Capítulo 10

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Merlia

Um jornal caiu sobre a minha mesa e levantei o olhar para Ethan.

roupas pretas, olhos sombrios e o semblante azedo de sempre.

- O que você quer agora, Ethan?

- Acho melhor você dar uma olhada nisso aí – ele diz, apontando com o queixo para o jornal.

Baixei meu olhar começando a ler a matéria sobre os ladrões de cabras, meus olhos se arregalaram levemente e engoli em seco.

- Você é mesmo uma encrenqueira, garota – ele negou com a cabeça – Roubando cabras? isso é sério?

- Você não sabe o que de fato aconteceu – respondi. 

ele sorriu, sentando-se de frente para mim – Sim, de fato eu não sei o que aconteceu, mas acho que o vídeo da CEO da empresa mais famosa da cidade circulando por aí enquanto ela foge da polícia com uma cabra já fala muito, não acha?

Abri a boca para respondê-lo, mas fechei novamente porque sabia que dessa vez ele estava certo.

- Foi um acidente – me justifiquei.

- Como sempre, acidentes.. – resmungou – Você tem que dar um jeito nisso.

- Já estou resolvendo, daqui alguns minutos a notícia será excluída das redes sociais.

- Ótimo, limpe sua sujeira – ele diz e se levanta – Pare de manchar a imagem que seu pai demorou anos para criar para essa empresa, se você quer se aventurar, então está no lugar errado.

Raiva subiu pelas minhas veias com as suas palavras rudes e levantei, batendo as mãos na mesa.

- Você é apenas a porra do meu braço direito, Ethan, e eu estou ficando farta de você! você sempre tenta me menosprezar e me diminuir todos os dias nesse lugar.

- Se você agisse como adulta, talvez eu a trataria diferente! – ele rebateu, sua respiração ficando mais acelerada.

- Estou cansada de você, do seu julgamento e do que você pensa sobre mim, Ethan. Quer saber de uma coisa? se você não me suporta peça a porra da demissão!

- Eu não vou te dar esse gosto, Merlia.

- Então me respeite, porque aqui, nessa empresa, quem manda sou eu! e se eu quiser trocar de braço direito amanhã, ou até mesmo hoje, eu trocarei, Ethan – gritei – e escute bem, nem mesmo meu pai poderá mudar minha opinião, ou você se coloca no seu lugar, ou eu te deixo na rua!

Meu peito subia e descia pesadamente como o dele, uma veia saltando da sua testa indicando que ele estava possesso, minhas unhas cravadas na carne da minha mão as ferindo e me impedindo de agredi-lo. 

O estrondo alto da porta se batendo quando ele saiu da minha sala em passos duros e soltando fumaças pelas orelhas ecoou nos cantos da minha sala.

Caí na cadeira, as mãos subiram para o meu rosto quando explodi em um choro desesperado. Não porque estava triste com suas palavras, mas sim com ódio.

Ethan era a segunda pessoa que eu mais odiava em toda a minha vida, a forma como ele sempre me diminui, me menospreza e fala as coisas como se não fosse ter consequências nisso me deixa irritada.

Eu queria agredi-lo, arrancar seu pescoço de galinha para fora. Ele realmente não mentiu quando disse que faria da minha vida um inferno.

Não passa pela minha cabeça que ele me odeie tanto por causa do que fiz com a sua moto, o que diabos tinha de errado com esse homem, afinal?

Ele era louco, inconsequente e parece até mesmo que não tinha tomado sua vacina contra a raiva para agir assim, como se fosse uma bomba relógio.

Se tornava difícil para mim, ter que aguentar alguém me tratando tão mal quando meus pais sempre cuidaram tão bem de mim, sempre me mostrando que eu não deveria receber e aceitar esse tipo de tratamento na rua.

E aqui estou eu, aguentando e engolindo os desaforos desse homem, sem nem mesmo conseguir entender os porquês que o mantenho aqui.

Limpei meu rosto e respirei fundo, me recompondo mais uma vez antes me levantar e caminhar até sua sala.

Ethan

Essa mulher do demônio vai me causar um infarto.

A única coisa que eu queria era que ela não se prejudicasse com as suas aventuras, mas quando dei por mim, os insultos já estavam saindo da minha boca.

Eu a odeio, odeio aquela mulher, odeio a forma como anda, como se mexe, como sorri, odeio tudo nela.

Não consigo me conter quando estou perto dela, as vezes sinto vontade de jogá-la daqui de cima desse andar.

Afrouxei a porra da minha gravata, meu pulso acelerado depois de mais uma discussão que tivemos dentro de quatro semanas com ela como minha chefe, parecia impossível para mim.

Eu sempre me esforcei para me dar bem com todos e ser competente, mas a forma como ela exibia na minha cara o poder que tinha aqui me deixava com raiva, com ódio.

Ela passou pela porta, os saltos pretos básicos, a saia preta social e a camisa branca lisa. Meus olhos caíram sobre a forma como sua pele brilhou quando o sol do final da tarde que passava pelas paredes de vidro caiu sobre ela, deixando-a atraente, de certa forma.

Me perguntei pensando se era realmente macia quanto parecia ser.

mas por que eu estava pensando nisso sobre essa mulher? logo Merlia?

ela é uma megera asquerosa e arrogante, sempre fazendo sujeiras e bobagens e corrigindo depois como se isso fosse funcionar.

- Duas semanas, Ethan – ela falou e franzi o cenho.

- O que?

- Estou lhe dando duas semanas de folga.

- Eu não quero folga.

- Foda-se, você terá, desapareça, suma, pule daqui de cima se quiser. Mas não pise aqui dentro entre essas duas semanas, faça uma viagem, ou algo para relaxar essa sua personalidade azeda e asquerosa que me dá nojo.

- Você também me enoja.

Ela engoliu em seco, semicerrando os olhos para mim – É isso ou está demitido.

- Você está me dando um cheque mate?

- Sim, eu estou, liguei para alguém que pode muito bem ocupar seu lugar se decidir pegar a demissão.

- Merlia, sai.

falei calmamente, a raiva prestes a explodir, mas ela não saiu, claro que ela não sairia.

Ela iria me deixar louco com esse seu jeito teimoso e afrontoso.

- POR QUE VOCÊ TEM QUE SER TÃO IRRITANTE, PORRA? – gritei, ou melhor, explodi.

- PORQUE EU TE ODEIO, ETHAN, EU ODEIO VOCÊ!

Lágrimas escaparam dos seus olhos e passei as mãos pelos cabelos, agonia subindo em mim em vê-la chorar, mas a raiva falou mais alto.

- EU ODEIO VOCÊ TAMBÉM! – esbravejei.

Um soluço irrompeu da sua garganta e ela deu dois passos para trás, as mãos trêmulas e perdida.

- Estou cansada de você me humilhar por causa de um erro meu – disse.

- Estou cansado de você jogar na minha cara a minha posição aqui dentro como se eu não valesse nada.

Ela se virou, batendo a porta e voltando para a sua sala, me deixando completamente louco com meus próprios pensamentos.

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Boa leitura! ❤

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