Capítulo 30

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Look na mídia

Merlia

Nunca pensei que um dia eu iria dar ouvidos aos conselhos de Giana

mas aqui estou eu, enrolada em uma toalha de algodão após sair do banho e olhando para o vestido exposto na minha cama.

Suspirei me encorajando e me sequei, passando meus melhores cremes e óleos corporais, passei o vestido rosa em meu corpo, que colava na minha cintura e ficava soltinho na parte inferior, era um tecido leve e frio, então não me preocuparia com o calor, até porque o mesmo era curto.

Primeiro, eu não estava agindo como uma desesperada para que Ethan tomasse alguma atitude e me beijasse, mas também tinha que jogar meus charmes.

Nosso encontro no parque ainda está marcado de forma vivida na minha mente, ainda posso sentir seu toque queimando a minha pele e me deixando ofegante apenas em pensar em tê-lo tão perto de novo.

Eu queria beijá-lo, e Giana tinha razão, assim como todas as meninas e Michael. É o primeiro homem no qual eu consigo confiar, acho que trabalhar com ele todos os dias ao meu lado, compartilhando coisas sobre nós me fez confiar nele e me sinto segura - pelo menos o suficiente - para tentar alguma coisa. Nunca beijei ninguém, um selinho nem se quer conta como beijo, segundo Giana, nunca troquei amassos, nunca senti nada. Sempre me guardei e me protegi com medo de que se eu fizesse algo, ou desse brecha para alguém, essa pessoa faria o mesmo que ele fez comigo, eu abaixei minha guarda para ele, e ele me traumatizou da pior maneira possível.

Respirei fundo amarrando as alcinhas finas do vestido e caminhei até o espelho, eu precisava fazer isso, se aquelas palavras de Ballard foram mesmo reais como eu as senti, então ele também queria isso como eu.

Hoje ele viria até a minha casa para podermos falar de alguns mínimos detalhes sobre a empresa, como era sábado, preferimos nos encontrar aqui do que no nosso ambiente de trabalho.

Deixei que meus cachos caíssem em meus ombros em cascatas escuras e brilhosas e passei um brilho labial, ouvindo a campainha tocar lá em baixo, prendi o ar e me obriguei a descer as escadas sem parecer apressada demais, ou ansiosa demais.

Abri a porta da frente, dando de cara com Ethan em uma calça jeans, camisa de manga curta e uma jaqueta de couro pretas, ulalá, o Batman está na minha casa.

Seu olhar caiu em minhas pernas expostas, respirando fundo e balançando a cabeça como se estivesse repreendendo a si mesmo, Ethan voltou seu olhar para o meu rosto.

- Sempre pontual.. - provoquei.

- Me esforço para não ser atrasado como certas pessoas..

sorri e dei passagem para que ele entrasse, o cheiro do seu perfume entrando em minhas narinas e me deixando mais nervosa.

porra, como se toma iniciativa para beijar alguém? você só fala "ei, que tal nos beijarmos?"

- Idiota - pensei alto, Ballard se virou para mim e sorri forçadamente - Pensei alto, desculpa.

- Você está me xingando mentalmente, Lia, é isso?

- E se eu estiver, o que você faria?

O vi cerrar os punhos com força, seu olhar de novo em meu corpo me deixando quente e sorriu ladino.

- Nada, garota.. ande logo, vamos resolver isso.

O guiei até a sala de estar, onde o mesmo sentou no sofá e começou a pegar os papéis que estavam em cima da mesa, eu já havia os deixado prontos para serem lidos, afim de agilizar nosso trabalho logo no final de semana.

Ethan se sentou longe de mim e praguejei internamente, como isso iria dar certo com ele tão longe? levantei caminhando até a cozinha para buscar algo para bebermos e voltei com duas taças e vinho.

- Achei que você não bebesse - comentou sem nem mesmo me olhar.

- As vezes, mas nunca exagero.

- Estamos trabalhando, Merlia.

- Não seja careta - dei de ombros enchendo as taças - e também, se não quiser, não beba.

ele sorriu - sempre com a língua afiada..

Sentei de volta no sofá, dessa vez mais próxima dele e comecei a ler e assinar os malditos papéis, já que Ballard estava evitando me olhar dentro dos olhos por muito tempo hoje.

De nada valeria meu esforço se ele não me desse algum sinal de que também queria isso.

Bocejei lendo o meu décimo arquivo, olhando no relógio de parede da sala e vendo que já eram sete da noite e nada do que eu pensei que aconteceria de fato aconteceu. Passei a mão em meus cachos os colocando apenas de um lado do ombro, deixando um lado do pescoço exposto e Ethan me olhou.

- O que foi? - perguntei descontraída, mordendo a ponta da caneta.

Suas sobrancelhas se apertaram, ele ainda me encarando seriamente e arqueei as minhas confusa com o que estava acontecendo, sorri de nervoso.

- Fale alguma coisa, Ballard.

Ele ergueu sua mão no ar, me fazendo engolir em seco quando senti-la fechar-se em meu rosto, meu corpo inteiro arrepiando com seu toque. Descansei minha bochecha em sua mão, inclinando minha cabeça para o lado e fechei os olhos respirando com dificuldade.

Era incrível a forma como ele me fazia sentir apenas com um simples toque, como eu esquecia da vergonha que eu sentia de mim mesma, e sim adorada.

Senti o sofá afundar para mais perto de mim e abri os olhos vendo-o próximo, suas pupilas dilatadas e o hálito pegando em meu rosto suavemente. O dedão roçando meu lábio inferior com delicadeza.

- Tenho tantas perguntas, Lia.. - sussurra, ofegando contra meus lábios e estremeci.

- E por que não faz? - ofeguei.

- Estou confuso..

- Ethan.. eu - travei, colando sua testa na minha, nossas bocas coladas - Quero me me beije..

Olhei em seus olhos e engoli em seco, ele fechou os seus como se estivesse pensando e se afastou de mim, me deixando vazia e fria sem o seu calor.

- Não posso - falou - isso não pode acontecer.

Ethan se levantou abruptamente, as mãos passando em seu cabelo e meu pulso acelerou de vergonha, eu queria me esconder em algum lugar.

- Eu pensei que..

- Desculpa, Lia, isso não pode acontecer entre nós dois, você sabe.. somos diferentes..

meu coração afundou, senti meus olhos lacrimejaram de vergonha, ele estava me rejeitando?

- Preciso ir - avisou - Você vai ficar bem?

- Vai embora, Ballard.

Ouvi seus passos ficando cada vez mais longe e enterrei o rosto em minhas mãos, as lágrimas teimosas descendo em meu rosto e solucei, paranoias circulando em minha mente que eu torcia para que não fossem verdade.

Pelo visto eu estava completamente enganada sobre o que ele também estava sentindo em relação à mim..

Eu queria me matar por ter sido tão ousada assim pela primeira vez em toda a minha vida, eu deveria ter ficado quieta.. no final das contas eu sempre tinha razão..
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Boa leitura! ❤

HERDEIROS #1 - A princesinha de Nova York Onde histórias criam vida. Descubra agora