Eu apenas queria que tudo aquilo fosse um sonho, que eu apenas tivesse assistido um filme daqueles de ação, onde á tiros e muito sangue. Não conseguia respirar direito, o nervosismo tomou conta de meu interior.
Edgar estava ofegante e preocupado, olhei pela janela procurando ver alguém mas nada estava à altura da minha visão.
Escuridão era a palavra chave para o que eu via naquele momento, Ares se abaixou com a arma na mão, ela parecia pressentir mais um tiro em sua direção. Não demorou muito tempo e pude ouvir um disparo. Assustada me soltei de Edgar e olhei pela janela, vi que a moto de Sara estava no chão, mas eu não á via.
Tudo estava em silêncio. Nenhuma alma se quer na estrada, apenas nós.
Dominik conseguiu frear o carro e ficamos observando o perímetro.
Eu estava preocupada demais com Sara, será que ela havia sido baleada? Meu Deus
eu estava com muito medo de algum deles morrer ou até mesmo eu morrer.
Ares olhou para Dominik e fez um sinal com os dedos, no mesmo instante ele retirou o cinto de segurança e abriu a porta do carro lentamente, me apavorei.- Dominik não saia!!
Falei segurando no banco do motorista.Ele olhou para trás e não respondeu nada.
Eu insisti.
- Não vá, por favor! Não vá.- Jully se acalme.
Edgar falou segurando meu braço.- Eu não vou me acalmar Edgar me solte!
- Eu não vou te soltar em hipótese nenhuma.
Ele apertou minha mão me fazendo grunhir como um animal faminto.Dominik saiu do carro me olhando por um último segundo.
Ares abriu o vidro e apontou a arma para fora. Ouvi disparos vindo da floresta e comecei a chorar. O desespero não me deu outra opção, e pensar que o homem que eu sentia que amava estava lá fora sujeito à morte.Edgar me olhou e deu um sorriso torto.
- Eu também vou arriscar minha vida por você, não porque é meu dever mas sim porque eu quero.- Edgar não, não vá também.
- Eu prometo não cantar mais se eu sobreviver.
- Não seja idiota você vai cantar muito ainda para mim.
Falei segurando em seus ombros e derramando lágrimas consecutivas.Ele não disse nada, apenas abriu a porta fazendo o ar entrar violentamente e beijar meu rosto. Eu tentei puxa-lo para dentro mas foi em vão.
- Feche a porta!
Ares gritou disparando em sentido a escuridão.Eu assenti e fechei a porta me encolhendo no banco e limpando as lágrimas.
- Não se preocupe eles são treinados para isso.
Ares disse seriamente, ela não deixava transparecer nenhuma emoção em seu rosto, queria ser tão forte e fria como ela.Ouvi um barulho de passos largos. Olhei rapidamente pelo vidro e vi Dominik correndo em direção a moto de Sara, ele apontava sua arma para todos os lados tão rápido que meus olhos não conseguiam acompanhar.
- Aressssss! Saía agora.
A voz de Dominik ecoou pelo carro fazendo Ares me olhar.- Fique no carro.
Ela disse abrindo a porta e saindo.Eu estava sozinha, naquele carro, a mercê de bandidos perigosos, senti uma pontada no estômago e uma câimbra nas pernas. Ótimo eu estava em estado de pânico mais uma vez.
Ouvi mais três disparos contínuos, me fazendo arrepiar.
Eu estava me sentindo tão inútil por estar alí sem fazer nada para ajudar, por estar chorando e não conseguir sequer respirar normalmente.
Eu era orgulhosa e muito ignorante eu admito, em minha cabeça se passou várias coisas absurdas que eu estava pensando em fazer, quem sabe o mais apropriado seria sair correndo sem rumo até encontrar alguém ou alguém me encontrar.Ares gritou por Edgar que não respondia. Ela estava se distanciando do carro e eu me distanciando da calma.
Ouvi um grito, com certeza era Sara. Me desesperei mais ainda e resolvi sair do carro, eu estava disposta a morrer por eles, todos esses dias que passamos juntos sei que foram poucos mas me fizeram gostar de cada um.Antes de sair pude ver no relance da luz a chave do carro, lá estava no volante pois Dominik não havia à tirado.
Uma idéia absurda veio em meu pensamento, me estiquei no banco e retirei a chave, abri a porta e desci do carro sentindo o peso do ar e a escuridão me abraçar.
Ares não me viu sair, ela já estava bem distante do carro, corri para o porta malas e o abri, demorou um pouco mas consegui abrir a bolsa onde estavam as armas. Respirei fundo e peguei umas das muitas que alí tinha, eu não conseguia parar de tremer, nunca havia pegado em uma arma antes.Fechei o porta malas e coloquei a chave no bolso, estava frio e escuro. Meu sangue corria por minhas veias como leopardos atrás de suas presas.
Ouvi um barulho e olhei para o lado mas não vi ninguém.
Eles estavam escondidos em meio as árvores.
Corri em direção a frente do carro me abaixando e observando Ares andar em direção a moto de Sara, ela estava de costas para mim, atenta em olhar para frente.Eu vi, silenciosamente a figura de um homem. Ele ia em direção a Ares e estava por trás, ela não o viu pois continuou seu trajeto, a escuridão não deixava eu ver seu rosto e naquele momento isso também não importava. Minhas mãos me pediam para atirar nele ou pelo menos tentar, mas eu não sabia atirar, nem mirar no alvo, tão pouco acertar em meio a escuridão da noite. Suspirei e observei aquela arma pesada tocando em todas suas partes até que fez um barulho estranho.
"Deve ser assim" pensei.O homem se aproximava mais ainda de Ares, eu não via Sara e nem Dominik, muito menos Edgar.
Droga onde eles estavam?! Tremendo busquei mirar a arma no homem e em meio a uma onda de medo apertei o gatilho.
A pressão do tiro me fez bombear para trás. Tropecei em minhas pernas e cai no chão, juntamente vi o homem gritar e cair, Ares olhou para trás e o viu.
O tiro não havia o matado e eu não sabia onde eu o acertei.
Ares efutoou mais um disparo o deixando em silêncio. Ela veio correndo até mim e me levantando do chão, eu estava sem fala, ela me sacudiu falando algo mas eu não conseguia ouvir. Pisquei duas ou três vezes e recobrei meus sentidos.- Jully? Droga! Eu mandei você ficar no carro.
- De nada.
Respondi à abraçando forte.- Volte para o carro!
Ela disse me dando um breve beijo na testa, assenti e entrei no carro me encolhendo novamente no banco.Eu não conseguia tirar aquela cena da minha mente, eu havia atirado em uma pessoa. Eu deveria ser uma boa garota e não sair disparando armas por aí, mas era ele ou Ares e minha escolha foi óbvia.
Por fim Ares também sumiu na escuridão da noite, me deixando sozinha em meio ao caos.Passos, largos passos se aproximando. Uma fisionomia conhecida adentrou na janela do carro dando uma leve risada.
Eu confesso que queria estar em casa vendo aqueles programas horríveis sobre bois que me tio assistia nos sábados.
Nero me olhava meio intrigado. Eu arregalei os olhos assustada por ver ele.- Olá.
Ele disse sorrindo ironicamente.Eu não respondi, esse realmente era o meu fim, pensei.
Nero abriu a porta do carro violentamente e me puxou pelo braço, eu comecei a gritar mas ele bloqueou meus gritos fechando minha boca com sua enorme mão, comecei a me debater tentando fugir dele mas era tudo em vão. Ele era forte demais.De imediato me puxou e começou a me arrastar para fora do carro. Eu não conseguia me soltar e não havia ninguém para me salvar, onde estava todos? Mortos? Onde estavam?!!!
A luz da lua sumiu quando Nero me tirou da estrada me levando para a floresta.
Talvez esse seria o meu fim, talvez eu não pudesse ver o meu pai novamente e dizer tantas coisas que eu não havia dito. Olhar mais uma vez nos olhos lindos de Dominik ou sorrir das piadas de Edgar, lágrimas e mais lágrimas escorriam de meus olhos tristes.Após alguns minutos Nero parou de me arrastar e assoviou alto, eu não entendi o por que, meu coração disparou quando ouvi Dominik gritar meu nome várias vezes. Eu queria poder dizer " Estou aqui meu amor" mas não era possível.
Uma mulher armada apareceu com uma lanterna iluminando meus olhos. Eu não vi seu rosto pois a luz não deixava.
Ela não disse nada apenas retirou algo do bolso, eu não sabia o que era, só senti um lenço em meu nariz, um cheiro estranho adentrou em minhas narinas.
A pressão do ar caiu, o mundo girou e meus olhos foram perdendo a força, a ultima coisa que eu vi foi os olhos de Nero famintos por sangue.

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Aos 18
AçãoPlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...