CAPÍTULO 23

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Maratona 10/10

- Você pode ligar se precisar conversar - Ken fala me apertando em um abraço quentinho.

- Tudo bem - sorrio de leve e ele me beijo.

- Você sabe que não precisa ir certo? - Theo me puxa para um abraço afundando o rosto em meu pescoço o que me faz arrepiar.

- Mas eu quero - aperto meus braços em sua cintura e morde meu pescoço para logo depois beijar.

- Ok - ele se afasta e me beija - Eu te amo - ele diz e sinto meu coração acelerar de uma forma tão intensa que parece que vai pular de meu peito.

- Eu te amo - sussurro de volta e ele segura meu rosto e me dá um selinho, me afasto e olho para Sam e ele abre os braços me fazendo sorrir.

- Boa sorte - fala baixinho no meu ouvido e outra vez me arrepio, me afasto para beijar sua boca e ele sorri.

- Tchau - falo acenando e me viro para sair, abro a porta e encontro Yan me esperando e mechendo em seu celular.

- Pronta? - ele pergunta e concordo.

- Vamos - cruzo meu braço com o dele andando para o carro parado do outro lado da rua.

- Sua mãe não está? - papai pergunta quando me acomodo no banco de trás ao lado de Yan.

- Não - me inclino e beijo sua bochecha - Tudo bem?

- Sim e você? - pergunta ligando o carro.

- Bem também - sorri sem jeito e ele começa a dirigir - Eu... - ia falar que senti saudade mas o telefone dele toca e  ele atende colocando.

- Oi papai - escuto a voz de Roberta e murcho no meu banco sentindo meu peito doer quando papai sorri.

- Oi querida, como foi o passeio com suas amigas - eles começam a conversar enquanto papai dirige e ele parece tão animado que sinto vontade de chorar.

Sinto um aperto em minha mão e olho para Yan que sorri levando minha mão até os lábios e beijando com um leve sorriso, viro meu rosto para a janela e ignoro tudo ao meu redor sentindo Yan apertar minha mão.

Tudo bem.

Antes de irmos para casa do meu pai paramos para pegar Roberta na casa de uma amiga dela e suspiro vendo ela sentar no bando do carona e se inclinando para beijar sua bochecha e papai sorri para ela, o cheiro do perfume dela toma o carro e suas tranças ruivas balançam conforme ela se meche e os grandes olhos verdes parecem brilhar, Roberta se vira para trás e sorri para mim.

- Oi Jude, como vai? - ela sorri para mim e una covinha aparece na sua bochecha esquerda, seus olhos caindo rapidamente para meus dedos entrelaçados com os de Yan.

- Bem obrigada.

- Oi Yan - ela abre um sorriso enorme e um pequeno rubor toma suas bochechas.

- Oi - ele diz sem nem olhar para ela e posso ver ela murchar no banco.

Suspiro quando ela começa a falar com papai sobre seu passeio e volto a olhar para a janela, quando chegamos eu me despeço de Yan e digo que vou ir ver sua mãe mais tarde, entramos e comprimento Angélica e subo para meu quarto com um bufo eu vou tomar banho e demoro tanto debaixo do chuveiro que meus dedos enrugam, eu gosto de banho pois me faz relaxar.

- Oi querida - Angélica bate na porta e entra quando já estou completamente vestida.

- Oi - sorrio envergonhada e me sento na minha cama e acho que é toma isso como um convite e se senta do meu lado.

Oque ela quer?

- Você tem uma banda certo? - pergunta e vinco minhas sobrancelhas.

- Tenho, como sabe?

- Ah, Roberta me mostrou um vídeo de você tocando com sua banda em uma festa.

- Hm - olho para todos os cantos do meu quarto completamente desconfortável.

- Vamos fazer a festa de dezoito anos da Roberta e queria saber se você não poderia tocar - fala animada e a olho desconfiada.

Tocar na festa da garota perfeita?

Na festa que papai vai dar para ela?

- Ah eu... - começo querendo negar mas ela me interrompe.

- Querida - ela segura minha mão e sorrio, me sinto desconfortável - Sua irmã iria adorar isso e aposto que seu pai gostaria bastante de vê-la tocar.

- Você acha?

- Claro, você tem uma bela voz - ela coloca meu cabelo para detrás de meus ombros e sorri tocando meu rosto - Você é tão linda.

Seu toque me dá um arrepio ruim e me levanto tomando distância dela, não gostei dela me tocando e nem da forma estranha como me olhou quando fez o elogio.

- Eu preciso falar com o pessoal - falo baixinho mechendo nos meus dedos nervosamente - Mas acho que vai dar sim.

- Que bom - ela se levanta e vem me abraçar, ela me aperta e coloca seu rosto na curva do meu pescoço e o seu nariz gelado me faz arrepiar, o abraço dura tempo de mais e coloco minha mão em sua barriga para afastá-la e por um momento tenho a impressão que ela suspira contra minha pele.

- Ah, você pode me soltar?

- Oh desculpe - ela se afasta sem graça e sorri gentil - Você sabe que eu te amo certo? Quer dizer, você não é nada minha mas eu...

- Eu sei - a interrompo sem jeito e querendo acabar com essa interação estranha - Eu vou visitar tua Fernanda.

- Oh claro - ela segura minha mão e me puxa para fora do quarto andando do meu lado - Oh você está namorando? - pergunta quando vê meu anel.

- Sim - sorrio derretida e ela franze as sobrancelhas.

- Ah fico feliz, quero conhecê-lo - balanço a cabeça e solto sua mão quando chegamos na sala acenando com a mão e indo para fora.

- Que coisa estranha - balanço minha cabeça e vou para a casa da frente.

Passo o resto da tarde assistindo filmes e comendo pipoca e doces com tia Fernanda e Yan, e na hora do jantar eu vou para casa, janto junto com a família perfeita me sentindo desconfortável, minha mente trabalhando rápido demais sobre o quanto estou comendo e não consigo parar agonia que sinto  cada vez que coloco a comida em minha boca.

Agora estou no banheiro olhando para o vaso sanitário, balançando meu corpo de um lado para o outro eu mordo meu lábio apertando o tecido do meu vestido de pijama.

Não posso fazer isso.

Eu não posso.

Eu não quero.

Mas...

Não percebo o momento que me ajoelho no chão, ou quanto prendo meu cabelo em um coque e então levanto a tampa da privada, não sei o momento em que me curvo sobre o vaso e então aqui estou eu outra vez... vomitando. Meus olhos arder lágrimas se acumulam nos cantos e com minha testa colocada no meu joelho enquanto aperto minhas pernas e choro por culpa, por raiva, por ser fraca.

Por que eu sou assim?

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora