Descobertas

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Ares me parecia cautelosa e observadora.
Colocando a caixinha em minhas mãos, e dando um estalo de dedos dizendo:
- Ótimo, hora de você saber de quase tudo.
- Assim espero.
Falei dando um breve sorriso a ela.
Peguei o primeiro envelope e comecei a rasga-lo.
Eu estava bastante nervosa e tremia muito.
Antes que eu terminasse de abrir o envelope, ouvi uma batida muito forte na porta.
Ares levantou-se e foi atender.

Romero, o velho misterioso entrou correndo. Ele parecia bastante cansado.
- Ares vocês precisam ir, agora.
Ele gritou segurando nos ombros de Ares.
- O que houve Romero?
Ares perguntou confusa.
- Edgar estará a sua espera em Porto Alegre. Vocês pegaram um vôo para o México hoje mesmo! Ele disse com um tom autoritário.
Ares tirou a mão dele de seus ombros e perguntou mais confusa ainda:
- Romero o que houve?
- Nossos homens ligaram.
- E?
- Nero está vindo para cá com 20 homens. Ele descobriu o esconderijo!

Eu me espantei com a voracidade das palavras daquele velho fedendo a fumaça de charuto e a licor.
Isso não poderia ser verdade! Justo agora que eu ia saber algo sobre o meu pai.
Ares aflita puxou-me pelo braço rapidamente, pegando seu casaco e um Chapéu de couro inglês.
Antes de sairmos peguei a caixinha com os envelopes e a fechei, segurando-a firme em meus braços.
Ouvimos barulhos de Passos, cães latiam ferozmente.
Eles chegaram! Pensei.
Romero aflito disse:
- Rápido Ares passe pela janela!
Ares assentiu me puxando pelo braço bruscamente.
Eu fiquei preocupada com o que aconteceria com Romero.
Ele sorriu e me disse Adeus com os olhos.
Eu me segurei e me soltei de Ares indo em sua direção.
- Romero e você? Não vem conosco?
- Não se preocupe querida, eles não farão nada comigo, não podem!
Ele assentiu sorrindo de leve.
Eu engoli em seco enquanto ele me abraçava.
Ouvi as portas baterem, estavam a minha procura pelos quartos.
Antes de me soltar pude ouvir Romero Dizer:
- O vovô te ama Jully.

Eu não respondi eu estava assustada demais para responder. Ele me jogou para cima de Ares que num impulso pulou pela janela comigo.
Caímos em cima de varias flores que estavam no Jardim a beira da janela.
Estava escuro, eu não podia enchergar claramente, mas Ares retirou do bolso uma pequena lanterna juntamente com duas armas. Eu não sabia qual calibre elas eram, eu não conheço nada sobre armamentos.
Ela pediu para que eu iluminasse o caminho enquanto ela apontava as armas para os dois lados.
Eu estava nervosa, e ouvia barulhos de dentro da casa.
Ela apontou em direção a mata  que era aos fundos da casa. Saímos correndo sem olhar para trás.
Eu só conseguia pensar em Romero, ele era realmente meu avô? O que aconteceria com ele?
Eu estava muito confusa com esses questionamentos  e com medo de ser pega.
Meus avós maternos moram na Romênia e eu os conhecia. Romero era o pai do meu pai, por isso tinha tanta firmeza nas palavras que me dizia.
Balancei a cabeça tentando parar de pensar naquilo. Ares estava atenta correndo pela mata ao meu lado. Eu não corria muito rápido, já  que não era acostumada a andar sobre terras úmidas  e desviar de galhos no escuro era bem difícil.
Eu iluminava o caminho mas não conseguia distinguir nada que estava a minha frente.
Ainda dava para ouvir o latir dos cães bem baixinho.
- Jully, ande mais depressa! Ares gritou aflita.
- Eu estou tentando!
Retruquei incomodada.
A lua estava iluminando a mata, Ares e eu paramos um pouco para recuperar o fôlego.
- Há um hotel á 2 Km daqui, chegando lá  ligamos para Edgar e ele virá á nosso encontro.

Assenti iluminando sua face suada.
Continuamos a correr sem olhar para trás, até que encontramos a estrada. Nunca pensei que pisar em asfalto me alegraria pela primeira vez, meu tênis estava totalmente coberto de lama.
Ares me olhou ofegante:
- Precisamos nos apressar Jully, quando eles perceberem que não estamos por perto viram atrás de nós.
- Como eles nos achou?
- Eu não sei.
Ela respondeu meio desapontada.

Estiquei os braços e começamos a correr novamente pelo asfalto.
Estava frio, eu me arrepiava a cada batida que o vendo dava em meu cabelo ainda molhado.
Ares não dava nenhuma palavra, eu a admirava. Eu não conseguia fazer o mínimo do que ela fazia com tanta facilidade.
- Ares onde você aprendeu a lutar e a atirar?
Perguntei enquanto corria-mos.
- Eu era uma policial Militar.
"Opa está explicado". Pensei.
Nesse momento veio meu pai na mente.
Ele era um policial? Estava confusa, porque eu a ouvi dizer que trabalhava para meu pai.
- Ares meu pai é da Polícia?
Perguntei no impulso. Ela sorriu bem alto e parou de correr.
- Não Jully.
- Então por que você disse que trabalhava para ele?
Ela limpou o suor soltando seu pequeno cabelo.
- Essa é uma história muito complicada.
Ela disse tentando ser doce e desviar o assunto.
Eu insisti em saber. Era do meu pai que estávamos falando.
- Mas eu quero saber Ares, tenho esse direito!!!
Falei colocando a mão na cintura.
- Precisamos correr agora, no hotel conversamos melhor.
Ela disse recompondo-se.

Começamos a correr e aumentamos a nossa velocidade.
Após um bom tempo correndo, avistamos luzes vermelhas a brilhar. Era o hotel.
Graças a Deus estávamos bem.
Ares sem pensar duas vezes entrou na cabine telefônica, certeza iria ligar para Edgar vir a nossa procura.
Após uns minutos ela voltou, e logo percebeu a pequena caixinha parecendo um baú em meu braços. Sorriu e sentou-se na calçada do hotel.
A estrada estava deserta, sem nenhuma alma viva.
Escorei-me em um pilar próximo a mim e adormeci.
Não sei quanto tempo estive dormindo. Acordei com Ares me sacudindo chamando pelo meu nome. Levantei-me e vi que já estava amanhecendo. O sol aparecia doce e singelo no horizonte alaranjado. Os pássaros cantavam suas canções variadas.
Uma mulher varria a calçada, com cara de sono.
- Já amanheceu? Nossa quanto tempo eu dormi?
Perguntei a Ares esfregando os olhos.
- Tempo suficiente para recobrar as forças.
Sorri para ela e me levantei apoiando em sua mão.
- Venha, nossa carona chegou.
Ela disse aliviada.
Lá estava o mesmo carro que há dois dias atrás havia me raptado em um beco qualquer da cidade.
Edgar estava escorado a porta, com o mesmo semblante de tédio.
Não o comprimentei, apenas entrei no carro com o semblante sério.
Logo saimos em direção a estrada deserta e nebulosa. O silêncio reinava como sempre. Ares segurava a caixa com os envelopes.

Me lembrei de pergunta-la.
- Ares?
- Oi Jully.
- Se meu pai não é um policial, O que ele é?
Ela engoliu em seco e respondeu:
- Seu pai é um mafioso muito perigoso querida.
- Como?
Respondi sem conseguir acreditar.
- Sim Jully, seu pai comanda a maior máfia mexicana.
Eu não tinha reação, a minha voz não queria sair de maneira alguma. Eu nunca havia imaginado que meu pai seria um bandido.
- Meu pai é um bandido?!! Falei indignada.
Antes de Ares responder Edgar se intrometeu na conversa dizendo:
- Dê Gracias por seu pai ser um dos poucos bandidos honestos.
Eu o encarei, queria soca-lo na boca para que ele ficasse sem falar por um bom tempo.
Ares sorriu:
- Você tirou as palavras da minha boca meu camarada.
Ele assentiu sorrindo de volta.

Eu estava perdida em meio a eles dois. Me questionando se dava para ficar pior.
- Mas se meu pai é um mafioso, o que uma policial faz trabalhando para ele??!
Ela me encarou e mudou seu semblante. Um olhar triste invadiu a face de Ares como eu nunca havia visto antes.
- Aconteceu algo Jully.
- O que Ares? Você pode me dizer?! Eu perguntei já aflita.
- Sim posso.
- Então diz.
Ela suspirou e por fim disse:
- Eu me apaixonei por ele.

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Aos 18Onde histórias criam vida. Descubra agora