FILIPE RET
Rio de Janeiro
Alguns meses depois...OLHO PARA A LÁPIDE COM os olhos marejados. Deposito o buquê de lírios brancos próximo ao seu nome cravado em dourado.
Lidar com o luto é uma experiência sufocante. Passam dias, meses, anos e a sensação de angústia permanece ali, presa em seu coração como a porra de uma tatuagem.
Eu tinha o carinho de Violeta, tinha o amor, o som doce da sua voz, a sabedoria dos seus conselhos e as suas broncas também. Confesso que eu odiava ter conversas sérias com ela, não gostava quando me fazia prometer não cometer mais nenhuma burrada, mas agora eu gostaria de ter ouvido mais delas.
Me diz como eu posso me acostumar a viver sem ser o Fefo da Violeta? É pedir demais!
— Tem certeza que não quer ficar sozinho, meu amor? — A voz de Nella sai mais baixa que o normal, demonstrando o cuidado e a sensibilidade dela em relação à cena que presencia no momento. — Você pode contar a novidade para ela sozinho.
Inevitavelmente minha visão fica turva pelas lágrimas e a sensação de saber que minha mãe não entrará comigo na nossa cerimônia me corrói.
— Vamos contar juntos, princesa. — Entrelaço nossos dedos. — Oi, mãe! Faz um tempo desde a última vez que vim te visitar, mas eu não passei um dia sequer sem pensar em você. Sabia que eu vou casar? É dona Violeta, seu filho problemático não resistiu aos encantos da loirinha e aqui estou eu perdidamente apaixonado. Não hesitei quando a ideia de fazer o pedido veio em minha mente. Lembra quando eu vim aqui escrever a música para ela? Você me inspirou, mesmo aí do outro lado, onde eu não posso te ouvir, ver ou tocar. Você me inspira até hoje e sempre vai me inspirar, mãe.
Mais lágrimas corriam pelas minhas bochechas e o corpo trêmulo de Antonella entrega que ela também não está diferente.
— Você sempre acreditou em mim e nos meus sonhos. Inclusive ficaria feliz em ver que consegui montar minha gravadora, a Nadamal. Sacrificou sua vida inteira para garantir que eu estivesse bem. Se eu pudesse pedir pelo menos uma coisa neste mundo, seria para ter você no dia do meu casamento, para você arrumar minha gravata e chorar nos meus braços dizendo que seu Fefo cresceu. — Nella me abraça de lado e beija meu ombro. — Me perdoa por não ter sido nem metade do filho que você merecia, mãe.
— Não peça perdão, Lipe. Sua mãe, mesmo diante de tudo, criou um homem forte e incrível. E fique sabendo, Violeta... — A minha princesa toca na lápide e soluça chorosa. — Que eu cuidarei dele muito bem. Serei a esposa mais dedicada e amorosa. Vou afagar seu coração e tentar colocar juízo nessa cabeça descolorida.
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ALMA REVEL - FR
FanfictionDuas famílias e uma briga antiga. Em meio ao caos da melancolia e dos segredos, duas pessoas que sentem uma chama acendendo pouco a pouco. Mas nem todos os desejos da vida podem ser realizados. O que eles fariam se esse amor fosse impossível de vive...