Morte

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Feliz é aquele que consegue chegar o quanto antes ao estágio mais desejado da vida, a morte.


- Vamos acorde Jully.
A voz de Edgar Ferdoni era misteriosa e ao mesmo tempo acolhedora.

No banco do carro estava meu corpo completamente dolorido e exausto, atrás haviam três guardas-costas prontamente armados e atentos.
Edgar dirigia rapidamente e estava calado, o que era mais estranho que o normal.
Seu silêncio agonizante me fez pegar no sono, deixei os sonhos me dominarem e só acordei quando ele me tocou na esperança de que eu pudesse então despertar.

- Edgar...

- Quem mais seria?
Ele disse sorrindo e tocando meu rosto.
O carro estava parado e somente nós dois estávamos dentro dele.

- Já chegamos?
Perguntei dando um leve bocejo.

- Não exatamente.
Ele disse.

Olhei para os lados tentando reconhecer o local e torcendo para estarmos em algum hospital e eu conseguisse ver Dominik e saber se ele estava bem.
Percebi que não estávamos em nenhum hospital da cidade do México e logo me veio a decepção.

- Onde estamos Edgar?
Falei com um olhar zangado.

Ele sorriu e disse com bastante calma:
- Estamos em frente ao meu apartamento.

- Mas Edgar o que eu te pedi?

- Eu sei, eu sei. Mas primeiro você precisa tomar um banho e eu também, eu preciso fazer um curativo nesse ferimento e estar adequado para continuar te protegendo.

O olhar que ele transmitia era de afeto e cuidado, como se eu fosse de vidro e a qualquer momento pudesse cair e me despedaçar.
Eu o encarei com meu olhar de desaprovação e disse por fim:

- Se for rápido!

- Claro que será.

A dúvida veio em minha mente e não pude deixar de evitar.

- Onde estão os outros?

- Quem? O Emílio, Dimitri e Willon?

- Acho que sim.
Falei sem saber ao menos o nome de um dos três.

- Eles foram se recompor em outro lugar, vem vamos entrar.

Ele me ajudou a descer do carro, entramos na recepção do prédio, Edgar sempre sorridente e rápido. Abriu o elevador e subimos até o vigésimo andar e adentrando em sua casa pude ver que ele se sentiu confortável.

O apartamento era grande e tinha um designer bem sofisticado, uma cozinha com balcão e plantas decorativas. Paredes cor de marfim e cortinas acinzentadas davam um semblante melhor ainda para a sala, onde havia uma enorme televisão e uma vista incrível da cidade pela janela.
Logo a frente havia um corredor e pelo que percebi haviam três quartos, cada qual fechado e com portas brancas. No fim do corredor havia uma pequena biblioteca com livros, três poltronas e um tapete bege que alcançava todo o perímetro do cômodo.
Franzio cenho, Edgar tinha sim bom gosto.

- Já terminou seu tour?
Ele disse ao longe.

Olhei para trás e vi que estávamos distantes e ele já estava sem roupa, apenas com uma toalha branca como a neve. Recuei quando ele veio sem aproximando, farejando minhas emoções e curioso para saber algo, eu só não sabia o que era.

- Sua casa é bem bonita.
Falei meio sem graça por ele estar sem roupa.

- Obrigada, eu quase não fico aqui.

- Mas deveria, eu me sentiria muito bem aqui.

- Se sentiria?
Ele perguntou com um ar perverso e indecente na voz.

Aos 18Onde histórias criam vida. Descubra agora