CAPÍTULO 32

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- Jude - os três falam ao mesmo tempo quando entro na sala da minha casa.

- O que estão fazendo aqui? - franzo minhas sobrancelhas estranhando, pois a essas horas os três estariam enforcados na casa de Theo com Bianca e Billy, que nesse momento está no colo de Ken - Oi bebê - sorrio quando ele solta um gritinho sorrindo para mim.

- Como assim oque estamos fazendo aqui? - Theo pergunta cruzando os braços, não preciso olhar para seu rosto para saber que está bravo pois o tom de sua voz denuncia.

- Onde estava? Porque saiu sem avisar? - Ken pergunta mas não respondo, beijo a bochecha gordinha de Billy que agarra minha camisa, o bebê sorri e me derreto com sua boquinha banguela.

- Olhe para a gente - Sam diz e suspiro mordendo meu lábio - Por que está irritada?

- Eu vou tomar banho - entrego o bebê para Theo, Billy resmunga e faz bico virando para mim - Tenho que falar com minha mãe e então nós conversamos.

- Jude - Theo me chama quando me afasto - Nós não estamos bem, não? - o seu olhar perdido me faz sentir mal.

- Não.

Não espero uma resposta e nem vejo a reação deles com minha resposta, vou para o quarto da minha mãe é a encontro sentada na varanda de seu quarto que tem vista para o jardim na parte de trás da casa.

- Estava me ignorando? - ela não se vira para mim, apenas continua olhando para fora enquanto toma café.

- Desculpa - peço e por um momento acho que ela não ouviu mas então ela suspira e se vira para mim e o jeito que ela me olha me da vondade de chorar - Eu precisava de um tempo, seu que prometi ir a psicóloga mas...

- tinha vinte pacotes de salgadinhos no armário ontem - ela me interrompe e mordo a parte interna da minha bochecha - Fui olhar e não tem mais nenhum, oque aconteceu? - ela fica me olhando e desvio o olhar me sentindo envergonhada.

- Eu comi - brinco com meus dedos sem voragem de olhar em seus olhos.

- Cinco potes de nutella?

- Também.

- Quando?

- De madrugada - volto a olhar para ela e encontro olhos vermelhos e uma preocupação que me faz sentir uma idiota - Mãe eu tenho bulimia.

Ela me encara em silêncio e não sei mais o que falar, também não consigo desviar meus olhos dos delas, e meu coração se parte quando seu queixo treme e ela esconde o rosto nas mãos soluçando.

Eu odeio ver a mamãe chorando.

- Oh Deus, como eu não percebi isso - seus soluços aumentam e eu corro para ela a abraçando - Me desculpe amor, desculpe - ela pede e meus olhos se enchem de lágrimas.

- Não é sua culpa mamãe - sussurro.

- É sim - ela soluça me abraçando apertado - Eu não fui boa o bastante quando você precisou - ela me olha com um biquinho, lágrimas molhando suas bochechas e o rosto vermelho.

- Mamãe, isso não é verdade - ela balança a cabeça que sim e uma lágrima escorre por meu rosto.

- Claro que é - ela ri amarga e balança a cabeça - Seu pai foi embora e eu fiquei um ano trancada dentro da minha cabeça, não cuidei de você e por vezes desmontei minha raiva em você, fui negligente e não notei os sinais.

- Mamãe - seguro seu rosto - Não é sua culpa.

- Mas eu...

- A senhora não tem culpa, esta tudo bem - sorrio beijando sua testa - Amanhã podemos ir ao médico e remarcar minha consulta com a psicóloga, eu prometo que vou ficar bem.

- Eu te amo - ela volta a me abraçar e beijo o topo de sua cabeça.

Ela ficou mais um tempo agarrada em mim e quando se acalmou me largou para que eu fosse tomar banho, ela me avisou que ia fazer o mesmo e ia deitar pois estava com dor de cabeça.

Fui tomar banho e passei debaixo do chuveiro tomando para sair e conversar com os meninos, quando meus dedos já estavam enrugados eu saí e vesti uma blusa de Sam com um short preto, quando sai do banheiro encontrei os três sentados na minha cama com Billy dormindo no meio dela.

- Oi - falo fechando a porta do banheiro e me encostando nela, eles me olham e posso ver a preocupação com o que vou dizer estampada em seus rostos.

- Oque nos fizemos? - Ken pergunta e mordo meu lábio suspirando.

- Você vai terminar com a gente? - Theo arregala os olhos e sinto um bolo se formar em minha garganta.

- Você vai? - Sam pergunta com o rosto ficando vermelho.

- Estou me sentindo sozinha - começo, finalmente tomando para falar, Ken abre a boca mas levanto a mão e ele logo a fecha apertando o lençol violeta da minha cama - Sinto como se vocês não me vissem mais, como se sexo fosse tudo oque posso dar a vocês e estou me sentindo tão mal com isso.

- Jude - Theo arregala os olhos se levantando - A gente ama você, não é só sexo.

- Da onde tirou isso? - Ken e Sam perguntam ao mesmo com essa conexão deles que eu sempre amei.

- Vocês me fizeram pensar assim.

- A gente não... - Ken se levanta e tenta se aproximar mas me afasto.

- Sim - o interrompi levantando uma mão, não quero que me toquem pois se fizerem isso não vou conseguir falar o que quero, o preciso - Vocês me abandonaram - e mais uma vez nesse longo dia meus olhos se enchem de lágrimas - Vocês prometeram que não fariam e fizeram.

- Jude não fale isso - Sam me olha com uma expressão chorosa - A gente não...

- Você só pensa na faculdade e vice enfurnado nada casa do Theo paparicado Bianca e Billy - meu queixo treme e respiro fundo fechando meus olhos - Ken passa mais tempo com os instrumentos do que comigo e é outro que vive bajulando Bianca e o que vou falar de você - aponto para Theo.

- Você está com ciúmes da Bianca? Você não precisa, por que você...

- Porque você não dorme mais comigo, porque você vive falando sobre ela ou com ela, me diz qual foi a última vez que a gente ficou junto? Qual foi a ultima vez que nos quatro transamos juntos? Você percebe que me deixou de lado? Vocês percebem isso? - aponto para cada um deles que ficam em silêncio.

Os três só me encaram e posso ver o momento em que eles percebem que tudo que estou falando é verdade, e então a culpa toma seus olhos e as lágrimas escapam dos meus.

- Eles me incomodam - falo e Theo me encara sério e sem reação - Não estou falando que não gosto do seu filho, estou falando que estou com ciúmes... - passo a mão por meu nariz bufando uma risada - Dos dois, eu sou imatura, quebrada e fraca - balanço minha cabeça cansada de me sentir assim.

Fraca.

Feia.

Sozinha.

Abandonada.

- Amor - Ken diz dando um passo para perto de mim.

- Eu tenho bulimia - falo e ele estanca no lugar me olhando chocado, Sam abre a boca surpreso e Theo franze as sobrancelhas apertando as mãos - E eu preciso de um tempo.

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora