Aos 18

Cavalo

O ar gelado me tomava por completo, o suor escorria entre meu rosto cansado e ainda dolorido, a angústia me dominava fazendo redemoinhos em meu estômago e o pavor me deixava em transe. Aquela casa onde Edgar me deixara era inconfundível, o formato das árvores, a cor de suas paredes enormes e reluzentes, o aroma das rosas cravadas em seu jardim e as janelas repletas de cortinas para esconder o sol.

- Edgar?

- Sim?

- Você está de brincadeira comigo ou o quê?
Perguntei meio nervosa antes de sair do carro.

- Como assim Jully? - Você queria ver sua mãe e eu te trouxe!

- Mas Edgar, nós saímos dessa casa a poucas horas, estávamos aqui a poucas horas, como minha mãe pode estar aqui?

- Calma Jully, uma coisa de cada vez!

- Como calma? - Ela estava aqui todo esse tempo? - Ela estava praticamente do meu lado todo esse tempo Edgar?!!!

Eu não estava acreditando no que eu estava vendo e ouvindo quando Edgar confirmou minhas suspeitas.
Como ela poderia estar lá todo esse tempo e eu não pude vê-la? Como seria possível Dominik me esconder toda essa verdade e não ser capaz de me contar? E Ares? Como ela pôde ser tão má em me esconder tudo sobre Helena?

- Jully, eu sinto muito sobre tudo isso!
Edgar falou tocando meu rosto que estava vermelho e repleto de lágrimas que escorriam sem parar.

- Não se preocupe eu vou ficar bem! Respondi tentando enganar a mim mesma, porque eu jamais ficaria bem depois de ter descoberto tudo aquilo.

Sai do carro e o frio me fez rodopiar e quase cair, Edgar veio logo depois me deixando tomar a frente e entrar primeiro na casa. Eu estava nervosa e aflita, aquele momento era o mais esperado da minha vida e eu estava quase arrancando o meu coração pela boca.
Quando entramos de imediato não vi ninguém na sala de estar, comecei a procurar por minha mãe ou por alguém que pudesse me levar até ela.

- Alguém?
Gritei aflita.

Nenhuma resposta.

- Naeli? Edgar gritou também aguardando uma resposta.

- Quem é Naeli Edgar? Perguntei curiosa.

- É a cozinheira que sempre vejo por aqui, seus doces são...

- Quieto!
Sussurrei baixinho, alguém estava vindo, seus passos eram largos e apressados como se estivesse atraso para ir a algum lugar importante.

- Quem está aí?
Pude ouvir a voz de um homem, enquanto me escondia atrás da estante acompanhada de Edgar que estava com os olhos arregalados.

- Quem está aí? Ele repetiu.

Não houve resposta, apenas o silêncio da noite escura e assustadora.

Quando pude perceber que o homem cujo rosto eu não vira havia se retirando da sala, dei em Edgar um grande tapa na costas e garanto que quase usei toda a minha força.

- Mas que medroso você em!
Falei sorrindo, ele me olhou vermelho como um pimentão maduro e sorriu.

- Assim eu me apaixono mais por você docinho, até que você tem força!

Eu corei de imediato, ele havia dito que estava apaixonado por mim? Por a desajeitada e impaciente Jully Evangeline? Apaixonado por uma mulher como eu? Mas o quê diabos ele estava pensando? Estava brincando comigo em uma hora daquelas? Justo quando eu estava nervosa e com medo de acontecer algo?!
Não era possível ele estar mesmo apaixonado, eu pensava que ele sentia no máximo uma atração, agora amor? Eu estava completamente ferrada!