Duas famílias e uma briga antiga. Em meio ao caos da melancolia e dos segredos, duas pessoas que sentem uma chama acendendo pouco a pouco. Mas nem todos os desejos da vida podem ser realizados.
O que eles fariam se esse amor fosse impossível de vive...
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— CHEGA! EU NÃO VOU ASSISTIR você se matar por causa daquele desgraçado!
Dou um pulo após ouvir um estrondo na porta e vozes invadirem o ambiente.
Demoro cerca de um minuto para entender o que está acontecendo e então vejo os olhares ansiosos de Gustavo, Caio e Tico me olhando. Também percebo que estou no meu quarto, na mansão Garcia.
— Gustavo, caralho! Você prometeu que não ia fazer merda. — Caio revira os olhos e coça a nuca.
— Foi mal, mas o desespero de Gus foi foda! — Tico gargalha e eu junto as sobrancelhas tentando digerir o que está acontecendo aqui.
— Não vai dizer nada, hm? — Gustavo aponta para mim. — Acha que pode sair por aí fazendo qualquer insanidade que vem à sua cabeça? Olha, eu sei que sua vida está uma montanha-russa e só acontece porra negativa, mas você tem que reagir, caralho!
Permaneço em silêncio e involuntariamente sinto meu coração apertar. Sou tão egoísta que na maioria das vezes eu não penso no tanto que minhas atitudes podem afetar negativamente as pessoas que — sem merecimento algum — gostam de mim.
— Ret, o que ele está querendo dizer é que nós estamos aqui com você e não precisa passar por tudo isso sozinho. — Caio tenta reformular as palavras de Gus.
— Na verdade, vamos respirar um pouco. Você está bem? Se lembra de ontem? — Tico senta na ponta da cama e ajeita o boné preto que está usando.
— Não. O que aconteceu? — Minha voz arranha minha garganta e sinto minha boca seca. Meu corpo dói e minha mente está em um completo borrão.
Após ouvir a resposta, Tico conta tudo que aconteceu e não deixo de ficar surpreso ao saber que Pietra me ajudou.
— Ele está aqui? — Os três ficam em silêncio e eu completo minha pergunta. — Vincenzo está em casa?
— Não, saiu depois que, com todo respeito, eu dei um soco nele. — Gustavo responde irritado.
— Ficou maluco, porra? — Pergunto chocado.
— Desculpa, Tirré! Eu não aguentei segurar depois de descobrir as merdas que ele te disse, ok? Você foi filha da puta? Foi! Mas ele não tinha esse direito. — Escondo o sorriso que ameaça aparecer em meus lábios. Eu amo esse arrombado!
Gustavo é uma das pessoas mais leais que eu conheço. Do tipo que pode me espancar quando estamos sozinhos, mas jamais vai ficar contra mim perante os outros.
Podemos dizer que ele passa o pano para mim e depois me enforca com o mesmo pano.
— Não vamos ser hipócritas. Enzo não mentiu em nada do que ele disse, e eu sou o intruso aqui. — Sinto meus ombros tensos e as palavras de Vincenzo voltam como um disco arranhado em minha memória.
