Os olhos de Aurora esbanjavam dor e frustação, me fazendo imaginar a cena de meu pai e minha mãe fugindo e até mesmo o incêndio que matou minha mãe.
Lágrimas não paravam de escorrer de meus olhos cansados e machucados.
A dor era tão imensa, só de imaginar que minha querida mãe estava morta e que ninguém a ajudou na hora de seu desespero.
Eu estava com muita raiva de Aurora, ela era tão cruel e obscura. Uma mulher sem sentimento algum, falava de morte como se fosse uma coisa tão natural para ela. Como se ela sentisse prazer em torturar, em matar e em ver dor no coração das pessoas.
Me fazer sofrer por algo que eu não tinha culpa alguma, era tão perverso que me dava mais nojo ainda dela. Em que eu poderia saciar sua sede de vingança? Ela via a essência de minha mãe em meu ser e se sentia frustrada?! Eu não queria olhar nem mais um segundo para aquela mulher.Quando ela terminou de falar sorriu ardentemente, como se fossemos íntimas. Isso me fazia tremer de ódio e tentar não surtar com aquele deboche que ela fazia.
Minha morte não seria rápida, seria demorada e dolorosa, ela iria sorrir e se sentir satisfeita ao me ver parar de respirar.
Eu estava com medo de acabar morta e jogada em uma vala de esgoto, só de imaginar meu corpo se contorcia na cadeira.Aurora suspirou pegando uma bolsa de couro que estava encima da mesa.
Eu não sabia o que ela pretendia mas estava pressentindo algo de ruim,
der repente ela retirou da bolsa o que eu mais temia. Um revólver todo dourado com detalhes prata, era lindo e ao mesmo tempo assustador, o acariciava como se fosse um bebê sensível e necessitado de carinho.
Eu me congelei como se fosse uma estátua, era visível o pavor em meu semblante.Se virando para mim Aurora apontou a arma com bastante calma, eu não tive nenhuma reação apenas fechei os olhos e esperei a morte vir me buscar. Eu estava sem ar, sem forças, sem esperança. Tudo parecia não fazer mais nenhum sentido, o que eu havia vivido, as pessoas que eu havia conhecido, o amor que finalmente resolveu me fazer uma visita, também o sorriso disfarçado que Ares mantinha em seu rosto, o semblante apaixonante de Dominik ou as piadinhas bobas do intrigante Edgar. Nada estava me salvando naquele momento de desespero. Meu pai! Ah, eu tinha tantas coisas para pergunta- lo, tantas objeções sobre o que ele havia se tornado e sobre nós.
Tia Carla, tio Sebastião! Sara! Meus amigos? Eu iria morrer sem vê-los!? Eu iria realmente acabar daquela maneira? Eu estava com medo, confusa e desamparada.Enquanto Aurora estava calma e exuberante.
Eu estava pronta para morrer, ou achava que estava.
Fechei os olhos e os apertei bem forte, esperando a bala adentrar em meu peito ou em minha cabeça.
Mas não senti e não ouvi nada. Nem o barulho do gatilho, nem a pressão da bala me atingindo.
Eu pude ouvir o barulho da porta se abrindo, e isso me fez abrir os olhos para poder ver quem era, Aurora abaixou a arma meio desapontada.
Era uma mulher já com uma certa idade, talvez uns 60 anos, loira e sofisticada, usava um vestido preto bem antiquado com uma jaqueta azul bem moderna.
Ela me olhou um pouco assustada, parecia não entender o que estava acontecendo e rapidamente apontou o dedo indicador para meu rosto e consertou seus óculos tortos.- Ela é a filha de Helena?
A mulher perguntou meio confusa.- Sim! Ela é a filha daquela maldita.
- Aurora! Não fale isso na frente da garota.
- Mas ela tem que saber que a mãe dela não prestava.
- Você está confundindo a menina Aurora.
- Mas você sabe que ela vai sofrer as consequências, olha o que o Christopher fez com o papai, ela vai pagar pelo os erros dele.
- Já conversamos sobre isso querida, não vale a pena matar essa menina, quem matou Valentim foi Christopher e não ela.
- Você diz isso porque não sente a minha dor, não seja egoísta.
- Lógico que eu sinto, você sabe muito bem.
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Aos 18
ActionPlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...