Capítulo 3

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Merlia

Eu nunca fui boa dirigindo.

sempre que precisei de algo, tive que pegar uber ou ir com meu motorista.

Vocês devem estar se perguntando, "você não fez aulas?"

Sim, eu fiz, mas quando eu estava nas aulas era como estar assistindo à aulas de matemática

eu nunca prestei atenção em aulas de matemática.

Não porque não me interessava, e sim porque eu não CONSEGUIA aprender.

Para me consolar, mamãe me disse uma vez que isso são coisas da vida, que por mais que eu tocasse violino perfeitamente e fosse boa nisso, isso não me faria ser boa em outras coisas.

por favor, me digam que estão entendendo minha linha de raciocínio.

Desde então, decidi abrir mão de aprender a dirigir, papai me convenceu a ter meu próprio motorista, mas ele estava de folga hoje porque eu dei folga à ele. E Deus, eu juro, eu seria terrível se dissesse

"ei, Otávio, sabe a sua folga? então, está cancelada, volte para cá e me leve até a farmácia para eu comprar uma barra de chocolate haha"

Eu poderia ter pedido a um dos seguranças? sim, eu podia. Mas uma voz no fundo da minha mente me prometeu que eu poderia conseguir, afinal não era muito longe de casa. E eu quase consegui

se não fosse por essa moto no meu caminho.

Papai sempre me avisou que eu não deveria tentar dirigir por ser um desastre no volante, e que isso poderia acabar me matando um dia, e sim, acho que esse dia chegou.

Mas não porque sofri um acidente, e sim por causa do homem grande caminhando na minha direção com um olhar mortal para mim.

- O que diabos você fez, garota? - ele gritou, me fazendo encolher um pouco com sua voz grossa e rude, que me deixou levemente irritada, ninguém grita comigo.

- Quebrei sua moto, não está vendo? - rebati.

mas me arrependi no mesmo minuto em que disse essas palavras.

- Você enlouqueceu, porra? - gritou outra vez.

- Não grite comigo - falei - Sua moto estava no meu caminho!

ele sorriu, incrédulo - Não, ela não estava, você é que é uma barbeira!

- Ela não estava estacionada corretamente.

- Pelo amor de Deus, sua pirralha! aceite que você está errada - esbravejou - Olha a merda que você fez.

dei de ombros - Estou vendo, não sou cega.

Eu nunca fui ignorante com ninguém, sempre soube aceitar quando eu estava errada, mas o modo arrogante como esse homem falava me deixava irritada. Eu sabia do meu erro, mas ele estava errado em agir como um idiota sem nem mesmo me deixar pedir desculpas.

As pessoas começaram a parar para olhar a mini confusão que estávamos fazendo, só me deixando ainda mais puta por estar chamando tanta atenção.

- Fale baixo, as pessoas estão olhando - avisei.

- Eu não ligo, maluca, você vai ter que arcar com o prejuízo disso! - ele disse, a veia saltando da sua testa.

Em outras circunstâncias, eu teria o achado extremamente atraente, mas não posso achá-lo bonito depois que ele abriu a boca.

- Posso arcar com o concerto da sua moto, isso não será um problema.

ele negou com a cabeça - Eu quero em cheque.

Abri a boca chocada - Eu não vou dar em cheque, eu vou levar e vou pagar.

- O que? claro que não, você foi quem quase me matou.

- Eu pediria desculpas se você fosse educado, mas você é um ogro!

caminhei até meu carro pegando minha bolsa e preparando um cheque para esse idiota sair do meu campo de visão de uma vez por todas.

- Eu tô pouco me fodendo com os modos, você acabou de destruir minha moto preferida - reclamou - E ainda acha que está certa.

- Não disse que estou, mas sua moto estava um pouco mais para a pista.

- Pelos deuses! - suas mãos passaram freneticamente pelos fios de seu cabelo castanho escuro.

Ele era bonito, os olhos castanhos, tatuagens nos braços, músculos fortes indicando que com certeza treina, barba da cor de seu cabelo e alto, muito alto. O maxilar definido e travado de ódio.

Entreguei o cheque em suas mãos e peguei meu celular.

- Irei ligar para um reboque - avisei, mas ele levantou a mão.

- Garota, saia da porra da minha frente antes que eu faça algo pior.

Mas o que esse moribundo pensa que é?

- Tente tocar apenas em um fio do meu cabelo - avisei - E eu acabo com a sua vida.

Ele gargalhou.

- Seu carro é rosa, suas roupas são caras, você é só uma filha de papai mimada, pirralha.

Olhei em volta, mais pessoas se aproximando e respirei fundo.

- Se é o que você acha, senhor, problema seu. Agora, lide com a carcaça da sua moto cafona e fora de moda - respondi baixinho.

Coloquei meu óculos escuro e caminhei até o carro, mas me virei para ele antes de entrar, encontrando seu olhar raivoso em mim.

- Inclusive, eu teria passado por cima de você também - cantarolei jogando beijinhos e entrando em meu carro.

Agradecendo por não ter que encontrar esse delinquente mais uma vez.

Dirigi até uma rua mais vazia e liguei para Otávio, desistindo de tentar voltar para casa sozinha e quebrar mais alguma coisa.

Sim, eu não iria pedir para meu motorista vir me buscar na frente daquele velho asqueroso, foi uma questão de orgulho, não podia deixar ele saber que tinha razão em alguns pontos.

Respirei fundo e tombei a cabeça no banco, eu só queria uma barra de chocolate..

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Boa leitura! ❤

ótimo jeito de se conhecer, em!? 🤣

deixem a estrelinha e comentem, isso me incentiva muuito!!

HERDEIROS #1 - A princesinha de Nova York Onde histórias criam vida. Descubra agora