Duas famílias e uma briga antiga. Em meio ao caos da melancolia e dos segredos, duas pessoas que sentem uma chama acendendo pouco a pouco. Mas nem todos os desejos da vida podem ser realizados.
O que eles fariam se esse amor fosse impossível de vive...
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STEFF LIMA Rio de Janeiro
TERCEIRA VEZ CONSECUTIVA que olho o conteúdo da caixa nas minhas mãos.
Após uma semana evitando olhar nos olhos de Vincenzo e tentando digerir que vamos ter um filho, criei coragem para dar a notícia a ele.
Mal nos vimos estes últimos dias, e agradeci aos céus por seu trabalho ter ocupado sua mente durante esse tempo.
Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Tonton avisando que Enzo saiu agora do jantar que eles estavam tendo em família — que fui convidada, inclusive.
Eu amo os Garcia. Durante muito tempo da minha vida tive que lidar com o preconceito de ser uma mulher cria de onde eu vim, e confesso que ainda não me acostumei cem por cento em fazer parte de um ciclo social que envolve gente da burguesia.
Já me cobrei muito. Me culpei por não me sentir à vontade e parecer que estou deslocada.
Porém, graças ao meu esforço no trabalho, eu consigo ter uma condição de vida muito mais superior a condição que tinha antes. Os Garcia me acolheu sem olhar para nada disso.
Me levanto e paro em frente ao espelho enorme que tenho na sala do meu apartamento.
Abro a camisa de linho que roubei de Vincenzo e observo a minha barriga, que ainda permanece do mesmo jeito.
O bebê ainda está nas primeiras semanas. Sendo assim, não dá para notar diferença nenhuma no meu corpo.
Deposito minha mão nela e sinto um arrepio gostoso subir pela minha coluna.
Tem um neném aqui!
Permaneço alheia ao tempo sentindo uma conexão inexplicável e só acordo dos meus devaneios quando ouço minha campainha tocar.
Ele chegou!
Um, dois, três... respira, Teté! É o Enzo.
Digito a senha e a porta abre, revelando um Vincenzo com cara de cansado — não deixando de ser gostoso — Com uma camisa preta e uma bermuda da mesma cor. Nos pés, um tênis da Lacoste branco com detalhes azuis, que lembra a cor dos olhos dele.
— Oi, amor! — Ele me abraça e beija meus lábios. — Gostei da camisa!
Sorrio boba e todo meu nervosismo se esvai. É tão maravilha a sensação de estar junto do quem amamos...
