CAPÍTULO 30

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Mordi meu lábio inferior com tanta força que sinto o gosto metálico do sangue na minha língua, lambendo o local do pequeno corte eu suspiro pegando o violão me sentando no chão e encostando na parede, estou na sala de música pois não consigo ficar perto de Theo agora, não verdade eu não quero ficar perto de ninguém, então ao invés de ir para o refeitório na hora do jntervalo eu fugi.

Dedilho levemente meus dedos pelas cordas do instrumento e suspiro fechando meus olhos, começo a cantar "The Only" da Sasha Sloan enquanto sinto meu peito apertar e uma vontade quase que incontrolável de chorar, não sei como explicar mas estou me sentindo sozinha essa semana, mesmo com meus namorados por perto e minhas amigas comigo parece que não tem ninguém.

É como se ninguém realmente estivesse me vendo ou ouvindo e é tão frustrante que sinto vontade de gritar, berrar o mais alto possível para que todos possam ouvir.

- Uau - escuto palmas e levo um susto, abro meus olhos encontrando Isaac com seu típico sorrisinho sacana encostado no batente da porta - Estrelinha você tem uma voz maravilhosa, me deixou até duro.

- Cala a boca nojento - reviro meus olhos e ele entra parando na minha frente.

- Está fugindo dos seus namorados? - franzi minhas sobrancelhas e ele ri - O que? Realmente achou que ninguém saberia? Por favor, não seja tão ingênua.

- O que está fazendo aqui? - olho para o violão querendo que ele saia.

- A mesma coisa que você - ele puxa uma cadeira e se senta todo desleixado na minha frente - Fugindo - ele balança as sobrancelhas o que me faz rir mas logo para mordendo a parte de dentro da minha bochecha.

- Eu quero ficar sozinha - falo sem olhá-lo pois quero chorar mais se ele ficar aqui não vou conseguir.

- Aconteceu algo? - me olha confuso e um risco se forma entre suas sobrancelhas, ele está preocupado.

Ótimo.

- Nada.

- Tem certeza? Eu posso... - ele faz menção de vir para mais perto e me arrasto mais para trás como se a parede pudesse me esconder dele.

- Não é nada - falo mas acho que ele vê alguma coisa em meus olhos pois vejo a preocupação aumentar e ele está me olhando daquele jeito, como se eu estivesse morrendo na sua frente e ele não pudesse me salvar, com pena e preocupação.

Odeio que me olhem assim.

- Eles magoaram você - ele cerra os punhos - Eu posso socar eles para você, mas um de cada vez se não levo uma surra - dou risada e ele sorri - Oh, isso mesmo, eu gosto do seu sorriso - olho para ele e sinto meu sorriso se desmanchando enquanto meu queixo treme e minha visão fica embaçado por causa das lágrimas - Ah Deus, não chore por favor, vou lá socar a cara deles para você se sentir melhor - ele se levanta quase correndo e dou risada que logo é interrompida por um soluço.

- Eu acho que tenho bulimia - falo baixinho e se ele não tivesse parado eu acharia que não tinha me escutado.

Soluço sentindo cada vez mais lágrimas escorrendo por meu rosto e então ele se vira lentamente para mim, a expressão em seu rosto me faz repensar no que vou dizer mas minha boca é mais rápida que meu raciocínio.

- Eu comi doze pedaços de pizzas e dez potes de sorvete ontem - ele fica parado me olhando sem conseguir falar nada - Então eu vomitei tudo quando acabei, eu fui correr e passei a noite inteira fazendo exercícios - dou risada, mas ela é sem graça e preenchida por lágrimas - Tenho feito tantos exercícios que minhas pernas queimas e meu abdômen dói.

- Oque...? - ele lentamente se aproxima de mim, acho que não sabe o que dizer por só fica com cara de tonto me olhando - É brincadeira - balanço minha cabeça.

- Eu me sinto horrível - balanço minha cabeça passando minhas mãos por meu rosto e passando a manga do meu casaco em meu nariz - Eu sou insegura, não me acho boa o suficiente, me sinto feia e sinto que não me encaixo em ligar algum, eu... - soluço e ele se abaixa pegando na minha mão - Eu acho que não sou boa em nada e que incomodo as pessoas.

- Quanto tempo isso...? - ele não termina sua pergunta e sorrio.

- Anos - sorrio triste - Estou sendo dramática outra vez - limpo meu rosto tentando engolir meu choro.

- Não - diz firme e aperta minha mão - Não é drama, você só...

- Papai acha que é - interrompo sua fala lembrando das vezes que chorei por me sentir sozinha e ele simplesmente olhou para mim e disse para parar de ser dramática.

- Sua mãe sabe? Os meninos? Suas amigas? - balanço minha cabeça e ele franze as sobrancelhas.

- Não quero que mamãe ache que errou em me criar, não quero preocupar os meninos com qualquer coisa e as meninas tem a vida delas e não quero incomodar ninguém - dou de ombros.

- São seus amigos - fala indignado - Sua família, eles te amam e isso não incomodaria eles.

- Nora e Deby começaram a namorar e estao tao felizes, Theo tem um filho e uma garota quase morta morando com ele e Ken e Sam estão ocupados arrumando as coisas para a nossa apresentação na casa de Roberta.

- O que isso importa - me olha irritado - Não confia neles?

- Você não intende - puxo minha mão - Até ontem eu não achava que precisava falar isso para ninguém, é só que essa semana tem sido uma merda - soluço tampando meu rosto com minhas mãos.

- Jude - ele tenra afastar minhas mãos mas não deixo - Estrelinha, olha só...

- Você sabe o que eu quero fazer agora? - pergunto voltando a olhar para ele, minha voz está rouca e embargada, meu nariz entupido e meus olhos ardem.

- Oque?

- Comer - falo com raiva - Comer até que essa agonia que estou sentindo passe, eu quero comer porque só assim posso me sentir por alguns minutos e deixar o prazer que a comida me dar me dominar - soluço e aponto um dedo para ele - E sabe oque vou fazer quando acabar? - ele balança a cabeça me olhando daquele jeito insuportável - Eu vou vomitar tudo, porque vou estar me sentindo um lixo e a culpa vai ser tão intensa e dolorida que vou chorar por horas depois disso, eu...

Um soluço interrompe minha fala é o choro vem com força sem que eu consiga controlar, ele me puxar para perto e me abraça, eu aperto sua camisa e escondo meu rosto em seu peito enquanto ele acaricia meus cabelos e costas e então eu choro. Posso ouvir o som do sinal avisando que o intervalo acabou mas não me movo e nem Isaac que continua me apertando em um abraço que eu não tinha ideia que precisa tanto.

...

Me desculpem por ter sumido, aconteceram algumas coisas e estou cheia de problemas por isso não conseguia escrever mas pelo jeito minhas ideias estou voltando.

Oque acharam?

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora