Capítulo 1

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Merlia

O despertador tocou às seis e meia da manhã, me acordando e me fazendo choramingar, não gosto de acordar cedo, não vejo nenhuma necessidade nisso.

"mas você aproveita mais o dia", eles dizem.

Como aproveito sendo que exatamente às dez horas já estou caindo de sono?

Retirei os tapa olhos que uso para dormir e suspirei, olhando pela janela enorme que tinha no quarto da minha mansão, me dando a vista perfeita do jardim.

Eu poderia ter morado em um apartamento como papai sugeriu, mas o conforto de ter uma casa enorme somente para mim, onde eu pudesse fazer o que quiser e ninguém notaria, pareceu mais atraente.

Foi difícil convencer papai de que eu estava pronta para morar sozinha agora, antes, pensar nessa hipótese me deixava com medo de que alguém pudesse me machucar outra vez, então sempre escolhi ficar perto dos meus pais até os meus 29 anos.

Não é como se eu tivesse superado o que aconteceu comigo anos atrás, é impossível superar, eu sempre estarei marcada por ele. Quando eu me olhar no espelho, aquilo vai estar lá, as lembranças vividas daquela noite irão reaparecer e me deixar em pânico, sentindo como se eu estivesse vivenciando tudo outra vez.

Ainda tenho aversão à toques desconhecidos e inesperados, como se meu corpo ligasse todo o seu modo alerta e me deixasse atenta para que aquilo não aconteça de novo. Sei que minha mãe muitas vezes se culpou pelo que seu progenitor fez comigo, mas hoje em dia ela já se curou do peso que carregava, eu jamais pensei nela como culpada algum dia, na verdade, para mim, minha mãe foi mais uma vítima das mãos dele.

Agora, eu me sinto bem mais controlada das minhas emoções, consigo me manter mais calma e relaxar mais. Talvez os treze guardas que protegem a minha mansão seja o motivo de eu me sentir segura e abaixar a guarda um pouco.

Quando criança, a ideia de ter um guarda-costas junto à mim parecia meio vergonhoso, na escola todos me chamavam de princesinha por conta disso, e eu me sentia péssima por todos me acharem uma filha de papai. Mas depois que percebi que eles iriam cuidar e proteger de mim, aceitei de prontidão que eles ficassem na minha mansão, mesmo sabendo que pelos cantos da cidade eu ainda era nomeada como a princesinha.

Eles não me seguem para nenhum lugar, à menos que eu peça para que façam, e isso torna tudo mais fácil.

Entrei na hidromassagem e meus músculos relaxaram, a vista do céu pela janela. Hoje iria almoçar com meus pais e Emily, minha irmã mais nova.

A ideia de ter uma irmã sempre me deixou feliz, mas de início fiquei com medo de que não nos déssemos bem, já que eu sou adotada e Emily não. Mas nossos pais nunca me fizeram sentir como se eu não pertencesse à essa família, muito pelo contrário, todos me amam e cuidam de mim na mesma proporção que fazem com ela, nós duas nunca brigamos, somos como unha e carne, eu faria de tudo pela Emy e ela faria de tudo por mim.

Por ser mais nova, Emy ainda mora com eles dois, mas está prestes a sair de casa também em breve.

Abri o aplicativo de mensagens entrando no grupo família, onde papai havia mandado uma foto da barbie com uma frase de bom dia - ele mesmo editava suas fotos e mandava.

Sorri respondendo assim como todos os outros e apaguei a tela, me perguntando, o que papai queria falar comigo que era tão importante..

☆☆☆

Passei pelas portas giratórias do restaurante levantando meu óculos escuro e caminhei até a mesa onde os três estavam.

Papai estava com uma rosa em suas mãos, Emily segurava uma e mamãe outra - ele sempre entregava rosa para nós três.

HERDEIROS #1 - A princesinha de Nova York Onde histórias criam vida. Descubra agora