chapter sixty-six

1.6K 158 10
                                    

O LUTO POR UMA PESSOA QUE VOCÊ ama consegue ser pior do que ter seu corpo queimado vivo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.







O LUTO POR UMA PESSOA QUE VOCÊ ama consegue ser pior do que ter seu corpo queimado vivo. Me questionem como eu saberia afirmar isto já que nunca senti a dor de um corpo queimado, mas eu respondo com precisão que já senti a dor da perda e nada pode se comparar com o coração dilacerado em enterrar uma mãe.

Minha mãe foi a maior luz da minha vida. Todos os momentos felizes que vivi na minha infância e adolescência, foram motivados pela Violeta. Ela conseguia trazer luz para toda a escuridão que me rodeava. Marcos nunca conseguiu tirar a sensação de paz que ela me trazia quando me colocava em seus braços.

Todavia, como sempre acontecia, a luz foi tirada de mim. Eu gostaria de me encontrar com esse tal criador e perguntar se ele acha que tenho capacidade de aguentar tanta pancada. A dor molda as pessoas, e tudo que antes parecia prazeroso, se torna sem graça. Os seus dias parecem presos em um eterno ciclo apático.

Eu me sentia feliz, como desde a infância não lembrava mais, porém, tudo voltou novamente. O vazio dentro de mim fazia lembrar que "Ret" era apenas uma capa que escondia um cara oco.

Já não sentia vontade de ver ninguém. Nem mesmo a loira que estava sendo responsável por me fazer pirar em seus lábios e unhas vermelhas, agora não tinha mais sentido ir para os seus braços.

Sexo, drogas, bebidas e pensamentos suicida. Somente isto passara por minha mente bagunçada e dolorida.

- Com licença, posso entrar? - Três batidas na porta e o rosto de Vincenzo logo aparece. Ele, dentre todos os Garcias, era o que mais fazia questão de vir aqui me importunar.

- Já está praticamente dentro, Enzo. - Murmuro sem fazer questão de esconder meu descontentamento.

- Quer ir almoçar comigo? Todos estão ocupados e eu odeio fazer a melhor refeição do dia sozinho. - Ele se senta em cima dos meus lençóis negros e deixa um sorriso tímido escapar.

- Estou sem fome. - Passo minhas mãos pelo meu cabelo e volto a mexer no cordão da minha calça moletom.

- Há quantos dias não come direito, mano? - Vincenzo questiona olhando para as garrafas vazias sobre a mesa que fica do lado da minha cama.

- Mais do que eu possa contar nos dedos. - Dou de ombros.

- Nunca ouviu o ditado que saco vazio não para em pé? - Ele me lança um olhar severo, mas não com julgamento, e sim como um pai preocupado com o filho.

- Olha, Enzo, sei que você vem aqui na esperança de me animar, mas não estou nem um pouco interessado. Foi mal! - Levanto da cama indo até a sacada fumar o cigarro que está dentro do meu bolso.

Me sentia como um viciado precisando a todo momento me afastar da abstinência.

- Olha, Filipe, eu sei que você está destruído por dentro, porém me recuso aceitar te ver caminhar para o fundo do poço cada vez mais. - Enzo para ao meu lado e olha para o cigarro em minha mão.

ALMA REVEL - FROnde histórias criam vida. Descubra agora