Um perfume suave, cintilante, cauteloso e maravilhoso, era o cheiro de rosas brancas que eu tanto gostava.
Acordar em uma cama desconhecida não era tão novidade para mim, afinal tudo estava tão perturbador e turbulento.
O lençol de seda abraçava meu corpo como se fosse um membro afetivo da família, como se a seda fosse um remédio para meus hematomas.
Eu me levantei e sentei-me na cama enorme que tinha aquele cheirinho bom de rosas.Havia uma janela com o vidro cheio de uma garoa fina, um abajur em uma mesinha de madeira com aparência antiga, não havia guarda-roupa e nem porta- retratos que sempre há em quartos normais.
Olhei novamente para os lados e não vi sinal de algo que identificasse o lugar, era tudo desconhecido, com pouca força e com dores na face eu tentei me levantar da cama para explorar o local.
Eu não me recordava muito bem do que havia acontecido anteriormente, mas me lembrava do lindo rosto de meu amado, Dominik.
Seus olhos brilhantes, sua boca faminta por sorrisos, e seu cheiro que me deixava fora de série.Era inevitável não sorrir quando eu me lembrava dele, e pensar que eu tinha uma ideologia boba de não me apaixonar por ninguém até os vinte anos de idade,
mas tudo aquilo não importava mais porque eu estava completamente e incondicionalmente apaixonada por ele.
Era como se eu tivesse encontrado o meu novo eu, a minha sintonia, meu complemento, a raiz do meu abacateiro.Com pouca força me levantei e caminhei lentamente em direção a porta, era torturante ter que andar, mesmo que fosse uma curta distância. Minhas pernas tremiam sem parar, eu sentia uma franqueza estranha em meus ossos, talvez fosse pelo fato de eu ter levado muitas descargas elétricas em meu corpo.
A porta era de madeira, uma madeira lustrosa e bonita, com a maçaneta dourada e símbolos de pássaros ao seu redor.
À girando lentamente, pude abrir a porta e dar-me de cara com uma moça de cabelos ruivos, sardas no rosto e uma enorme bandeja com vários tipos de comidas.
Quase a fiz derrubar tudo que estava em suas mãos, ela havia se assustado e pedido inúmeras desculpas como se estivesse com medo de receber um sermão de minha parte.
Eu apenas sorri e disse:- Tudo bem, eu sou bem desastrada, não?!
- Mais uma vez, me desculpe senhorita?!
- Senhorita? A não seja modesta, me chame de Jully!
Falei meio sem jeito por ela ter usado o termo senhorita.- A sim, me desculpe Jully?!
Sorri novamente e toquei sua testa com meu dedo indicador.
- Já disse, tudo bem!
Ela entrou no quarto no mesmo instante, seu rosto estava corado e ela também usava um uniforme de empregada doméstica, com bordados brancos na barra e nas mangas, um avental meio amarelado e compridas luvas brancas.
Era um tipo meio doce, mas desajeitado, cautelosa mas desastrada, não que eu não tivesse me simpatizado com a garota.- É... Bem... Eu trouxe um lanche para você.
- Ah! Obrigada, eu realmente estou com fome!
Falei pegando uma uva do cacho enorme que tinha na bandeja com um sorriso torto no rosto.- Eu posso deixar em cima da cama para você ficar mais a vontade?
- Ah! Sim.
A garota cujo eu não sabia o nome, deixou minha refeição em cima da cama e foi em direção a porta para se retirar do quarto, mas antes que ela pudesse sair eu decidi barra- la. Segurei em seu braço levemente e perguntei com educação:
- Onde eu estou? Qual é o seu nome?
- A sim! Me desculpe por não me apresentar! Meu nome é Diane, eu sou empregada da Senhora Morgaz!
- Senhora Morgaz?
- Sim, minha patroa.
- Qual o primeiro nome dela?
- Eu não estou autorizada a falar, me desculpe?!
- Não está autorizada? Me explique isso?
- É complicado, desculpe!
- Pare de pedir desculpas! Eu quero respostas.
Falei já com a paciência esgotada.Ela me olhou meio assustada e saiu do quarto sem me responder uma palavra sequer, batendo a porta na minha cara.
Eu me sentei desapontada na cama e comecei a comer um pedaço de queijo que estava em um pratinho rosa da bandeja.
Era bastante saboroso, sinceramente eu nunca havia comido um queijo tão bom quanto aquele, havia vários alimentos para poder saborear, era queijo, geleia, pãozinho francês, bacon, frutas e um suco vermelho, talvez fosse morango, eu não experimentei.Após comer algumas uvas e um pedaço de bacon que por sinal também estava muito saboroso, resolvi me levantar e procurar alguém que eu conhecia, procurar respostas para tantas perguntas que eu tinha desde que sai de São Paulo.
Era muito doloroso andar, eu sentia bastante dor na cabeça, e estava descalça, com certeza meu cabelo estava horrível, afinal eu nunca fui muito charmosa, e pensar que Dominik me viu naquele estado.
Em um canto perto da porta havia um espelho pequeno mas que dava para visualizar da cintura para cima, me aproximei do mesmo para poder ver como eu estava.
Era uma cena triste, dolorosa de se ver e que tirava toda a minha auto estima, cabelos pequenos e bagunçados, dois curativos acima dos olhos, uma blusa branca, bem maior que o tamanho que eu costumava usar, hematomas no braço e uma faixa em volta da mão esquerda.
Eu precisei tocar meu rosto várias vezes para ter certeza que eu não estava sonhando, eu nunca imaginaria ter meu pai como chefe de uma máfia, uma mulher maluca e psicopata tentando tirar minha vida a todo momento, e muito menos um amor tão repentino.Sorri meio desapontada, era uma coisa extremamente ruim ser perseguida por pessoas perigosas, mas eu me sentia tão bem em ter conhecido Dominik e Ares, ter entendido o porque do meu pai não ter entrado em contato, ou melhor, não ter conseguido falar comigo, até o bobão do Edgar eu havia gostado de ter conhecido, eram pessoas muito legais, protetoras e eram meus novos amigos, meus guarda-costas, pessoas que dariam suas vidas para me proteger, isso não é bem fácil de se achar no mundo hoje em dia.
Deixei meus pensamentos de lado indo em direção a porta, abri lentamente e pude sentir meus olhos se encher com a visão de um longo corredor, com vários quadros dourados e vasos azuis com rosas brancas e turquesas, um cheiro forte de perfume antigo e uma enorme janela no fim do corredor.
Comecei a caminhar devagar, com passos curtos e silenciosos, eu estava com medo de alguém me pegar com a boca na botija.
Avistei uma porta do lado direito do corredor, nela havia uma placa com a frase NÃO ENTRE!
Eu rapidamente resolvi espionar um pouco dentro daquele quarto, era errado mas na vida nada é certo. Abri a porta devagar e me deparei com uma coisa muito estranha, era um quadro enorme na parede frente a mim, com bordas de prata que brilhavam com a pouca luz que vinha da janela, uma mulher estava esculpida em sua tela, com uma rosa branca em sua mão, olhar sério porém gentil, um vestido bege e sapatos rosa suave.
Eu realmente estava surpresa, espantada, e muito confusa, o que ela estava fazendo ali, eu a conhecia, sabia seu nome e onde morava, só não sabia que havia rastros dela naquela casa, naquele quarto com uma placa bem estranha.
Sem piscar direito e com as mãos trêmulas dei uma olhada no quarto, principalmente nas paredes, elas sempre continham coisas curiosas.
Mais um quadro a vista, cabelos longos e um livro de literatura inglesa em suas mãos, olhos bem abertos, um batom nude seco e um fundo negro.Espanto era o que me dominava naquele momento, eu só conseguia olha para as mulheres daqueles quadros e tentar imaginar o que elas faziam ali, vi que pude finalmente dizer algo:
- Puta merda!

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Aos 18
AcciónPlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...