Pesadelo

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O local era tenebroso, o silêncio tomou conta de mim e não me deixou responder nada a Aurora, ou talvez eu não ousasse falar algo que poderia me dar o título de louca.

Ela apenas direcionou seu olhar para Nero, um olhar de comando, como se fosse um código que eles tinham ou um sinal para que ele fizesse algo comigo, era incerto mas certeiro.
Nero veio em minha direção com aquela corda em suas mãos, ele era realmente assustador, ainda mais em uma sala estranha como aquela.

Olhei para trás e vi Aurora colocar o gato no chão, logo após fechar a porta lentamente, ela me olhava com um semblante tão vitorioso que me dava náuseas. Nero me agarrou forte pelo braço, eu tentei me soltar e dei a ele um olhar de fúria, ele não disse nada, parecia calmo e cauteloso, como se eu fosse apenas uma boneca de papel.
Com a corda pendurada no pescoço Nero me arrastava para perto de uma cadeira velha e enferrujada que estava no meio da sala. Em cima de seu acento havia um pedaço de tecido branco, ele cobria todo o acento e suas pontas tocavam o chão.
Nero praticamente obrigou-me a sentar na cadeira, eu não queria, eu estava aflita e sentia que algo ruim aconteceria, meu coração batia tão forte que ao parecer poderia explodir a qualquer momento.

Aquela corda machucava bastante meus braços, ela me apertava bastante, Nero havia colocado muita força ao me amarrar, fez um encontro entre meus dois braços e deu um laço bem feito, que parecia difícil de se desfazer, logo após ele se afastou de mim, ficando a minha frente porém distante, observador.

Senti uma dor estridente no pescoço, era Aurora, ela havia puxado meu cabelo para trás com muita força, assim então inclinando meu pescoço e me fazendo a ver, mas de cabeça para baixo.
Ela estava realmente feliz, uma felicidade que tinha respingos de loucura, ela rodeava a cadeira onde eu estava sentada várias e várias vezes, sem dizer nada, apenas me olhando e sem tirar o maléfico sorriso do rosto.

Der repente ela parou bem próximo a mim, apertou minhas bochechas com uma das mãos, fazendo assim minha boca se esticar para a frente, olhou bem no fundo dos meus olhos como se procurasse minhas emoções, em seguida ecoou de sua boca uma voz gélida.

- O que eu devo fazer com você? Jully.

- Me solte Aurora, me solte.

Minha voz estava rouca e falha, eu estava suando e foi difícil falar já que Aurora estava me apertando os lábios, ela parecia se alimentar do meu medo, na verdade estava se alimentando. Como se fosse um urubu ela me rodeava.

- Te soltar? Mas já? Querida, nem brincamos ainda.

- Eu não quero brincar, eu quero ir embora pra casa, me deixe em paz!

- Casa? Você não tem mais casa! Essa é sua casa agora.

- Não, não é. Você ainda vai se arrepender de estar fazendo isso comigo, meu pai, ele vai...

- Seu pai não está aqui garota tola! Eu dito as regras, eu sou a soberania desse lugar!

O olhar feliz de Aurora havia sumido, dava para perceber que quando se falava no meu pai ela deixava vir a tona todo o ódio que sentia por ele.
Ela me apertou novamente por um tempo e logo após virou-se em direção a Nero o chamando com a mão, ele veio imediatamente sem hesitar um segundo sequer, ele realmente estava contra a minha liberdade.

Os minutos seguintes foram preenchidos de cochichos, vi Aurora falando no ouvido de Nero algo por um tempo, eu não ouvi, ela falava baixo demais.
Ele que estava com um semblante gélido e ao mesmo tempo dócil, deu lugar a uma face fria, assustada e incrédula.
Algo me dizia que Aurora havia pedido algo terrível para ele, isso me deixou com muito mais medo, eu estava nas mãos de uma psicopata, uma pessoa muito perigosa que poderia pensar e fazer qualquer loucura que se pode imaginar, eu sentia que algo aconteceria, algo ruim, agonizante, desumano e doloroso. Meus instintos quase sempre estavam certos, e eu tinha certeza que ela era capaz de tudo.

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