Merlia
Minha nova secretária, Letícia, entrou na minha sala as pressas e levantei o olhar para ela confusa.
- Um dos nossos sócios está aqui e quer uma reunião com você.
- Qual deles? – perguntei.
- Artur Gonçalves.
Arqueei as sobrancelhas surpresa, ele era um dos nossos melhores sócios e bastante importante para a empresa, me surpreende que ele esteja aqui quando nunca teve uma reclamação, bom, pelo menos eu espero que não seja uma.
- Senhor Gonçalves – falei sorridente – sente-se.
- Obrigado, Senhorita díaz.
ele já era bem velho, robusto e com cabelos pretos misturados com seus fios grisalhos.
- Em que devo uma visita tão repentina?
- Só quero saber mais sobre seus métodos de direção, querida, se é que não se importe..
- Claro que não – falei calmamente.
Eu compreendia, todo sócio que se preze se preocuparia com uma mudança de liderança.
- Eu li os arquivos com seus novos métodos – disse – e achei todos eles ótimos.
- Mesmo?
- Exelentes, Senhorita díaz – ele hesitou – Mas não entendi o motivo do senhor Ballard julgar eles, por isso vim pessoalmente saber qual de fato são os seus métodos.
Travei.
- O que, exatamente, o senhor Ballard falou com o senhor?
Seus olhos e postura vacilaram, dando uma brecha para a ansiedade correr em minhas veias.
- O encontrei no clube há algumas semanas, ele me disse que não a achava tão... capacitada para esse cargo tão importante.
meu braço direito, a porra do meu braço direito.
- Senhorita díaz, espero que entenda o que estou querendo dizer.. só quero compreender o motivo pelo qual seu próprio braço direito de confiança a detonou para um dos seus melhores sócios, não quero estar envolvido em desavenças, você sabe o que acontece quando a guerra vem de dentro, não é?
- Sim, eu sei – falei – A estrutura enfraquece.. – minha voz saiu baixa – Se não podemos nem mesmo nos darmos bem entre nós, como vamos vencer contra os de fora..
Repeti as palavras ditas pelo pai quando eu era apenas uma criança, enquanto ele me explica o motivo de escolher a dedo todos os seus funcionários.
A decepção tomou conta de mim, meus ombros caídos e o semblante desnorteado com as palavras que ouvi. Depois de repassar todos os meus métodos – os corretos – para Artur, ele se foi.
Me deixando sozinha em minha sala enquanto eu bebia uma dose de whisky, e eu nem mesmo era de beber tanto, nunca gostei da ideia de acabar ficando frágil e correr o risco de alguém se aproveitar de mim por isso.
Mas hoje, agora, nesse momento, eu precisava.
Não é como se eu não esperasse que Ballard em um passe de mágica gostasse de mim, eu também não mudei o que penso sobre ele por causa de uns dias em que nos tratamos bem, era tudo fingimento, mas falar mal de mim para alguém de fora? alguém que deveríamos juntos tentar mantê-lo ao nosso lado?
isso foi um golpe fatal.
Disquei a linha que me ligava com ele, ouvindo sua voz rouca do outro lado.
- Na minha sala, Ballard, agora.
Ele hesitou alguns minutos antes de murmurar um ok, provavelmente deve ter odiado meu tom áspero e mandão, mas a raiva estava circulando pelo meu sangue demais para evitar.
Roupas pretas, semblante calmo, olhos escuros passaram pela porta interligada e ele me olhou curioso.
Sorri incrédula olhando para o meu copo de whisky antes de levantá-lo para ele.
- Sabe, Ethan? eu realmente esperava golpes horríveis vindo de você, mas jamais um tão baixo – falei.
Suas sobrancelhas apertaram antes que ele caminhasse mais até mim.
- Do que diabos você está falando, Merlia?
- Artur Gonçalves veio aqui hoje – falei, virando o restante da minha bebida – Ele me perguntou porque meu braço direito estava dizendo para ele que eu era incapacitada para o cargo.
Ethan congelou, o rosto ficando levemente pálido.
- Você me pediu tando para que eu o tratasse como você deve ser tratado, como meu braço direito – me levantei, colocando as mãos na mesa e o encarando dentro dos olhos – Mas me diga, Ballard, você age como a porra do meu braço direito?
- Merlia..
- DIZ, PORRA!
- Isso aconteceu depois da nossa discussão naquele dia – ele diz, começando a ficar alterado também – Eu fui até o clube e bebi demais, falei coisas que não devia, eu sei disso..
- Vai pro inferno, Ethan – falei – Você me chamou de cobra, de duas caras e o caralho todo, mas olha só para você, porra!
- A culpa não foi minha, inferno! – rebateu – Você perturba a porra do meu juízo, você me deixa louco e fervendo de ódio.
- E o que, exatamente, você acha que faz comigo? – seu peito subia e descia em um ritmo acelerado como o meu.
Ethan passou as mãos pelos fios castanhos do seu cabelo o deixando bagunçado e andou de um lado para o outro.
- Você não pode me culpar por isso.
- Ethan, aceite as consequências dos seus erros, você enfiou uma faca nas minhas costas quando deveria ser meu braço direito! – esbravejei – Aqueles elogios no evento.. foram tudo mentira, não foi?
ele não respondeu.
- Vai se foder, Merlia – falou.
- Admita que está errado, Ethan.
- Nunca, ouviu bem? nunca.
- ADMITA – gritei.
- NÃO VOU ADMITIR PORQUE NÃO ESTOU ERRADO, O QUE VOCÊ FEZ AQUI NESSA EMPRESA ATÉ AGORA?
Neguei com a cabeça, meu peito apertando, o ar faltando em meus pulmões, a vista na minha frente ficando turva.
- Você vai se ver comigo, Ethan – avisei – Você pedirá demissão desse lugar até o final desse ano, você me achava uma megera quando eu nem mesmo era uma, mas agora você verá o quão venenosa eu posso ser.
- Porra, Merlia!
- Pensei que estivéssemos tentando – repeti suas palavras – Mas vi que era apenas eu.
- Eu errei, me desculp...
o interrompi.
- Não quero mais as suas desculpas, Ethan. Não quero que fale isso e depois esteja falando que sou incompetente nas minhas costas outra vez, e não quero que jogue na minha cara coisas que ainda não conquistei.
Peguei minha bolsa e saí da empresa sem esperar que ele falasse, se é que falaria, já que o mesmo estava estagnado no mesmo lugar desde que cuspi todas as palavras para ele.
Lágrimas desciam sobre meu rosto e peguei meu celular discando o número de quem eu precisava agora.
"preciso de você, papai"
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o Ethan vai mudar, ok?
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HERDEIROS #1 - A princesinha de Nova York
RomanceApós seu pai declarar sua aposentadoria, Merlia díaz aceita sua proposta em se tornar a nova CEO da empresa de tecnologias multinacional de seu pai, pois sempre foi apaixonada pela profissão desde que criança e o admirava pelo trabalho que ele fazia...