Como aquela mulher poderia estar frente a frente comigo?! Isso era muita coincidência e era muito estranho.
Ela me olhou por alguns segundos e eu fiz o mesmo encarando-a e piscando várias vezes para ter certeza do que via.Senti um movimento repentino,ela me esbofeteou violentamente, acabei me afastando por conta do impacto.
Minhas bochechas ficaram vermelhas e ardiam muito, o tapa foi forte e certeiro.
Eu não entendia porque ela estava fazendo aquilo.Ela sorriu me dando um chute no estômago que me causou uma dor insuportável, cai no chão colocando a mão sobre a barriga e gritando de dor.
Tentei me levantar mas ela não deixou, pisou em minha mão e me deu um chute nos peitos, gritei desesperada por ajuda, mas ninguém estava lá para me ajudar. A dor era intensa, me fazia sentir tontura e uma queimação em todo o corpo.Ainda no chão levantei a mão tentando pedir para que ela parasse com aquilo, mas ela apenas balançou a cabeça com o mesmo sorriso e me chutou no estômago mais uma vez.
Isso me fez rolar sobre o tapete sem parar, eu sentia muita dor e queria sair dali.- Coitadinha está doendo?
Ela disse com um tom irônico na voz rouca e baixa.Eu apenas a olhei de relance e recebi mais um chute, esse foi no rosto me fazendo sentir imediatamente o gosto do sangue em meus lábios. A dor era tão grande que minhas pernas adormeceram pois ela era forte, forte até demais.
Eu não estava mais aguentando ficar de olhos abertos, era tanta dor e tanto desespero. Eu so queria sair dali e me aconchegar nos braços de Dominik ou do meu pai.Aquela mulher me chutava continuamente e eu gritava de dor.
Eu não tinha lágrimas para poder chorar naquele momento, tudo parecia escurecer mais e mais.As últimas palavras que eu pude ouvir antes de perder o sentido foram:
- Feliz aniversário Jully Evangeline.
Uma escuridão tomou meus olhos que já estavam cansados de apanhar, um pesadelo macabro invadiu minha mente no momento em que eu fugia da realidade. Eu via sangue muito sangue, estava tudo embaçado em minha cabeça.
Ouvia gritos abafados de socorro mas eu não podia ver quem gritava, tudo estava escuro e turbulento.Acordei com uma luz em meu rosto. Era a luz da janela da prisão onde eu estava anteriormente.
Na cama eu estava jogada como um objeto qualquer sem utilidade.
Meu corpo inteiro estava dolorido, tudo estava doendo sem parar. Meus braços estavam sujos de sangue e eu sentia que minha boca estava muito machucada.Com muito esforço me sentei na cama e olhei em volta tentando respirar direito, tudo estava monótono e silencioso.
Eu estava com fome, com sede e com medo.Agora fazia sentido o que Ares me disse antes sobre a mulher do quadro. Ela era má, muito má por sinal, parecia me odiar mas eu não havia feito nada à ela.
Eu queria poder saber que horas era, saber se meu pai havia se lembrado novamente do meu aniversário pois agora eu era realmente uma mulher, eu tinha o total domínio sobre mim. Minhas atitudes daquele momento em diante poderiam interferir no meu futuro, se é que eu teria algum futuro.
Eu estava me odiando por ter sido fraca e não ter revidado naquele momento, ela só me espancou porque eu era fraca e eu realmente me odeio por isso.Agora eu estava sentindo dor e talvez ela estava brindando com o melhor vinho e rindo da minha desgraça, como se não bastasse estar longe de todos que me protegiam eu estava sujeita a tortura e a caçoação.
Eu sequer sabia se Dominik, Ares, Edgar ou até mesmo Sara estavam bem.
Se não estivessem a culpa seria totalmente minha. Eu era o motivo daquela missão, o motivo pelo qual eles arriscaram suas vidas.
Eu realmente não valia a pena.Suspirando me deitei na cama e fechei os olhos tentando enganar minha dor.
Um barulho veio da porta me tirando de meus pensamentos.
Ainda deitada olhei para a porta e vi passar por baixo dela um prato enorme.
Vi que era comida e me alegrei um pouco, mas antes de ir ver o que era tive receio pois imaginei que a comida poderia estar envenenada certo que naquela altura do campeonato tudo era possível.
Eu estava com muita fome, meu estômago roncava querendo algo para preenche-lo. Dei de ombros e me levantei devagar indo em direção ao prato.
Meus olhos brilharam quando vi fritas e um bife enorme, havia também picles e purê de batata. Abri um leve sorriso quando vi um enorme copo de refrigerante.
Peguei o prato e me sentei alí no chão mesmo, era estranho que uma prisioneira como eu recebesse aquele tipo de comida para comer, sempre vi em filmes que recebiam pão velho e água.
Dei de ombros e comecei a comer com tanta rapidez que eu mesma me assustei.
Estava ótima a comida, a cozinheira deles era das boas, ou o restaurante em que compraram.
Tomei um gole do refrigerante que era de uva e senti minha garganta queimar de leve.Antes que eu termisse de comer a porta se abriu me fazendo tirar o olho da comida para ver quem entrava.
Nero passou pela porta sem me olhar,
Se sentou na cama e observou o lençol sujo de sangue. Eu estava envergonhada por alguém me ver naquele estado.
Em suas mãos estava uma maleta de primeiros socorros, ele não disse nada apenas fez um gesto com a mão me chamando.
Com muito esforço me levantei e fui mancando em sua direção. sentei-me na cama e olhei para meus pés.- Estou aqui para fazer seus curativos.
- Sério? Vocês me batem e agora querem fazer curativo?!
- Desculpe Aurora, as vezes ela é impiedosa.
- Olhe para mim! Está doendo tudo.
- Eu não queria te colocar nessa situação, acredite.
- A Nero fala sério!
- Estou falando. Se você quer colocar a culpa disso em alguém, coloque no seu pai.
- Meu pai?
- Sim
- Por acaso ele que mandou vocês me raptarem?
- Não, mas isso foi devido a escolhas que ele fez no passado.
- Que escolhas?
- Isso só Aurora pode te dizer.
- E você acha mesmo que ela vai dizer?
- Sim.
- Quando?
- Não irá demorar, é so aguardar.
- Certo!
Nero sorriu de leve, aquele mesmo sorriso das outras vezes que nos encontramos.
Ele mesmo virou meu rosto e começou a limpar minha boca fazendo a mesma arder, acho que ele passava álcool, porque tinha cheiro.- Aiiii!
Falei me afastando um pouco de sua mão.Ele não disse nada apenas continuou o procedimento.
Quando Nero tocou meu olho esquerdo senti uma tremenda dor, tirei sua mão de meu rosto e me encolhi na cama.Ele retirou minha mão de meu rosto me colocando frente a um pequeno espelho que estava na maleta. Eu me assustei com o que vi, estava toda machucada, com cortes na bochecha direita e na boca.
Meu olho estava roxo e por isso doia tanto.
Me virei não querendo olhar para meu reflexo, eu estava horrível.
Nero continuou me limpando e colocando curativos em meu nariz.
Fiquei muito envergonhada por estar tão machucada.Após alguns minutos Nero terminou os curativos no rosto e foi em direção a minha barriga que estava repleta de hematomas. Ele passou um gel gelado e enfaixou, suspirei sentindo um pequeno alívio.
- Pronto, mais tarde você tomará seu banho.
- Ok.
Falei sem graça.Ele se levantou para ir mas antes o questionei sobre me alimentar tão bem com aquela refeição generosa. Ele apenas deu de ombros e disse algo como "Todos tem direito de comer" eu apenas ouvi, não agradeci o ato, afinal ele não estava do meu lado.
Ele parecia ter lembrado que esquecia algo.
Abriu a maleta e me deu algo embrulhado em um papel de presente.
Fez um gesto de despedida e saiu fechando a porta.
Curiosa abri o presente e dei uma leve levantada de sobrancelha.
Era o mais triste dos livros "A Rainha de Sangue".

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Aos 18
AcciónPlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...