CAPÍTULO 50

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Lavo meu rosto e pego a toalha para me secar e então meu olhar é atraído para a esquerda, onde muitas vezes eu estive ajoelhada.

Eu comi aquilo tudo.

Não percebi que me aproximei do vaso até que minha perna encosta nele, mordo a parte interna da minha bochecha e fecho meus olhos respirando fundo e é quando escuto aquele gritinho fofo que me faz sorrir.

- Jude, nós chegamos - Theo diz e fecho a tampa do vaso sanitário me virando e saindo do banheiro.

Theo está largado na minha cama enquanto Deby esta sentada na minha poltrona que fica pendurada no teto e Nora está em pé com Billy no colo, o bebê quando me vê solta um risinho mais alto ainda e se joga para mim, eu o pego com um sorriso no rosto e beijo sua testa.

- Oi amor, senti saudades - o abraço e ele começa a morder meu queixo.

- Oi para você também - Deby fala rindo - Ela só encheria o bebê.

- Isso é porque ele é agradável.

- Cala boca - ela ri vindo para mim e me abraçando - Como está minha safadinha? - ela me aperta e Billy a empurra para longe de mim, sua fala me faz rir.

- Bem minha esquisitinha - beijo sua bochecha e ela se afasta fazendo cara de ofendida quando Billy da um tapa nela e Nora ri.

- Maninho você precisa educadar melhor o seu filho - ela diz se jogando na cama -  Parece que o pirralho me odeia, vive me dando tapas.

- Isso é porque você é irritante - ela sorri cínico.

- E Bily não gosta que ninguém além dos meninos toquem em Jude quando ela está com ele no colo.

- Desse tamanho e já é e exigente, imagina quando crescer - dou risada e vou me sentar ao lado de Theo na cama.

Billy abaixa minha blusa e eu o ajeito para mamar, Theo se inclina e me da um selinho sussurrando em meu ouvido o quanto estou bonita hoje o que me arranca um risinho bobo.

- Minha nossa, esse menino acabou de comer uma papinha bem reforçada e ainda quer mamar.

- Isso é porque ele gosta do leite - Nora diz ligando a tv para coloca friends para assistirmos - E ele gosta de ter Jude por perto.

- Eu entendo - Theo diz baixinho para mim e sorrio o olhando - Gosto de te ter por perto, porque não voltamos a namorar hein?

Sua fala me faz sorrir boba e olho para tv quando a série começa, é nesse momento que Ken e Sam entram no quarto com dou potes enorme de pipoca e refrigerante.

- Maratona - Deby da pulinhos e em instantes estamos todos amontoados na minha cama.

como senti falta deses momentos.

...

- Você está bem? - mamãe me pergunta quando finalmente os policiais param de me fazer perguntas e me liberam.

- Estou sim - me abaixo para o carrinho em que o Billy está deitado e o encontro dormindo - Agora acabou, não vamos mais falar disso ok?

- Ok - ela sorri e me abraça e então saídos da delegacia - Você foi até a Bruna hoje cedo, como se sente agora?

- Muito mais leve, ela disse que Bulimia é complicado demais para achar que depois de algumas consultas não vou ter recaídas - suspiro olhando para ela - É normal, mas isso não quer dizer que eu não consiga, é um processo longo e vou me ver perdida as vezes e a vontade de fazer aquilo pode aparecer, vou ter que decidir se vou continuar lutando ou vou me dar por vencida.

- E o que vai fazer agora?

- Lutar - dou risada - Todos os dias, não vou deixar o que aconteceu me fazer desistir.

- É assim que se fala - ela me empurra de leve e dou risada - Eu te criei muito bem não é?

- Com certeza - estávamos indo para o carro quando meu pai de repente aparece na minha frente.

- O que quer? - mamãe pergunta irritada e ele levanta as duas mãos em rendição.

- Só um minuto - ele olha para mim e meu corpo fica tenso - Filha eu... - ele para e olha para o carrinho - De quem é esse bebê?

- O que foi pai? - ele olha para mim em dúvida e levanto uma sobrancelha.

- Podemos ir a um ligar para conversar? - pergunta apontando para a praça a nossa frente e minha mãe cruza os braços.

- Não - nego balançando a cabeça, se fosse a alguns meses atrás eu aceitaria sem nem perguntar o porquê - Fale logo que preciso ir para casa.

- Ok - ele lambe os lábios e fecha os olhos respirando fundo - Eu queria me desculpar - levanto uma sobrancelha para ele que engole em seco, meu coração esta acelerado mas nao deixo ele perceber o quanto eu esperei por isso - Por tudo, não fui bom apara você e...

- Meio tarde não é? - mamãe diz e papai a olha torto.

- Não fui bom para você e...

- Ainda bem que você sabe - mamãe o interrompe outra vez e sinto vontade de rir com a cara que papai faz.

- Da para você parar? - ele diz e mamãe ri.

- Porque? Não gosta de ouvir a verdade? - ela ri debochada - Que peninha.

- Você não muda não é? - mamãe sorri cínica e ele me olha sério - Se eu pudesse voltar no tempo e evitar aquilo, eu o faria, eu não tinha ideia que ela...

- Papai - interrompo sua fala suspirando - Não foi sua culpa - sorrio de lado - E está tudo bem, sério - balanço meus ombros me sentindo cansada.

- Você... - ele coça a garganta e fecha os olhos fazendo mamãe bufar irritada - Você pode me perdoar por não ter sido o pai que você merecia?

Uau.

Isso é culpa?

- Não - falo e ele me olha assustado - Não agora - sorrio triste - E uprwcisei de você por anos, e eu sofre por você e estou machucada - coloco minha mão no peito sentindo meus olhos arderem mas seguro a vontade de chorar - Um dia quem sabe, um dia eu possa olhar para você e dizer que te perdoei mas agora eu só preciso de tempo.

- Sinto muito minha garotinha - meio sem jeito ele vira as costas e vai embora e por algum motivo eu sinto uma pequena parte dentro de mim mais leve.

- Nossa - olho para minha mãe que ainda observa ele se afastar - Isso foi meio tenso - ela diz e dou risada a abraçando - O que foi?

- Eu te amo mamãe.

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora