Maluca não é a palavra chave para o meu estado mental. Tudo estava sem explicação, meu suposto sequestro, esse homem querendo me sequestrar de novo. Uma loucura atrás da outra.
Ares, parecia uma deusa grega, tentando destravar a porta do elevador. Ela é daquelas mulheres que se destacam por sua bravura.
Como se fossem guerreiras medievais que derrubavam exércitos.Finalmente saimos do elevador.Tentando ser discreta, Ares me pegou pelo braço e saímos do hotel. Lá Fora eu pude sentir o ar me sufocar sem pedir licença. Ares parecia desconfiada olhando para os lados procurando algo ou alguém.
Ela me parecia pálida e o suor em sua face era nítido.
- Espere um segundo, preciso dar um telefonema.
Ela disse ofegante.
- Aonde você vai? Vai me deixar sozinha?
- Eu não demoro, espere aqui.
Eu assenti, vendo-a andar em direção a um beco perto da esquina do hotel.
Eu não queria ficar alí, estava com medo de alguém aparecer e resolver me raptar novamente.
Era uma tarde nublada, pessoas andavam rapidamente pelas ruas, com objetivos concretos e eu sem saber as horas.
Passou-se um tempo e Ares demorava voltar. Resolvi ir procura-la, mas quando me aproximei do beco em que ela entrou, escutei Ares falando bem alto e com um tom arrogante e grosso, como se estivesse brigando com alguém. Rapidamente olhei entre as latas de lixo e a vi. Certamente estava falando ao celular, porque não havia ninguém com ela.
- Incompetentes! Isso que vocês são. Como puderam deixar o Nero nos achar!? Vocês sabem que eu não posso mata-lo idiotas!Ares gritava descontrolada, eu me assustei com medo de ela descobrir que eu á estava espionando.
Eu resolvi voltar para onde ela havia me deixado, não queria que soubesse que eu estava bisbilhotando sua conversa.
Enquanto esperava fiquei pensando. Por que será que ela não podia matar aquele homem?
O que eu tinha haver com eles dois?!
Eu não conseguia parar de me perguntar. E aquela foto, minha foto no meu aniversário com aquele homem que nunca vi na minha vida, tudo estava muito confuso.Ares apareceu subitamente tirando-me de meus pensamentos tortuosos.
- Venha Jully, vamos sair daqui.
Eu não respondi nada, apenas segui em frente ao seu lado.
Após andarmos umas duas quadras, Ares pediu um táxi. Entramos nele e ela falou nosso destino ao taxista. Se bem que eu não fazia a mínima idéia de onde seria.
A noite adentrou, já fazia horas que estávamos no táxi, sem dar uma palavra se quer.
Em busca de tentar quebrar o silêncio, falei:
- Ares, obrigada por me salvar daquele homem hoje.
- Não precisa agradecer. Ela respondeu sem me olhar.
- Quando eu irei saber o motivo pelo qual estou com você ?
- Logo.
Ela foi bem direta.
Não dei mais nenhuma palavra.
O táxi parou. Ares pagou a corrida, que nos deixou em frente a uma casa bem bonita. Rodeada de flores de todas as cores e árvores enormes cheias de frutos, que mais parecia um pomar de tantas árvores. Percebi que a casa era bem afastada da cidade. Era branca, com tom de ser uma casa antiga. Uma enorme grama Verde cobria a frente da casa repleta de folhas secas.
O outono estava bastante levado esse ano.
Ela assentiu para que eu a seguisse, e como de costume eu o fiz.Chegamos perto da porta, Ares bateu fortemente e ficamos esperando que aparecesse alguém.
Logo em seguida um Senhor já de idade abriu a porta com um sorriso estampado no rosto.
- Olá minha querida! Falou o velho, direcionando-se a Ares.
- Romero está é a Jully Evangeline.
Eu sorri, meio sem graça. Não sabia o que dizer a ele. O senhor se espantou como se eu fosse uma bruxa. Ele aparentava ter uns 70 anos de idade, pele enrugada e tinha o corpo magro e alto.
Ele veio em minha direção e me abraçou.
Eu sem entender devolvi o abraço, sentindo uma segurança enorme em seus braços.
- Entrem!
Ele disse sorrindo para nós.
Ares foi na frente e eu logo em seguida.
A casa parecia ser muito grande. A sala era antiquada e simples. Uma estante cheia de livros, quatro poltronas de couro uma mesa enorme de vidro. Em cima havia um jarro de tulipas vermelhas. Um tapete enorme que enfeitava o chão de madeira.
Observei cada canto da sala mas não reconheci aquele lugar nem dos meus sonhos.
Ares sentou-se confortavelmente, como se aquele lugar lhe fosse familiar.
- Sente-se querida.
O velho disse apontando o dedo para a poltrona ao lado de Ares.
Sentei-me sem falar uma palavra se quer.
Ele nos pediu licença e se levantou, indo em direção a uma das portas que haviam na sala.
Enquanto observava a casa, vi uma foto na mesa.
Era um rapaz loiro e sorridente sentado em frente a casa em que nós estávamos. Seus olhos eram verdes e possuia um sorriso perfeito e cativador.
Tirei minha atenção da foto quando o velho voltou com uma caixa na mão. Estava meio empoeirada e estava trancada.
O velho sentou-se depois de deixar a caixa sobre o colo de Ares.
Os dois ficaram em silêncio. Só podia-se ouvir o barulho da caixa sendo aberta.
Ares colocou-a aberta sobre meu colo e disse:
- Você não queria saber toda a verdade?
- Sim. Respondi tranquila.
-Olhe. Ela disse meio nervosa.
Olhei dentro da caixinha e havia vários envelopes empoeirados.
Todos eles estavam enumerados até o número 18.
Peguei o primeiro envelope e abri.
Me deparei com a foto de uma menina pequena de uns 3 anos de idade, segurando a mão de alguém. Não mostrava o rosto, muito menos o corpo da pessoa. Só dava para ver o braço, segurando na mão da menina sorridente.
Eu conhecia aquela garota. Mesmo não sabendo de onde, eu podia sentir que á conhecia.
Olhei para Ares e para o Velho. Eles me olhavam atentamente como se eu fosse algo nunca visto na terra.
- Quem é essa garotinha?
Perguntei para quem tivesse a resposta.
- Você não a conhece?
O velho me respondeu pegando um charuto encima da mesa e acendendo-o.
Eu assenti com a cabeça que não conhecia a menina da foto.
Antes mesmo do velho prosseguir Ares falou:
- Estão todas aqui Romero?
- Sim Ares, não se preocupe.
O velho respondeu, soltando a fumaça pelo nariz.
Virou-se para mim e pediu a foto. Eu entreguei para ele. Ele a examinava com cuidado, como se procurasse algo.
- Está vendo essa linda garotinha?
Ele disse sorrateiro.
- Sim. Eu respondi tediosa.
- Ela é você Jully.
Ele respondeu com um sorriso torto e passageiro no rosto.
- Eu? Eu respondi confusa.
Olhei para Ares que nos observava atenta.
- Quem é essa pessoa que está comigo?
Perguntei repleta de curiosidade.
O velho olhou para Ares e depois fitou-me nos olhos, sorriu e adentrou seu charuto a boca, deixando a fumaça dançar sobre o ar daquele lugar.
Após cinco segundos ele suspirou e disse olhando em meus olhos.
- Esse?! Esse daí é o seu pai.

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Aos 18
ActionPlágio é crime!! Crie! Após perder a mãe, Jully Evangeline consequentemente tem que ir viver com seus tios, Cresce sem saber o paradeiro de seu pai, odiando o mesmo por ter abandonado a família. Quando tudo parece bem, faltando uma semana para o seu...