famílias e uma briga antiga. Em meio ao caos da melancolia e dos segredos, duas pessoas que sentem uma chama acendendo pouco a pouco. Mas nem todos os desejos da vida podem ser realizados.
O que eles fariam se esse amor fosse impossível de vive...
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MEU PEITO ARDIA ANGUSTIADO e as vozes gritavam na minha cabeça que eu havia decepcionado ela. Infelizmente, eu estava fadado a causar isso nas pessoas, a decepção.
Lembro-me perfeitamente bem do olhar brilhando em supresa e desapontamento quando me ouviu falar daquele jeito. Não consegui evitar de fazer merda nem mesmo com alguém que sempre demonstrou cuidado por mim.
Eu sou, definitivamente, um caso perdido.
- Já enchi a banheira com a água morna, tome banho e beba a água com o remédio para dor de cabeça que deixei na bancada do seu closet, junto com suas roupas de dormir. - Nella fala enquanto prende o cabelo e passa a mão pelo vestido meio sem graça.
Como ela consegue ser tão gentil mesmo depois de eu ter sido um cretino com ela?
Balanço a cabeça e murmuro um agradecimento. Estava com receio de olhar para os seus olhos e encontrar novamente sentimentos de aversão à felicidade.
- Está bem para ficar sozinho ou precisa mais de alguma coisa? - Antonella pergunta e eu faço um sinal positivo. - Preciso que me responda com palavras, Filipe.
- Estou bem, pode ir deitar. - Falo levando meu olhar para seus sapatos pretos e brilhantes.
- Então estou indo. Boa noite. - Ela fala brevemente enquanto caminha até a porta e some pelo corredor.
- Eu não te mereço, princesa. Não mereço! - Murmuro trancando a porta e me arrastando até o banheiro.
Observo meu corpo no grande espelho e vejo marcas horríveis do que acredito terem sido feitas em um sexo. Agora estou mais sóbrio, mas usei tanta droga quando cheguei ao Deluxe que não conseguiria dizer muito bem o que aconteceu lá.
Rapidamente tenho um déjà-vu de uma época não muito antiga, que minha rotina se baseava em viver chapado naquele bar tentando esquecer o inferno em que vivia.
Mas se não vivo mais lá, por que insisto em me manter neste escuro? Por que eu não consigo ser forte e ir até o fim em busca da luz?
Já sentindo meu corpo doer e minha cabeça explodindo, minha mão coça para acender um baseado, mesmo sabendo que fumei hoje todo o estoque que tinha comigo.
Tentando fazer com que isso pare vou até o closet em busca do remédio que Nella deixou, mas sou atingido pelo cheiro do seu perfume infestado pelo ar.
Fecho meus olhos imaginando todas as vezes que tive ela tão perto que pude sentir seu cheiro diretamente do seu corpo.
Saio do transe quando minha cabeça dá outra pontada e pego o remédio tomando todo de uma vez. Observo um papel ao lado do copo com água e pego forçando meu olhar para ler o que está escrito ali.
