Sentimentos

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Compreende- se que o mundo foi feito de uma matéria-prima que Deus mesmo criou, porém é difícil discernir quanto tempo durará.

***

Era difícil saber se a resposta que ele me daria seria positiva, estava tentando me encaixar no mundo onde ele habitava, me encaixar nas mesmas habilidades que ele e sua irmã continham em seus genes. Ser a minha própria fortaleza, sem ter que me esconder a sombra do muro alheio.

Eu não sabia se daria certo, se eu poderia me adaptar ao modo de vida de todos eles, não sabia se eu era forte o suficiente, apta o suficiente e nem mesmo sabia se eu possuía tal coragem absurda de manusear uma arma, ou tirar a vida de algum ser humano, por mais que fosse para o meu bem, ver sangue derramado e saber que eu fui a responsável por tal ato era perturbante.

Eu sentia que eu poderia conseguir, talvez, ter um pouco das habilidades do meu amado, poder proteger ele com minhas próprias mãos e ajudá-lo sempre.
Talvez fosse só um sonho de uma garota atordoada, com medo e se sentindo insuficiente, que se iludia ao pensar que poderia ser um soldado.

***

Dominik me olhava incrédulo, seus olhos mal piscavam e já fazia cinco minutos que eu havia lhe feito o pedido para ser meu professor,  já estava impaciente por não receber nenhuma resposta dele.

Esfregando meus olhos, tentei abrir a boca para pergunta- lo novamente, e tentar obter uma resposta que não fosse o silêncio constrangedor que dele vinha.

- Dominik? Perguntei meio que gaguejando.
Não obtive resposta.

- Dominik?  Perguntei novamente, seguida de um suspiro de desapontamento.

Ele não me respondeu, me fazendo corar de vergonha, com certeza estava rindo horrores do meu pedido, mas em seu interior. Sim, era besteira eu acreditar que ele me ajudaria a ser mais forte.

Com a raiva brotando dentro de mim, resolvi desistir de tal plano, virei- me de costas e continuei andando pelo corredor, ignorando a presença de Dominik, assim como ele havia ignorado meu pedido.

Ao andar pelo corredor, ouvi uma gargalhada extrema, vindo de trás. Ele realmente estava  rindo da minha cara, não estava dando a mínima ou achava que eu era louca por ter pedido aquilo.
Meu coração se encheu de dor, ao ouvir que ele ria de mim sem parar, tanto que não percebi lágrimas escorrendo de meus olhos até então cansados de sofrer.

O que eu estava fazendo? Amando um homem que estava debochando de mim, realmente incompreensível, era muito doloroso sentir aquela sensação de desprezo.

Comecei a correr pelo corredor, procurando uma saída, um refúgio, um lugar onde eu não pudesse escutar a voz de Dominik.
Sem olhar para trás eu aumentava a velocidade, o corredor era imenso e eu não conseguia encontrar alguma porta de salvação.

Era horrível me sentir presa e ao mesmo tempo livre, não conseguia respirar direito e meus pés estavam se contraindo de dor.
Finalmente!
No impulso consegui frear frente ao corrimão da enorme escada que parecia dar lugar a sala de estar, e subindo a mesma vi Ares com um cigarro na boca, e um curativo no braço onde havia levado o tiro.
Eu estava aliviada por ver que  ela estava lá, na verdade eu já estava preparada para correr em sua direção e dizer que eu lamentava por ela ter levado um tiro por minha causa, mas senti uma mão áspera e grande me puxar por trás,  me fazendo escorregar na borda final do enorme tapete de veludo que transformava o caminho do corredor em uma passarela.

***



Ares

Eu estava subindo as escadas tranquilamente quando de súbito Jully apareceu em minha frente, ela parecia sorrir mas ao mesmo tempo estava chorando, eu respirei fundo e me preparei para ouvir todas as suas perguntas sobre "onde estamos?" " De quem é essa casa?". Seu choro me transmitiu dor, me fazendo arrepiar e sentir uma onda de calor invadir minha narinas, e não era a fumaça do cigarro.

Aos 18Onde histórias criam vida. Descubra agora