Risos

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As trevas que assolam nossas mentes são as mesmas que vem dissipando o caos entre os que temem a verdade.

- Que idiotice.

- O quê Aurora?

A moça sentada ao lado de Aurora em um lindo jardim a beira de uma fonte se sentia confusa. Ela não conseguia acompanhar as falas de sua colega de confinamento.
Aurora havia citado um trecho de um livro que estava lendo a alguns dias. Ela se sentia melhor quando expressava sua genialidade em julgar falas de autores renomados.

- Não seja tola Arsêni, eu não estou falando com você.

- Não?

Arsêni parecia confusa, ela era uma mulher jovem e atordoada por vozes. Sempre que estava descontrolada era preciso três para acalma-la. Seus olhos eram pretos como lindas jabuticabas saborosas, cabelos grandes e pretos, corpo magro e de estatura pequena ela colocava as pernas sobre o banco enquanto observava Aurora atentamente.

- Não sente falta de casa Aurora?

- Acha que gosto desse lugar?

Aurora parecia furiosa por Arsêni interromper sua leitura matinal. Ela odiava o modo como todos ali a olhava e sentia vontade de arrancar os olhos de cada um deles.

Quando se descontrolava Aurora podia sentir um calor enlouquecedor invadir seu corpo e podia jurar que seu cérebro estava saltitando em sua cabeça.
Os dias eram longos demais para ela, curtos demais para ler e a essência de uma vida monótona estava sugando o resto de sanidade que ainda lhe restara.

Em sua mente maléfica e sádica só havia um pensamento e o mesmo era destruir todos os Morgaz, mesmo sua mãe estúpida dizendo para esquecer, mesmo ela a tendo trancafiado naquele lugar desconhecido que ela nem sabia onde ficava. Mesmo tudo estando dando errado, ela havia deixado uma surpresa para Jully e seus amigos. Eles iriam comemorar e pensar que tudo havia acabado mas Aurora ainda estava por cima, como sempre desejou estar.

- Calada Martínia, não vê que estou lendo, calada sua fedelha.

- Aurora?

- Calada, calada, calada!

Arsêni se assustou com o surto repentino de Aurora, se levantou do banco e saiu correndo pelo jardim. Sempre que perdia a noção ela confundia as pessoas, falava nomes esquisitos e sempre chamava por sua irmã falecida. Era como se ela a visse, mas na verdade sua mente se encontrava em um estado terminal, logo mais sua sanidade estaria totalmente destruída.

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Jully_

Os dias são tão longos sem você aqui Dominik, como se a água não fosse mais o que une o mundo, como se a terra não fosse capaz de produzir árvores, e essas árvores não fossem capazes de nos privilegiar com frutos, tudo está mudando e sinto que talvez até eu mude. Não sei se quando acordar ainda irá me amar como antes, só espero que nunca se esqueça do porquê você nunca será apenas meu guarda-costas e sim um amor que jamais imaginei poder ter.

- Eu sou tão piegas.
Falei colocando a carta que passei o resto da noite escrevendo sobre a mesinha do abajur de Dominik.

Já havia se passado dois longos meses e ele ainda dormia, tão calmo e silencioso, seu corpo permanecia imóvel e os médicos diziam que ele poderia acordar a qualquer momento.

Edgar sempre estava sentado do lado de fora e quando eu saia do Hospital para me encontrar com Mônica, ele me dava um pouco de espaço e com meu charme e persuasão sempre que chegava ao nosso lugar preferido eu dispensava os guardas, no início eles queriam ficar colados em minha sombra mas consegui convencê-los de que o local era seguro.

Aos 18Onde histórias criam vida. Descubra agora