Perguntas

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Ares*

- Qual o problema Dominik?- Não sabe dirigir?- Quer nos matar antes mesmo de alcançarmos Jully?

- Droga, eu estou tentando ir devagar!

- Não, não está!

Dominik estava nervoso e ofegante, não estava conseguindo se concentrar no volante e se eu não tomasse a frente daquela confusão ele logo provocaria um acidente. Desde que Jully saiu as pressas do presídio acompanhada de Edgar, Dominik só xinga e esmurra o volante ferozmente, emoções como, raiva, estresse, culpa, preocupação e ansiedade estavam nítidas no semblante árduo de Dominik e eu estava muito frustrada para tentar ao menos consolá-lo.

- Dominik, sei que está com pressa, mas não se perca em suas emoções, você sabe que somos soldados e devemos manter a calma em uma situação como essa.

- Eu não consigo!- E pensar que ela virou as costas para mim e saiu de lá com ele, eu deveria ter contado a verdade para ela Ares, eu deveria.

- Não cabe a você decidir nada sobre ela Domi, a vida dela e dos pais não nos diz respeito algum.

- Mas eu a amo Ares e ela confiou em mim, ela me disse que também me ama, como posso lidar com isso?

Ele parecia querer chorar, mas seu corpo o impedia.

- Dominik, eu te amo e só quero o seu bem, esse romance entre vocês jamais dará certo!

- Eu não me importo com mais nada, só ela me basta.

- Mas Domi, Christopher jamais permitiria vocês juntos, ele não deixaria nunca vocês se relacionarem, entenda!

- Que se dane ele e todas as suas regras, eu estou quase terminando de pagar a dívida do nosso pai, eu não vou mais proteger a ele, somente ela.

- Dominik, o que há?- Você está mesmo apaixonado?- Arriscaria tudo por ela?

- Sim, tudo.

Naquele momento eu me dei conta de que ele estava realmente apaixonado, que era amor, mesmo proibido era o mais puro amor, onde se tem preocupação, dor, calor, companherismo e carinho. Onde não só são corpos se atraindo mas também almas se conectando.
Olhei para ele que mantinha a face cerrada e relutante, suas mãos apertavam o volante com bastante força, seu cabelo grande e preto pairava no ar e ia de encontro a sua boca, que estava inquieta e misteriosa. Dominik era sim um homem bom, mas quando se tinha raiva em seu olhar, eu mesma não ousaria contesta-lo em algo, pois sabia que sua fúria ser despertada era perigosamente ruim.

Me lembro de quando matei o pai de Aurora, não senti nada, não senti remorsos e nem arrependimento, talvez por ter feito tudo aquilo em nome do amor que eu sentia por Chistopher, mesmo que isso sendo algo errado, eu não gostava de matar pessoas, mas aquilo não foi algo que me arrependi, eu simplesmente queria protege-lo, sentir que ele estava seguro e no fim ele como um insensível assumiu a culpa por um crime que ele não cometeu, e sinceramente para quê? Para que eu ficasse livre? Não! Ele nunca deu a mínima para o que se passava comigo, quando fugi para o Brasil grávida de Mônica ele não me procurou, e quando soube que Frederick tirou minha filha de mim não se importou em me ajudar a recupera-la.
Qual seria o objetivo de Christopher ao ficar preso, longe de sua amada e de sua filha? O que eu teria que fazer para pagar essa enorme dívida que eu tinha com ele? Dar minha vida? Nunca mais sair de sua guarda? O que ele queria em troca de tal sacrifício?
Perguntas sem respostas era o que mais me consumia durantes os últimos quinze anos, eu não estava pronta para descartar a hipótese de que ele estava esperando o momento certo para me cobrar esse favor, e eu pressentia que o valor seria alto.

- Ares? -Ares?

- Ah, oi Domi.
Eu estava tão perdida e envolvida em meus pensamentos que havia perdido a noção do tempo e espaço. Dominik me chamava sucessivas vezes mas eu estava longe de seu alcance em termos de mente e alma.
Havia se passado horas e Edgar sequer atendeu o celular, Dominik havia ligado inúmeras vezes mas ele o ignorava. Isso acendia ainda mais a chama de fúria em meu irmão e o deixava ainda mais perturbado.

Aos 18Onde histórias criam vida. Descubra agora