Álcool

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* Ares

Jully acabou pegando no sono e nós aproveitamos para esclarecer algumas coisas  durante o trajeto.

Dominik não falava muito, talvez ele estivesse pensando, não só em seu novo romance mas também em sua sobrinha que ele sequer teve a oportunidade de conviver.
Edgar nos passava as instruções sobre o trajeto que iríamos desviar passando por uma floresta pouco transitada, afinal precisávamos despistar os capangas de Aurora.
Eles com certeza estariam a nossa espera, em algum canto escuro da estrada principal e por isso
era mais seguro nos arriscar na floresta, a deixar Jully ser apanhada novamente.
Ela era como se fosse Mônica, talvez tivessem quase a mesma idade, se fosse minha filha a ser raptada eu ficaria maluca.
Mesmo não tendo nenhum contato com ela, mesmo sem saber o que ela pensa sobre mim. Sim, eu faria tudo por ela.

Frederick é um homem ambicioso, daqueles que fazem tudo por uma boa quantia em dólar,
me lembro quando ele aceitou o trabalho de assassinar o governador do Canadá, foi um crime tão épico que eu mesma fiquei com medo dele.
Nos conhecemos em uma boate no centro da Cidade do México.
Eu, frustrada por Christopher estar feliz com Helena  sem sequer se dar conta da minha inútil existência.
Estava mal, magoada, jogada a mercê de uma mesa cheia de bebidas.
Do meu lado estava uma garota que eu nem sabia o nome, estávamos bebendo como duas vadias loucas, eu virava cada copo em frações de segundos.
Era o primeiro dia em que eu havia caído, literalmente.
Eu nunca havia me sentido assim, tão desamparada, deixando meus sentimentos vir a tona como uma bomba atômica.
Eu estava tão mal que havia até mesmo pensado em suicídio, morrer talvez fosse a melhor opção para uma mulher rejeitada, eu não enxergava mais algo bom para meu futuro.
Ele havia me beijado, mas porquê eu não sabia, se ele não sentia nada, por que alimentou esse sentimento dentro de mim?
Talvez fosse parte do seu plano para escapar da polícia, e pelo o que estava acontecendo comigo, o plano havia dado certo.
Eu estava me afogando em um mar de ressentimento, pois nunca havia sentido o amor antes, e agora que ele havia aparecido para mim, era em forma de dor.

Frederick estava sentado no balcão ao lado, ele observava o local enquanto tomava um drink, seus olhos verdes eram iluminados pelas luzes da balada.
Muitas pessoas bêbadas dançando, cantando e se divertindo e ele lá, apenas pensando em algo, talvez fosse um plano para algum assassinato.
Eu o olhei de relance, e voltei a beber, mais e mais, até chegar em um ponto que eu não conseguia mais engolir nada.
Resolvi ir para a pista de dança, movimentar os meus músculos, mesmo que dançar não fosse algum de meus hobbies.

Comecei a dançar loucamente, tropeçando em meus próprios pés, escolhendo os lugares onde eu não deveria me aproximar e mesmo assim me aproximando.
Em um momento, sem perceber acabei esbarrando em um dos bancos do centro e cai de cara no chão.
Naquele momento eu nem me importei, apenas me levantei e sorri para Frederick que não teve expressão alguma em sua face, não o conhecia, mas havia o achado bastante atraente.

Voltei para a pista e comecei a dançar de novo, mas dessa vez era uma dança bastante sensual, eu fazia alguns gestos sexys e olhava para ele, eu não sabia o que eu tinha na cabeça!

Ele continuava tomando o seu drink, cautelosamente, sem nada a temer.
Por um momento eu me senti frustrada de novo, por que ele não olhava para mim? Eu não era bonita o suficiente?
Eu só estava querendo me divertir, talvez com algum homem másculo e safado.
Meu Deus eu não era pervertida daquele jeito, beber não era algo comum para mim, então eu merecia um ponto extra.

Me sentei ao seu lado, eu não podia deixar de insistir, de alguma forma ele me interessava e muito.

- Olá.

 Falei sorrindo.

Ele não respondeu.
Insisti.

- Ei, não está me ouvindo?

Mais uma tentativa falha.

Estava prestes a me levantar e sair de lá, procurar outra pessoa para me consolar, mas no ato de chamar o garçom ele falou comigo.

- O que você quer? Ele disse com um tom bastante suspeito na voz.

- Olha! - O rato não comeu sua língua.
Eu me lembro de ter dito.

- Responda!

- Eu só queria te conhecer melhor bonitão!

- Qual o seu nome?

- Meu nome é  Ares, mas pode me chamar de "sua".
Falei dando risadas.

Ele não respondeu mais nada, apenas se virou para o balcão e voltou a tomar mais um drink.

Eu fiquei um pouco confusa, perguntar meu nome e não continuar a conversa?!

Mas eu insisti.

- O que um homem tão belo e forte está fazendo aqui, sozinho?

- Estou observando o local.

- Observando? Perguntei, já estranhando mais ainda.

- Estou procurando uma pessoa.
Ele disse, sem olhar em meus olhos.

- Uma namorada, suponho.
Falei dando um leve sorriso e me endireitando naquele banquinho alto que sempre tem em bares.

- Não. Ele sorriu de leve.

- Olha!- Ele sorriu.
Falei, acendendo um cigarro que eu havia retirado da minha bolsa que eu por acaso levei para aquela festa.

Ele me olhou por alguns segundos sem dizer nada, era estranho, ele parecia me examinar, como fazem aqueles compradores de terrenos, ao ir averiguar o local de compra.

Eu não estava tendo um alto controle sobre mim, o álcool é uma das piores drogas que existe, e eu não tinha tanto costume de beber.

- Qual o seu nome?
Eu perguntei, quase caindo encima dele.

Ele deu um leve bocejo.
- Frederick.

- Hmm...- Que belo nome bonitão.
Falei me levantando e indo em direção a pista de dança.

- Vem dançar comigo?!
Pedi meio zonza.

Ele não moveu um dedo sequer.
Falho novamente.
Álcool no sangue, tontura, ânsia, e todo aquele descontrole emocional, me fez cair no chão como uma maçã podre.

Algumas pessoas vieram até mim para me ajudar a levantar, mas Frederick foi mais rápido que todos.
- Você bebeu demais. Ele disse ao me levantar apoiando-me em seus braços fortes.

- É, eu bebi.  

Ele arrumou minha roupa que estava toda amassada.
- Devagar, levante-se e venha comigo até o canto, e disfarçadamente me dê a arma que está escondida com você. Me olhando sério ele disse.

- Arma? Falei sorrindo alto.

- Rápido. Ele disse me empurrando e sacando sua arma.
Mas ele não a apontou para mim e sim para um cara que estava sentado na mesa ao lado, o mesmo com duas armas apontadas para nós dois.

As pessoas começaram a gritar e a correr pela boate e nesse momento Frederick disparou, sim! Aquele maluco disparou sem receio algum de acertar algum inocente, era algo tão profissional que parecia um pouco comigo.
Em uma fração de segundos o homem estava caído sobre a mesa, o sangue começando a escorrer pelo chão, o caos, seguranças se aproximando de nós e eu não sei como, não sei mesmo, saímos da boate e eu acordei em sua cama.

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