CAPÍTULO 49

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Chego em casa com minha mãe praticamente grudada em mim, suspiro sentindo minha cabeça pesada.

Eu quero que esse dia termine.

Quando chego na sala encontro os meninos e minhas amigas sentados no sofá, e até Isaac e Ian estao aqui, todos se levantam e me olham angustiados, meu queixo treme quando encontro o olhar dos três e corro para eles.

Os três me apertam em um abraço do qual eu necessitava muito e soluço escondendo meu rosto. Depois de tanto segurar o bolo na garganta eu finalmente cedo ao choro e Sam me pega no colo, escuto minha mãe falando com as meninas mas não ligo, fecho meus olhos e me deixo ser carregada.

Sam me deita na cama e logo os três estão ao meu redor, me abraçando e acariciando enquanto choro.

Meu aniversário não deveria ter sido assim, mamãe me contou que veio justamente para participar da festa que meus amigos estavam preparando para mim. Eu não deveria ter entrado naquele carro, era para mim ter vindo para casa e encontrado todos reunidos em uma festa surpresa para mim, se eu pudesse voltar no tempo com certeza teria ficado em casa o dia inteiro.

Horas depois os meninos já estão dormindo e eu ainda acordada, fungando e me lamentando, e aquela sensação familiar de agonia vem com força.

Eu preciso comer.

Preciso disso para relaxar e esquecer, tem muitos doces de festa lá em baixo e saber disso está me corroendo por dentro. Já fazia um tempo que eu não sentia isso, achei que tinha superado mas pelo jeito ainda está aqui. Agoniada eu me viro de um lado para o outro, olho no relógio e já são cinco da manhã, mordo a parte interna da minha bochechas e suspiro sentindo o desejo aumentar e minhas mãos tremerem.

Merda.

Eu me levanto, não penso muito quando saio do quarto e desço as escadas, não demora para eu chegar a cozinha e começar a pegar tudo que foi feito para a festa, como suspirando e gemendo de prazer que isso me dá, eu encho minha boca e fica até difícil mastigar o que me faz engasgar mas engulo mesmo assim.

Paro de comer quando minha barriga começa a doer e fico encarando as caixas de doces e os potinhos com salgados que estão praticamente vazios, e então a segunda parte com a qual já estou acostumada vem com força.

Culpa.

Raiva.

Tristeza.

Angústia.

Nojo.

E eu sei que isso tudo não é só pelo que fiz, é pelo que ela fez também. Tremendo eu me sento no chão abraçando minhas pernas enquanto tento segurar os soluços, o que se torna uma tarefa muito difícil.

Não acredito que fiz isso.

- Jude? - pulo de susto com a voz repentina e levanto minha cabeça dando de cara com minha mãe.

- Mamãe - ela não demora a vim até mim e me abraça - Eu fiz de novo.

- Oh meu amor, tudo bem - ela me abraça mais apertado e eu soluço indo para o colo dela quando ela se senta no chão - A mamãe está aqui.

...

Acordo sentindo minha cabeça pesada e resmungo virando de barriga para cima, o cheiro da minha mãe está por todo lugar e suspiro me sentando na cama, estou sozinha na cama e quando olho para o relógio levo um susto, minha mãe já deve ter levantado faz tempo.

Me jogo de volta na cama fechando meus olhos apertados sem querer levantar da cama ou falar com ninguém, na verdade eu quero só ficar sozinha e me lamentar por ter jogado todo aquele trabalho de meses no lixo e ter feito o que fiz ontem e só em pensar nisso tenho vontade de chorar.

Merda Jude.

- Você já acordou - escuto minha mãe mas não respondo, só aperto meu olhos fechados querendo voltar a dormir - Trouxe um lanchinho para você.

- Não quero - não abro meus olhos para olhar em seu rosto.

- Mas já são três da tarde, você não comeu nada hoje.

- Nada - acabo gritando enquanto me sento - Eu comi praticamente toda a comida da festa que prepararam para mim - falo indignada - Festa essa que eu nem participei - a irritação me faz gritar e automaticamente me sinto culpada por gritar com ela - Desculpa.

Desvio meu olhar do dela e encaro a janela enquanto sinto seu olhar queimar em mim, escuto um suspiro dela e então a cama afunda ao meu lado e ela começa a acariciar minhas costas.

- Você quer conversar comigo? - a preocupação em sua voz me irrita e eu bufo me afastando do seu toque.

- Não - mordo a parte interna da minha bochecha querendo me desculpar por estar sendo uma estúpida com ela mas ao mesmo tempo não quero fazer isso - Vou para meu quarto.

- Jude - ela tenta segurar minha mão quando levanto da cama e passo por ela e eu desvio.

Quando entro do meu quarto vou direto para o banheiro ignorando completamente a presença do meninos, entro no chuveiro fechando meus olhos e tentando relaxar mas não funciona.

Droga, droga, droga.

- Jude? - Theo bate na porta e fecho meus olhos tentando engolir meu choro - já faz algum tempo que está aí, tudo bem?

- Tudo, já vou sair - Desligo o chuveiro saindo do boz e me seco colocando um pijama que estava aqui.

- Oi - ele diz quando abro a porta e sorrio o abraçando, ele beija minha cabeça e caminha comigo para a cama.

Me sento na cama entre as pernas de Ken encostando minhas costas em seu peito e Sam e Theo se sentam ao nosso lado.

- Eu fiquei tão assustada - falo depois de um tempo em silêncio - Foi horrivel.

- Está tudo bem agora - Ken fala me abraçando.

- Não está, eu não me sinto bem - sussurro.

- Nos quedaremos aquí contigo - Sam fala beijando as costas da minha mão.

- Siempre puedes contar con nosotros - Theo diz beijando minha bochecha e sorrio agradecida por tê-los aqui.

- ¿Qué tal si nos quedamos aquí abrazados mientras dejamos pasar el tiempo? - Ken diz, eu adoro quando eles falam em espanhol.

- Mas é o Billy? Estou com saudades.

- Meus pais os levaram para passear, vão trazer ele aqui quando voltarem - Theo me responde.

Suspiro fechando meus olhos e nós três ficamos juntos na cama, só aproveitando um ao outro e aos poucos a pressão em meu peito vai diminuindo.

Espero esquecer logo isso.

Três é demais Onde histórias criam vida. Descubra agora