HERDEIROS #1 - A princesinha de Nova York

Capítulo 58

Ethan

Saí do banheiro do hospital depois de trocar a roupa ensanguentada e lavar as minhas mãos, sentando ao lado de Michael, que estava cabisbaixo desde que tudo aconteceu.

- Você ama muito ela, não é? - perguntei baixo.

- Ela é uma irmã para mim.. - suspirou derrotado - Lia sempre cuidou de mim quando éramos crianças..

assenti, não tendo mais nenhuma palavra para dizer, eu estava exausto e vazio, não tinha mais lágrimas para chorar pois já havia chorado a noite inteira pela morte do meu filho.

O médico entrou na sala de espera mais uma vez, fazendo com que todos nós levantasse e apertei meus dedos, ansioso para saber sobre a Lia.

- Ela acordou, mas preciso que alguém entre e fale o que aconteceu, ou eu mesmo posso dizer, se for difícil demais para vocês.

- Eu vou - falei primeiro - Eu sou o pai da criança, eu tenho que ir.

Todos acenaram para mim calados e caminhei atrás do médico, uma névoa negra tomando conta da minha mente, as últimas palavras que ele havia me dito circulando em meu coração, o machucando sem parar.

Achei que eu não teria mais lágrimas para chorar, mas ao entrar no quarto e encontrá-la com a mão na barriga, me olhando com atenção, elas começaram a descer pelos meus olhos por vontade própria.

Merlia apertou as sobrancelhas, o médico saiu fechando a porta atrás de nós e caminhei até ela lentamente, não conseguido formar uma só frase. Vi seus olhar ficar marejado e a abracei com força, um soluço doloroso arrancando da minha garganta, meu coração sendo arrancado para fora do peito.

esqueçam todas as dores que um eu já senti, pois essa aqui, irá me matar.

- Ethan.. - ela sussurrou em meios as lágrimas - O nosso filho.. me diga, por favor.

Ela se afastou, piscando com força para conseguir me ver através das lágrimas, minhas pernas querendo cederem e encontrar o chão quando ela me olhou daquele jeito, com tanta dor, ela já sentia o que estava acontecendo.

- Não.. - disse baixo - Não.. me diz que não é verdade, me diz Ethan, me diz que não é verdade.. - soluçou.

- Nós o perdemos, Lia..

- Não, é mentira, não é? - perguntou, balançando a cabeça várias vezes - Não pode ser verdade, Ethan, ele.. ele.. ele estava bem e.. saudável.. Ethan..

- Amor.. - sussurrei.

Seu peito sacudiu com força, o rosto descansando em suas mãos enquanto ela se entregava para o choro de vez. Seus ombros vibravam com força.

- Não - repetiu - Não.. não..

- Merlia..

- TRÁS MEU FILHO DE VOLTA, ETHAN, POR FAVOR - gritou, estilhaçando meu peito.

A apertei contra mim, suas lágrimas molhando a minha cabeça enquanto choravamos completamente desesperados pela perda. Suas unhas me apertaram com força, os soluços fortes misturados, a mesma dor sentida, ele havia arrancado uma parte de nós dois.

- Por favor.. Ethan - chorou com mais força, se debatendo contra mim - Faz isso parar de doer.. faz parar, por favor faz isso parar..

Fechei os olhos, a dor intensificando ainda mais em não poder tirar da sua e pô-la em mim, para que somente eu arque com as consequências disso e deixá-la livre de sofrer.

- Não consigo, amor.. - sussurrei rouco - Eu juro que se pudesse..

- Faz parar.. faz parar..

Ela gritou, como se alguém estivesse partindo-a no meio com força, meus ombros tremendo ouvindo seu grito alto, o grito mais doloroso que eu já tinha ouvido em toda a minha vida. A apertei mais, tentando arrancar seu desespero a todo custo, mas nada acontecia, quanto mais os segundos se passavam, mais ela gritava, e mais eu me quebrava em cacos pequenos.

No fundo de mim, eu me amaldiçoei, eu desejei que nunca tivesse entrado na vida dela e causado tanta dor em nós dois como agora. Eu preferiria mil vezes assisti-la ser feliz com outro homem que não trouxesse tanta dor para ela, mesmo a amando como um louco. Porque tudo em pertence a ela, se ela sofre, nós sofremos, se ela ri, nós sorrimos. Merlia díaz é o meu nascer do sol.

e agora ele tinha se apagado, se apagado e levado a minha felicidade consigo.

- Está doendo - falou em meio ao choro, esfregando seu rosto contra meu peito.

- Dói em mim também, amor.. - chorei - Dói tanto..

- Por que? por que o nosso filho? podia ter sido eu!

- Eu preferia que tivesse sido à mim.

Continuamos chorando, os dois agarrados um no outro com tanta força como se isso pudesse ser a nossa única maneira de realmente nos consolar no meio de tanta dor. Como se essa fosse a única luz em meio à tanta névoa e escuridão no momento.

Ela me puxou para a cama do hospital, onde deitei ao seu lado, era apertado, mas agora nós só queríamos ficar o mais perto possível, se pudéssemos entraríamos um dentro do outro e nos tornariamos um novamente. Sua cabeça enterrada na curva do meu pescoço, molhando toda a minha pele com suas lágrimas, meus braços a cercando e apertando mais contra mim.

Não sei como as coisas iriam ficar depois de tudo que aconteceu, mas eu nunca mais a deixaria sofrer e chorar como agora. A cada soluço meu peito dói, a cada grito rouco eu quero me rasgar por inteiro e dar a única parte que me resta, para enfim, ela ficar completa novamente.

Beijei o topo da sua cabeça várias vezes, sua mão tocando meu rosto molhado enquanto chorava mais baixo agora. Seu olhar vazio direcionado para a parede até que ela adormeceu em meus braços, o silêncio caindo sobre mim e deixando-me pensar sozinho.. mergulhar dentro da tristeza que eu estava sentindo em minha alma.

profunda, dolorosa, arracando meus pulmões para fora e me deixando sem ar, sem vida e sem cor.

eu sentia as minhas forças indo embora a cada segundo que se passava, e sinceramente, eu não faria absolutamente nada para impedir que essa tristeza tomasse conta de mim.

Que ela levasse tudo que eu ainda tinha e deixasse vazio, quem sabe assim, a dor pararia para sempre..

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Boa leitura! ❤