Duas famílias e uma briga antiga. Em meio ao caos da melancolia e dos segredos, duas pessoas que sentem uma chama acendendo pouco a pouco. Mas nem todos os desejos da vida podem ser realizados.
O que eles fariam se esse amor fosse impossível de vive...
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MAIS UM DIA DE MUIRAS REUNIÕES e coisas no trabalho. Não estou reclamando, até porque é isso que amo fazer, mas na maioria das vezes é cansativo e exige muito da gente.
Desfaço o nó da gravata e tiro meu terno entrando no banheiro para relaxar na água quente da minha ducha.
Os últimos meses foram um mix de emoções que nem consegui digerir direito. Tivemos um grande avanço na empresa, os lucros do restaurante bombaram, descobri que Filipe é meu filho, passei perto de perdê-lo e Tonton ainda esteve no meio de toda confusão.
O pior de tudo veio quando descobri as barbaridades que meu filho sofria na mão daquele desgraçado do Marcos. As pessoas têm mania de achar que violência se resume apenas no ato da agressão física, mas a violência psicológica também se encaixa nisso.
Fico me perguntando como seria se eu soubesse dele desde o início da gravidez de Violeta. Com toda certeza o criaria assim como fiz com Enzo e Tonton, com todo o amor existente em mim. Infelizmente, fui fraco e deixei o orgulho falar mais alto, abrindo mão do que sentia por Violeta e a deixando ir embora.
Morrerei levando a culpa de que poderia ter feito tudo diferente, poderia ter sido um pai presente na vida de Filipe desde o início, mas agora não tem muito o que fazer sobre o passado. E então, é por isso que quero ser para ele aquilo que ele nunca teve e prometo correr atrás de todo tempo perdido.
Finalizo meu banho e vou até o closet me vestir, pois ainda preciso encontrar um sócio da empresa no restaurante da nossa família.
Enquanto ajeito meu cabelo em frente ao espelho, vejo uma notificação que faz meu sangue ferver imediatamente.
Acontece que desde que descobri que Marcos tentou culpar meu filho da porra de um assassinato, eu anseio me vingar. Nunca fui um homem de me importar com xingamentos nem ofensas, não quando eles são direcionados para mim, mas a coisa muda quando mexem com a minha família.
Não se trata de uma simples mentira, é algo além. Marcos colocou a culpa de uma morte nas costas do meu garoto, porra! Eu não posso fingir que isso não aconteceu.
Respondo a mensagem de Levi, um amigo cheio de contatos que pedi uma ajudinha. Soube que Marcos anda morando em um apartamento não muito longe daqui e eu vou lá buscá-lo para darmos uma voltinha.
- Para onde vai essa hora, Gael? - Ouço a voz de Pietra.
- Tenho um compromisso. - Respondo brevemente. Digamos que não estamos no nosso melhor momento de casados.
- Cazzo! Nem me conta mais nada. O que você anda fazendo? Vai se encontrar com aquela stronza da Violeta? - Já começa a se exaltar e eu respiro fundo.
