Anjos, nos ajude a esconder aflições.
*Ares
Talvez eu não merecesse tal obra divina, ter dentro de mim um ser tão puro e inocente, enquanto eu era manchada pela dor e violência.
Talvez eu fosse chamada de sociopata, ou todos os meus devaneios fossem obra do além, odiava ter que pensar em fugir, dele, de todos, até mesmo do meu trabalho que eu tanto prezava. A tortura começava quando eu tinha que pensar no que fazer,
encher minha cabeça de opções quase inexatas, sem ao menos saber se nós dois sobreviveríamos.
Sim, eu saí quase que correndo da casa de Frederick, sem ao menos o deixar falar algo, como " você vai retirar esse filho" ou provavelmente " Quem me garante que esse filho é meu? ".
Eu não queria ouvir, então a melhor opção era fugir, porque por mais que eu não estivesse preparada para ser mãe, eu já sentia algo, algo puro, algo verdadeiro por esse feto gerando em meu interior, isso me doía ainda mais, porque a qualquer momento eu poderia estar morta.Eu devia evitar despedidas, era melhor, sumir, sem dizer à Dominik para onde eu ia, sim, sei que era muito egoísmo da minha parte mas eu tenho certeza que ele iria querer ir comigo, sem rumo, pelo mundo turbulento que tem sempre em cada esquina.
Eu gostaria de ser uma pessoa normal agora, sem tantos compromissos desastrosos, não só para mim, mas para os que amo.
"Texas? Canadá? Onde? Onde ele jamais saberia que eu estou?"
Pensei antes de arrumar as malas.Uma voz irritante ecoou em minha mente " Brasil"
Mas como? Eu detesto o Bra...
Isso!
Sim Ares! Falei baixinho.
Dominik sabe que detesto ir ao Brasil, ele jamais me procuraria lá.
Por muitos, um sacrifício é válido.Após dois dias sem dar notícias, recebi inúmeros telefonemas de meu amado irmão caçula, vários recados enormes deixados na caixa postal, era duro demais não responde- lo, mas era necessário.
**
De volta ao Brasil, um país bonito, porém cheio de lembranças que eu detestava lembrar, exército, expulsão, Christopher...
Tantas coisas que me deixavam frustrada se encontravam naquele país.Lembro- me de me instalar em um pequeno apartamento na praia de Ilhéus, onde tudo era calmo e somente as ondas do mar me faziam companhia.
Lá conheci Dolores, uma moça culta e tranquila, que me ajudou nos primeiros meses de gestação, ela me ajudava a ir ao médico, comprar medicamentos e até foi comigo na minha primeira ultrassonografia.
Era uma garota abençoada e logo nos tornamos amigas, porém eu não lhe disse quem eu realmente era.Minha barriga ia crescendo a cada dia e eu então me sentia muito mais feliz, os primeiros chutes, os primeiros desejos, comer banana com farinha foi o desejo mais estranho que eu tive.
*
No oitavo mês de gestação, Dolores veio a minha casa para que pudéssemos ir ao mercado comprar algumas frutas, porém nesse dia o telefone da casa tocou, e o mais estranho é que me lembrei de não ter comunicado a ninguém o número do fixo.
Quem seria?
Pensei.Antes de irmos pedi Dolores para que esperasse um momento e atendi o telefone.
- Alô?
- Bom dia Ares.
- Ares?
Respondi fingindo não conhecer alguém com tal nome.- Como se sente?
A pessoa que no caso era um homem, disse calmamente.- Quem é você?
Respondi com a voz meio trêmula.- Você não me conhece, mas eu estou perto.
Ele respondeu ironicamente.
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Aos 18
ActionPlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...