CAPÍTULO 20

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Maratona 07/10

- Então? - mamãe pergunta depois de sairmos da clínica.

Hoje eu vim fazer a bateria de exames que mamãe tanto queria, e apesar de estar bastante desconfortável e de não querer fazer eu vim por que ela estava muito preocupada, sei que não vai aparecer nada nos exames então nem me preocupo, nós paramos em uma lanchonete e comemos hambúrguer e eu já sinto meu estômago revirar.

- Mãe - falo envergonhada e ela revira os olhos.

- Oque? - levanta as sobrancelhas e mordo a ponta da minha língua - Eu quero saber como foi sua primeira vez com eles, já passou um dia inteiro e você não me contou.

- Eu não quero falar sobre isso - minhas bochechas queimam e ela ri - Foi bom e é tudo oque vou falar.

- Aí credo, sua sem graça - ela me dá um empurransinho e dou risada - Você está feliz?

- Sim.

- Proteção? - me olha séria enquanto entramos no carro.

- Esquecemos - ela arregala os olhos e levanto um dedo sem deixar ela falar - Mas, eu tomo anticoncepcional desde que menstruei pela primeira vez e tomei a pílula do dia seguinte, sem contar que acabamos de passar no ginecologista.

- Certo - ela suspira e segura minha mão  - Se proteja querida, não vai querer ter um filho tão jovem.

- Eu sei mamãe, eu me protejo - sorrio e beijo sua bochecha - Eu te amo.

- Também te amo.

Eu logo o rádio e vamos o caminho da clinica até em casa em silêncio, olho pela janela suspirando, sinto meu peito apertar e um bolo na garganta e então os quantos dos meus olhos se enchem de lágrimas, respirando fundo eu fecho meus olhos e engulo a vontade de chorar.

Hoje eu não acordei bem, só que tem dias em que todas as minhas preocupações e sentimentos ruins me sobrecarregam e tudo que eu quero é me enrolar na minha cama de baixo dos meus lençóis e chorar.

Sozinha.

Sozinha com meus pensamentos ruins, com o medo, com a impotência, a comparação, a tristeza, e a raiva. Mas eu não posso pois sei que me entregar aos sentimentos ruins pode me levar a algo pior então eu me levanto e eu saio e eu converso com meus amigos. Eu perdi meu pai e mesmo que tente todos os dias ser boa para ele sei que ele não vai voltar, e eu não quero decepcionar mamãe então eu ignoro o aperto no meu peito e sorrio para minha mãe.

Quando chegamos em casa já está de noite e mamãe diz que vai pedir pizza enquanto e vou tomar banho, suspiro quando entro debaixo do chuveiro e fecho meus olhos.

Não vale apena.

Eu tento falar para mim mesma, não vale, mas porque não consigo parar? Porque continuo a me comparar? Porque ele não me ama?

Tem pais que acham que somente os filhos lhes devem respeito, que somente eles têm que ouvir e aceitar sem questionar. Mas porque eles não escutam seus filho? Porque eles fingem que não veem que tem algo errado? Porque eles não tentam conversar e entender? É tão difícil assim aceitar que fez algo errado? Aceitar não é frescura e nem uma tentativa idiota de chamar atenção?

Nós não pedimos para nascer, eles nos colocaram no mundo nada mais justo eles pararem de ser egoístas e ouvirem, cederem. Não temos culpa de não sermos perfeitos, de errarmos e não alcançar as expectativas deles. Éramos crianças e de repente adolescentes e tão logo adultos e eles não podem parar para entender que é confuso, que assusta e estamos só perdidos?

Saio do banheiro e me visto com um casaco de Ken e um short de pano, desço com meus cabelos amontoados em um coque no alto da minha cabeça e não é surpresa nenhuma encontrar meus três garotos sentados no sofá enquanto conversam com minha mãe e pela maneira em que Theo está tenso, Ken mechendo as pernas visivelmente desconfortável e Sam está tão vermelho que parece que vai explodir eu sei que mamãe está fazendo aquelas perguntas vergonhosas para eles.

- E então vocês percebem? Eu sou nova demais para ser avó e minha filha precisa terminar a faculdade assim como vocês tem que ter trabalhos bons para dar uma ótima vida a ela - ela aponta um dedo para eles que engolem e cruzo meus braços assistindo - Então quando forem foder façam o favor de não esquecer a camisinha porque o anticoncepcional pode falhar.

- Sim senhora - eles engasgar e dou risada apesar de sentir meu rosto queimar.

- Mãe - entro na sala e os quatro se viram para mim - Você prometeu.

- Oque? - ela cruza os braços fazendo uma careta - Só estou cuidando da minha bebê.

- Mamãe - passo as mãos por meu rosto envergonhada e ela ri.

- Tá - ela se levanta e só agora percebo o quão arrumada ela está - E então como a mamãe está? - ela dá uma voltinha e sorrio.

- Bonita - o vestido vermelho que ela usa se encaixa perfeitamente em suas curvas e dão muita valorização para seus seios e a pequena fenda na perna direita parece perfeita - Vai a onde?

- A mamãe tem um encontro - ela abre um enorme sorriso e isso me faz sorrir também.

- Isso explica o corte de cabelo novo - Theo fala.

- E a mudança no perfume - Ken diz com um sorrisinho.

- E ela fez algum tratamento na pele - Sam diz e sorrio, eles são bastantes observadores.

- Vocês estão me vigiando ou oque? - ela levanta uma sobrancelha e dou risada.

- Eu vou conhecer? - ela me olha com um sorrisinho.

- Ainda não é a hora - ela vem até mim e me abraça - Mas se der tudo certo não vai demorar muito.

- Eu te desejo sorte.

- obrigada - ela beija minha testa - Eu te amo - o celular dela apita e ela olha para ele e logo me abraça  outra vez - Tenho que ir, a pizza está na cozinha - ela se vira para ir mas para olhando para os meninos - usem camisinhas e tentem não deixar mais marcas do que ela já tem.

- Mãe - grito e ela ri enquanto os meninos engasgar com a própria saliva e então ela já não está mais aqui - Desculpa - peço olhando para eles que riem.

- Tudo bem - Sam vem até mim e me puxa para sentar no seu colo, ele me beija e eu mergulho minhas mãos em seus cabelos.

- Eu vou pegar a pizza - Theo fala mas não consigo dar atenção porque assim que me afasto de Sam o seu irmão me puxa para um beijo delicioso.

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora