Aos 18

Indefesa

Qual é o motivo que leva uma paixão a sucumbir?

Qual é a razão pela qual o ser humano se dispõem a sofrer?

Onde se esconde a maior das armas? A que pode vencer o medo e a ira, que pode se esquivar da maldade e aniquilar pensamentos ruins.
Onde poderia estar aquele que todos almejam, que todos anseiam e que veneram?
Onde estaria o amor verdadeiro?

Após passar um tempo com minha querida mãe e logo em seguida minha avó Odete, resolvi passar pela casa de Romero para almoçarmos juntos, antes que eu voltasse para o hospital.

Durante o trajeto Edgar se manteve calado, seus olhos estavam em alerta e seu corpo rígido como se o perigo pudesse nos surpreender a qualquer momento. Talvez ele estivesse com receio porque Sarah não havia aparecido, e isso o deixava inquieto e muito preocupado.
Mal sabia ele que eu podia protege-lo, que eu podia lutar ao seu lado, ser útil e conseguir ajuda-lo em tudo. Era uma pena nois dois estarmos tão distantes, parecia que faltava um pedaço do meu ser. Como se Edgar fosse um dos órgãos que compunham meu interior.

Logo após o almoço eu e meu querido Avô jogávamos baralho quando ele me apresentou um licor brasileiro que ele tanto adorava, seus olhos estavam brilhando e ele me parecia muito contente. Seu sorriso transmitia muito amor e carinho, suas mãos faziam gestos gentis ao me ver, e ele com seu charuto fedorento e seu lindo cabelo branco me olhava com satisfação. Era como se eu fosse alguém que ele conhecesse a vida toda, como se fôssemos presentes um na vida do outro por todos esses anos. Dezoito anos de mentiras, de dor e de solidão em que não somente eu mas que toda família Morgaz sofreu amargamente com a distância, a angústia e a separação.

Após a tarde calorosa, afetuosa e calma que tivemos, havia chegado a hora de me despedir de Romero e seguir viagem até meu amado.

- Ah vovô como é bom estar com você!
Falei empolgada enquanto me despedia dele na porta de sua enorme casa.

Ele sorriu, tocou meu rosto e disse com a voz rouca e suave:

- Essa sempre será a sua casa minha querida, nunca se esqueça de que você é uma Morgaz!

Eu sorri, lhe beijei a mão e disse com muito amor:
- Jamais me esquecerei disso meu querido Avô, você faz parte de mim agora.

- Me desculpe querida.

- Desculpar?
Eu estava meio confusa, naquela hora.

- Por envolver todos vocês nisso, por ser assim tão cheio de inimigos e ter uma vida tão conturbada. Você não merecia passar por todas essas atrocidades Jully, você é a princesa da nossa família, minha única neta e minha única riqueza!

Meus olhos ficaram vermelhos, me segurei para não abraça-lo novamente. Era como se estivéssemos sozinhos no mundo, como se nem os pássaros pudessem nos alcançar naquele momento.
Ouvir tudo aquilo era como um calmante para meu coração angustiado, um fertilizante para meu solo infértil, uma chuva forte para um deserto sem uma gota d'água sequer.
Era tudo o que eu precisava ouvir para me sentir mais forte naquele mundo tão cruel em que eu estava me envolvendo. O peso de carregar o nome da família era demais, era avassalador e doloroso. Mas ouvir Romero me pedir desculpas com todas aquelas doces palavras me fez querer suportar todo aquele fardo que a máfia e a vida corrupta me traria. Eu jamais poderia abandonar aquele homem a minha frente, não depois de ele reconhecer tudo o que machucava ele, depois de passar por cima de todo seu orgulho e demonstrar tais emoções para comigo. Eu jamais podia deixar meu avô chorar, não depois de ouvir dele palavras tão fortes.

- Eu te amo vô.
Falei ao entrar no carro ao lado de Edgar que eu podia ver que tinha um lindo sorriso no rosto.

No caminho Edgar recebeu um telefonema de Ares, avisando que ela e meu pai haviam ido a uma cidade próxima resolver algo sobre um novo negócio. Logo, apenas quatro seguranças estavam com Dominik, já que Mônica havia ido em uma caçada, além de ser uma jovem linda também era caçadora de recompensas.