PRÓLOGO

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Eu tinha dez anos quando papai saiu de casa, eu lembro de estar vestida com um vestido rosa idiota cheio de babados e com um laço enorme na parte de trás, lembro que ele estava com calça escura e uma blusa vermelha que mamãe odiava.

Eu chorava tanto que não me lembro de um dia que eu tenha derramado tantas lágrimas como naquele dia, lembro de gritar e implorar para que ele não fosse mas papai não olhou para trás.

Eu tropecei em uma pedra e cai no chão e foi nesse momento que eu vi os três garotos parados na frente da casa do outro lado da rua mas eu não me importei com eles assim como papai não se importou comigo e enquanto mamãe o xingava da porta de casa meu pai entrou no carro sem olhar para trás, sem olhar para mim, ele foi embora sem se importar em olhar para sua única filha caída no chão com o rosto banhado de lágrimas e o joelho ralado.

Papai foi embora e eu fiquei largada no chão enquanto mamãe banhada com sua raiva entrou dentro de casa ainda xingando o homem que foi seu marido por trinta e dois anos, eu apoiei minha testa em minha mão e continuei chorando e chamando por papai e por isso não percebi quando os três garotos se aproximaram.

Eu vi a sombra dos sapatos deles e então levantei a cabeça no mesmo momento em que o menino albino se abaixou na minha frente e limpou minhas lágrimas com um sorriso triste, outro garoto me ajudou a levantar enquanto o albino limpava meus joelhos e assoprar meu machucado.

- Você é muito bonita para chorar sabia? - o que me levantou disse.

- Não chore por seu pai - o garoto de olhos azuis disse me olhando irritado - Ele é um idiota e não te merece.

Meu queixo tremeu e eu agarrei a barra do meu vestido a torcendo em meus dedos e sentindo as lágrimas ainda descendo por meu rosto mas eu sorri o que fez os três a minha frente me devolverem o sorriso.

Esse foi o dia mas triste da minha vida.

Mas também foi o dia que eu conheci meus melhores amigos.

Samuel, Kendrick e Theodore.

Um mês depois eu descobri que papai tinha largado a mim e minha mãe para ir morar com outra mulher, mamãe jogou isso na minha cara em imã noite em que eu estava chorando e chamando por papai.

- Ele não te ama, ele não nos ama e nos deixou para ficar com sua família perfeita.

Lembro de chorar mais ainda implorando para que fosse mentira e dormir cansada e com os olhos inchados, no dia de visitar papai eu descobri que era verdade, ele tinha uma esposa linda e uma enteada tão linda quanto, a garota era ruiva e seus cabelos pareciam brilhar e ela tinha grandes olhos verdes e parecia perfeita.

Em todas as visitas a casa de papai comecei a perceber o jeito que ele a tratava e como aquilo era diferente do jeito que ele sempre me tratou, ele elogiava ela de um jeito que não fazia a anos comigo, ele a abraçava e beijava e penteia seus cabelos enquanto quase não olha a para mim.

Papai a amava.

E ela era tão perfeita.

E eu queria ser perfeita, queria que ele me amasse como a amava e então passei a imitá-la, eu me vestia e agia como ela nas sempre parecia a sombra dela até que passei a não comer direito e pular refeições até que passava um dia inteiro sem comer nada.

Eu queria ser perfeita.

Eu queria ser como Roberta.

Eu passei a comer tudo oque tinha vontade mas logo me sentia terrivelmente culpada e então corria para o banheiro para enfiar dois dedos no fundo da minha garganta e colocar tudo para fora, todos os dias de manhã cedo eu me levantava para correr e a noite antes de dormir também, eu achei remédios que cortavam minha vontade de comer e era isso.

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora