Quando se é um bandido automaticamente você pode ir parar na cadeia, e eu não imaginava meu pai nessa situação complicada, e nem que o motivo da sua ausência seria por não poder ser mais livre.
Eu não respondi nada quando Dominik me contou onde estávamos.
Ele percebeu meu desespero através de meus olhos que se encheram de lágrimas incontroláveis.
Comecei a andar em direção ao carro, sem olhar para trás.
Ele me seguiu segurando em meu braço e me puxando para perto de si.- Ei Jully! Fique perto de mim.
- Não estou me sentindo bem.
Eu disse abaixando a cabeça.- Recobre-se! Ares não pode saber que eu te disse algo.
Ele disse tocando minha testa suada.- Entendido Capitão.
Eu disse fazendo gestos como se fosse um soldado, ele sorriu me soltando e indo em direção ao carro.
Ares nos olhava as vezes, ela estava em uma conversa longa com o guarda.
Abri a porta do carro e sentei-me no banco, coloquei as pernas para fora e observei a lua,
Dominik se apoiou na porta do carro olhando-me.- Você está confusa não é mesmo?
- Você não imagina o quanto.
- Eu queria poder te ajudar, mas não é permitido.
- Mas por que?
Respondi inconformada.- Eu recebi ordens.
- Mas ninguém vai saber.
Falei com um olhar carente.- Vai sim. Você não deve confiar em ninguém.
Ele disse abaixando-se no nível da porta e me olhando com um olhar que parecia preocupado, não o respondi, apenas assenti virando o olhar para Ares que vinha em nossa direção.- Está tudo pronto Jully.
Ela disse encostando-se em Dominik.Eles pareciam ser bem próximos mesmo, não que isso me deixasse incômoda, eu sentia um clima estranho entre eles. Me levantei e segui Ares que estava a nossa frente, chegando perto do portão olhei para os guardas que me encaravam.
Ele se abriu, enorme e impenetrável, me deu calafrios quando avistei o primeiro prédio.
PRESÍDIO DE SEGURANÇA MÁXIMA.
PORTÃO VERMELHO
CIDADE DO MÉXICO.
Li e traduzi rapidamente enquanto seguia Ares, tudo estava escuro e sinistro,
guardas nos encaravam como se fossemos monstros, o silêncio reinava e a brisa trazia um cheiro ruim de esgoto.
Entramos em um corredor enorme, rodeado de luzes fracas que piscavam sem parar,
segurei na mão de Ares com receio de passar ali.
Ela me olhou com um olhar de "Está tudo bem".
Dominik nos seguia mais atrás, observando cada canto do presídio, ele era enorme, dividido em quatro enormes prédios com uma cor branca descascada, a cerca era enorme, assim nenhum preso esperto tentaria fugir.Andando eu pude perceber um pátio enorme com equipamentos de academia e uma quadra de basquete, imaginei que seria para o lazer dos presos.
Eu só podia ouvir os passos pesados e barulhentos, havia três guardas conosco, nos guiando até o nosso destino.
Eu estava ansiosa, e ao mesmo tempo aflita, nunca imaginaria que estaria conversando com meu pai em um presídio.
Faltava cinco dias para o meu aniversário, e com certeza não teria um dos bolos da tia Carla, ou um amigo oculto do pessoal da biblioteca.
Eu não conseguia mais imaginar minha vida daquele momento em diante.Comecei a suar frio de acordo eu ia chegando ao meu destino, saímos do primeiro corredor e entramos em outro onde estava escrito na parede.
Ala 02
Homicídio
Senti meu estômago revirar pois o mal cheiro de esgoto havia piorado, eu não havia soltado a mão de Ares, me sentia meio que segura ao seu lado, apenas via nossas sombras sumir pelas paredes descascadas e sujas.
As luzes aumentavam e eu podia ouvir um som de panelas batendo-se violentamente, apertei mais as mãos de Ares que me olhou intrigada.
- Você está bem?- Acho que não.
- O que houve Jully?
Ela perguntou cessando os passos largos que dava.- Eu nunca havia estado em um presídio antes, só isso.
Eu disse abrindo e fechando os olhos devagar.Ela sorriu e continuou a caminhar, chegamos em uma porta de ferro trancada com cadeados enormes, um dos guardas abriu a porta que rangeu alto.
Havia cinco corredores enormes com muitas celas, grades enferrujadas, um ar abafado e luzes fracas quase se apagando.
Passamos por um dos corredores e era sinistro, os presos em meio as grades nos encarando como se fossemos comida, uns gritavam algo em espanhol que eu não sabia decifrar o que era, enquanto outros batiam pratos nas grades das celas, como se fossem cães famintos e
alguns estendiam as mãos como mendigos desesperados.
Mas havia a maior parte, a parte que só observava, como gatos espreitando a presa,
como cobras prontas para dar o bote, e claro que isso tudo me dava calafrios. Eu tentava esconder meu medo, mas era inevitável.Ares não tinha nenhum semblante. Ela parecia ter ido a aquele lugar inúmeras vezes.
Dominik olhava para os presos com um olhar de tédio, ele não me parecia incomodado com eles.
Enfim chegamos ao final do corredor, viramos e esquerda nos dando de cara com uma porta enorme similar a anterior.SALA DE VISITAS.
MONITORADA 24 HORAS.Enquanto lia e traduzia, os guardas abriram a porta devagar, Ares entrou rapidamente e em seguida entrei com Dominik.
Os guardas ficaram à porta nos vigiando, a sala era estranha e muito clara, com uma mesa pequena e duas cadeiras ao lado, uma janela minúscula e um ventilador de teto bem barulhento. Quando estávamos dentro Ares me pediu para sentar, e eu obedeci.
Olhando para cima pude ver duas câmeras de segurança, sorri e mostrei o dedo por impulso,
Dominik que estava em pé ao meu lado, sorriu de leve.
Olhei para o lado e vi, uma porta enorme de aço, com uma janelinha no alto.
Me concentrei na porta esperando meu pai entrar por ela me olhando, eu poderia ser o que ele esperava que eu fosse?! Eu poderia ajuda-lo ou culpa-lo por me sentir uma órfã mal amada?!.Eu estava impaciente e não acontecia nada, olhei para Ares e Dominik que me olhavam atentos.
Poxa, onde estava meu pai? Por que essa demora estranha?
Sem paciência bati as duas mãos sobre a mesa com força.- O que vai ser? Vou ficar aqui esperando esse velho depois de quase 18 anos.
Falei olhando nos olhos de Ares, que se assustou.- Vamos, onde ele está?
Falei me levantando e encarando Dominik.Ares retirou sua atenção de minhas palavras e dirigiu-se a olhar para a porta que se abria devagar.
Eu não me virei para olhar, eu travei no momento mais esperado por mim, talvez por receio de olhar para ele e não ser forte o bastante para falar alguma coisa.
- Você poderia ter puxado o meu lado da família.
Uma voz rouca e grossa ecoou sobre a sala, eu não conseguia respirar, nem me virar e olhar para o seu rosto.
Ares o cumprimentou com a cabeça e Dominik fez o mesmo, porém eu não conseguia me virar e encara-lo de uma vez.
- Você está muito estressada para a sua idade querida.- Você acha?
Respondi ainda de costas, com um tom irônico e com lágrimas em meus olhos.- Desculpe-me te deixar esperando todo esse tempo.
Ele disse com uma voz triste.Eu não respondi, olhei para Ares tentando tomar coragem e encarar o meu pai, queria ver como ele estava, ouvir tudo o que ele tinha para me dizer, saber sobre a minha origem, sentir-me completa.
Eu não consegui conter as lágrimas que me fazia chorar alto, o silêncio tomou conta da sala, eu queria acabar com esse meu medo idiota, precisava acabar com esse receio de olhar nos olhos dele.
No impulso virei-me correndo em sua direção, eu não via a magoa e nem o ódio, via uma menina doce e singela com saudades do pai, eu o vi em minha frente de braços atados e coração ardendo assim como o meu.
Eu senti que era a hora de deixar tudo de lado e viver, quando me vi estava em seus braços, o abraçando forte e ouvindo sua respiração ofegante, seus braços me envolviam com uma ternura incrível.
Eu não queria solta-lo, eu não queria imaginar que não me lembrava de nossos momentos juntos na minha infância, só queria chama-lo de pai e dizer que precisava dele.- Querida.
Ele disse me apertando em seus braços.Eu respondi em meio aos soluços:
- Papai.- Eu senti muito a sua falta.
Ele disse acariciando meus cabelos.
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Aos 18
AzionePlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...