CAPÍTULO 31

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Isaac me ajudou a fugir da escola. Sim, eu e ele pegamos nossas bolsas e saímos sem ninguém nos ver, o que eu acho um milagre, agora nós estamos na sua casa, em seu quarto para ser mais exata, estou sentada em sua cama olhando para seu teto e ele está deitado ao meu lado fazendo o mesmo, tem desenhos de estrelas no teto e eu sei que está ali desde quando ele era um bebê, ele não tirou porque disse que sente uma paz quando olha para elas.

- Hoje vou ser o seu terapeuta - diz e dou risada, estou me sentindo mas calma e o choro foi embora e tenho que agradecer a ele por isso - Diga-me como foi sua semana.

- Porque? - pergunto risonha.

- Porque gosto de saber da vida dos outros - dou risada e bato em seu braço.

- Fofoqueiro.

- Sou mesmo - ele virá de barriga para baixo e apoia o queixo em uma mão enquanto segura minha mão esquerda com a outra - Mas você disse que teve uma semana de merda e falará ajuda - ele dá de ombros e sorri - Juro de mindinho que não vai sair daqui - ele levanta o dedo mindinho e dou risada - Vai - ele olha para o dedo e para mim.

- Ok - cruzo meu dedinho com o dele que sorri.

- Então... - ele se senta e pega um óculos na sua escrivaninha cruzando as pernas - Me fale.

- Theo tem estado ocupado com Billy, não ache que não gosto do bebê pois ele é muito fofo e eu o adoro é só que... ele tem me deixado de lado e se aproximado demais de Bianca.

" Eu dormi com ele no primeiro dia dela na casa dele mas então acordei e ele não estava mais lá, encontrei ele no quarto dela com Billy e pós um momento aquilo ali pareceu certo para mim.

Bianca conversou comigo e disse que não tem nenhuma intenção de estragar meu relacionamento mas eu ainda cinto ciúmes, ainda me sinto incomodada e abandonada.

Todos só sabem falar dela e do quanto ela é forte e gentil, e tudo bem eu concordo com ele só que meus namorados parecem não me ver mais. É como se eu não estivesse mais ali e ultimamente só tenho me sentido bem com Billy.

Theo só apareceu para transar comigo e depois voltava para ela, me sinto como uma intrusa, eu e os meninos temos ajudado ele com Billy mas sinto como se estivesse perdendo eles, Theo não me manda mais mensagens e Ken e Sam estão tão focados em ajudar o primo que nem me olham direito.

Billy tem sido o centro das atenções, e eu me sinto um lixo por estar incomodada com a presença dele e de sua mãe, parece que minha vida virou de cabeça para baixo e nenhum deles notou nada. Nós só conversamos de verdade quando estamos ensaiando e se você quiser saber só transamos separados.

Estava me sentindo sozinha e com toda minha insegurança eu comecei a pensar em terminar com eles mas eu não quero isso, eu amo eles. Acontecia de eu comer em grandes quantidades apenas uma ou duas vezes no mês mas eu fiz isso três vezes só nessa semana e eles nem me notaram chorando escondida no banheiro, as vezes eu só queria desaparecer. "

Isaac me olha em silêncio e suspiro fazendo um coque em meu cabelo, mordo a parte interna da minha bochecha e fico em silêncio sem saber oque falar e quando ele não diz nada eu me encolho e abraço minhas pernas apoiando meu queixo em meu joelho, vejo ele se levantar e caminhar até o violão preto que está em uma poltrona na frente da janela, ele volta a se sentar e começa a tocar.

Fico surpresa quando ele começa a cantar, eu não sabia que ele cantava, sua voz é rouca e muito gostosa de ouvir, ele canta Hammers de Alec Benjamin e engulo em seco prestando atenção na letra, em algum momento eu fecho meus olhos e só escuto ele cantar.

"Eu só tenho uma pergunta

Se martelos podem construir, se martelos podem levar

Se martelos podem fazer coisas, se martelos podem

Quebre o chão que você pisa

Quebre o chão em que você está de pé, de pé

Se os martelos podem esmagar, se os martelos podem dobrar

Então, como você planeja usar seu martelo, meu amigo?

Empunhe seu martelo como armas em punho, ou

Empunhe seu martelo para corrigir o que está errado, corrigir o que está errado, hm

Só o tempo vai mostrar

Só o tempo vai mostrar

Só o tempo vai mostrar

Só o tempo vai mostrar

Nós não estamos julgando

Porque isso seria cruel

Use suas palavras para espancá-lo

Como se fossem alguma ferramenta"

Quando ele termina de cantar eu estou olhando em seus olhos, eu entendi oque ele quis dizer, seus olhos ficam presos aos meus e ele coloca o violão na cama que é exageradamente grande para uma só pessoa e então levanta uma sobrancelha.

- Você vai destruir ou consertar? - sussurra e desvio o olhar me sentindo incomodada - Você já fez o mais difícil, admitiu que tem bulimia e sabe que precisa de ajuda, mesmo sem falar e é por isso que me contou tudo isso.

Engulo em seco sem conseguir olhá-lo nos olhos e ele se aproxima agarrando minhas mãos e as apertando eu olho para ele que sorri.

- Obrigada por confiar em mim, eu te amo e sou seu amigo mas precisa conversar com sua mãe e namorados - ele sorri e sinto meu peito apertar - Eles precisam saber, não vão adivinha como está se sentindo e você precisa ser sincera com eles - meu queixo volto a tremer e sinto vontade de me bater por ser tão chorona - Você pensa muito nos outros e está na hora de ser egoístas, só um pouquinho - ele levanta uma mão e aproxima o indicador do polegar para enfatizar.

- Eu tinha uma consulta com a psicóloga hoje - admito com um suspiro - Desliguei meu celular para não ouvir minha mãe ligando.

- Acho que está na hora de ir para casa - fala e sorrio o abraçando.

- Obrigada - ele me aperta e dou risada me afastando - Não tem ideia do quanto isso foi bom - aponto de mim para ele que sorri beijando minha bochecha.

- Sempre que precisar estrelinha - beijo sua bochecha me sentindo mais leve e ele beija minha testa - Eu te levo em casa - se levanta e segura minha mão me puxando - Só espero que seus cachorrinhos não me mordam - fala risonho e jogo minha cabeça para trás soltando uma gargalhada.

- Pode deixar que eu seguro a coleira.

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora