Aquele com certeza era um dos piores dias da minha vida, era como se eu não tivesse mais motivos para existir ou lutar pela minha liberdade, eu era fraca, tola e inocente de achar que Aurora teria piedade de mim. Ela fez eu me despir em sua frente, me deixando apenas com as roupas íntimas no corpo, era tão constrangedor que eu não conseguia olhar para nenhum dos dois, era tão doloroso que eu não tinha forças para me sentar na cadeira novamente, eu apenas fiquei de pé, tentando esconder um pouco do meu corpo, me encolhendo como se fosse um animal amedrontado.
Com imensa brutalidade Aurora me empurrou contra a cadeira, eu senti minhas pernas se chocarem uma com as outras devido ao impulso do empurrão. Isso também fez-me sentar na cadeira bruscamente, olhei bem nos olhos de Aurora e comecei a chorar, era um medo enorme que eu já não conseguia mais controlar. Onde estava Ares e Dominik? Eu queria tanto estar com eles, eu queria tanto agradecer por tudo que eles haviam feito por mim, pelo esforço de cada um em me proteger. Era horrível não saber o que iria acontecer comigo, eu já sentia o gosto da morte.
Nero apagou a luz nos deixando em uma escuridão sinistra, não se podia ver nada, nem ele, nem Aurora e muito menos o gato estranho que era da cor da escuridão.
Eu fiquei bastante assustada, qualquer movimento seria um perigo devastador.Uma luz intensa ofuscou completamente meus olhos cansados, era uma lanterna que estava nas mãos de Aurora. Ela sorria intensamente movimentando a lanterna rapidamente como se eu fosse um gato atrás de um pontinho vermelho na parede, suas risadas eram altas e fortes, ela parecia se divertir comigo, naquele momento eu estava mais para o animalzinho de estimação daquele mulher perversa.
Ninguém para me socorrer, nenhum refúgio a vista, eu estava completamente sem saída, estava tão escuro que eu não podia ver claramente o rosto de Nero, mas percebi que ele estava distante, apenas observando.
Aurora deu uma pausa para chamar a atenção de seu subordinado.- Nero, as algemas?!
Ela perguntou iluminando o rosto opaco de Nero, que estava apoiado em um enorme barril de madeira, um daqueles antigos onde os piratas gostavam de guardar Rum.No mesmo instante Nero trouxe as algemas e as ofereceu a Aurora que lhe mandou me algemar,
ele se abaixou, e eu senti suas mãos trêmulas, seu semblante diferente dos anteriores, aquilo me deu mais medo ainda. Se até Nero que era durão estava daquele modo, o pior realmente estava por vir.Após me algemar ele se afastou rapidamente, como se não desejasse olhar nos olhos de Aurora, eu só conseguia chorar e chorar, gritando para que ela me deixasse em paz, mas ela apenas sorria e iluminava meu rosto, quanto mais eu implorava mais ela dava gargalhadas estrondosas.
- Nero, a água?!
Ela falou friamente após alguns minutos brincando com sua lanterna.Nero com um pouco de esforço trouxe consigo o enorme Barril que eu havia mencionado anteriormente. Nele continha uma enorme quantidade de água, e um balde preto que Aurora fazia questão de iluminar, ela estava me mostrando cada detalhe daquela tortura, a dor ia se encarnando em meu corpo e mente vorazmente sem pedir licença.
Engoli em seco, senti que perdia o movimento das pernas, meus lábios tremiam sem parar, ótimo, para minha infelicidade era um dos meus inúmeros ataques de pânico.A água estava muito gelada, na verdade dava para perceber que nela havia inúmeros pedaços de gelo, e eu fui a escolhida para tomar um banho de água fria. Aurora observava Nero derramar vários baldes de água sobre minha cabeça, eu estava com bastante dificuldade para respirar, sem contar que meu corpo estava congelando, eu estava com bastante frio, e tremia constantemente. Eu me debatia tentando escapar de alguma forma mas era totalmente impossível, era doloroso sentir aquela angústia aumentar dentro de mim.
Após inúmeros baldes de água gelada Nero cessou o meu banho especial, eu estava de cabeça baixa, sem nenhum movimento visível, estava pensando naquela última semana, em tudo que eu havia passado para no fim acabar ali, nas mãos de uma maluca psicopata.
- Não fique triste querida, o jogo ainda não acabou!
Aurora me rodeava vangloriando sua satisfação por ter feito aquilo comigo. Eu não respondi, apenas continuei ali, cabisbaixa sem sentimentos, sem reações, sem vontade alguma de olhar para aquela mulher.
- Segunda etapa Nero.
Ouvi ela se comunicar com Nero novamente, mas não olhei, eu não tinha estômago para tudo aquilo. Eu já havia aceitado a minha morte, era o fim, eu sentia, eu previa que aquele seria o meu último dia respirando o ar poluído do mundo.
Dor era a palavra certa? Ou angústia? Morte era a finalidade ou tortura? Sangue, ela queria ver o meu sangue escorrendo pelo chão, como se eu fosse um animal abatido em uma caçada complicada pela floresta negra.
Ela queria usar o meu corpo como cobaia? Ou era um prazer extremo?
Ouvir ela dizer " Segunda etapa " me dava a entender que ela já havia feito aquilo antes, ela já havia torturado alguém naquela sala, talvez na mesmo cadeira, com a mesma corda amarrada em seu corpo. E onde estava essa ou essas pessoas? Mortas? Malucas assim como ela? Ou vendo o fantasma de Aurora os rodear pelo resto de suas malditas vidas. Talvez vagavam pelo mundo com suas almas perturbadas sem o direito de descansar em paz, pois ainda sentiam a dor causada por Aurora, os gritos, o pavor, o sangue, era um jogo de dor, um jogo de loucura, e eu estava lá, estava em uma sala de tortura sem saber que destino eu iria trilhar.Uma onde de pavor brotou de meus olhos quando senti uma enorme descarga elétrica invadir meus órgãos, era como se meu corpo estivesse em chamas mas sem fogo.
Eu comecei a gritar sem parar, eu não podia ver o que estava acontecendo mas a dor era horrível, eu queria muito que aquela agonizante dor parasse ou minha cabeça iria explodir.
A dor não parava, ela ia aumentando a cada segundo, como se a descarga atribuída estivesse aumentando.
Eu não estava mais enxergando nada, apenas uma queimação interna que parecia explodir meus ossos e roer minha carne.- Aaaaaaaa! Pare com isso, por favor, pare!
Eu só conseguia gritar, eu não tinha mais forças, eles estavam a me eletrocutar viva e molhada, isso era desumano, era nojento.
Eu podia ouvir bem lá no fundo, as risadas que Aurora dava ao ver que eu estava sofrendo, ela se sentia tão satisfeita que era capaz de se sentir um brilho maléfico irradiar de seus olhos verdes.
Após algum tempo os choques cessaram e meu corpo parou de funcionar, eu não tinha forças para mexer nenhuma das pernas, não tinha fôlego para conseguir falar, eu apenas olhei para Aurora que tinha sua imagem maldosa reluzente na pouca luz que havia naquele local.
- Segure a lanterna Nero!
Ela disse ao se aproximar de mim.Nero o fez e eu continuei a encarando.
- Está gostando da nossa brincadeira Jully?
- Vá pro inferno.
Respondi com a voz trêmula.- Oh! Que grossa, seus tios não te ensinaram bons modos querida?
- Sim, mas não para usar com pessoas como você!
- Tola.
Ela respondeu com um tom de ironia na voz.Logo em seguida veio um tapa em meu rosto que deixou uma leve queimação em minha bochecha, logo em seguida veio outro e mais outro, der repente eram vários tapas um seguido do outro, sem piedade, sem pausas.
Era muita dor, meu corpo não estava mais aguentando tudo aquilo, era agonizante demais para suportar.Senti o gosto de sangue em minha boca logo após Aurora parar de me bater, certamente eu estava sangrando de novo.
Voltei a ficar cabisbaixa e pude ver o sangue pingando no chão, de leve, fazendo um pequeno círculo vermelho.
Meus olhos queriam se fechar e se possível nunca mais se abrirem, eu preferia morrer ao ficar sendo torturada daquela forma.Eu estava semi nua, totalmente molhada, com o corpo dolorido por ter recebido uma enorme descarga elétrica, com hematomas no rosto e vendo o meu sangue cair pelo chão, apenas com uma luz de uma lanterna. Daí eu pensei, como aquilo tudo poderia piorar.
Mas logo em seguida acabei me culpando por ser tão boba de me fazer aquela pergunta, sempre acontece algo ruim quando se pensa em algo como o que pensei. E sim, aconteceu, vi Aurora se abaixar e retirar da mala uma arma.Apontando a mesma para minha cabeça a psicopata cuspiu no chão com um semblante de nojo no rosto.
Com certeza aquele seria o meu fim.----------------------------------------------------------------------

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Aos 18
ActionPlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...