Jogo

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*Jully*

O ar estava abafado, o silêncio era tão perturbador que eu queria arrancar meus cabelos da cabeça, eu havia acordado a algum tempo e sentia dores fortemente.
Eu não enxergava muito bem, mas a claridade que vinha da janela me deu alguma ajuda.
O dia havia amanhecido afinal, e não era um sonho, era real, assustador e agonizante,
eu realmente estava presa e sem nenhum contato com alguém que gostasse de mim, sem ninguém para me ajudar, apenas eu a solidão e o medo de acabar sendo morta a qualquer momento.

Eu sentia que estava fraca, desnutrida e com o rosto horrível. Eu tive pesadelos seguidos durante a noite, era como se alguém estivesse me afogando em algum mar, como se o ar não existisse mais.
Eu nunca havia me sentido tão perturbada daquela forma, minha vida havia mudado tão der repente e eu não sabia lidar nem um pouco com aquela situação.

Eu queria tomar um banho, sair dali, respirar um ar puro para poder limpar meus pulmões. Como eu queria abraçar Ares e Dominik, saber como eles estavam, se estavam se  sentindo bem, era difícil estar presa, sem vontade própria, sem escolha de destino.


As horas foram passando e eu as preenchi lendo o livro que Nero havia me dado, ele era uma porta para a minha saída do mundo real, da realidade estranha em que eu estava, me dando pleno domínio de um mundo imaginário, incrivelmente doce, que me dava uma vontade infinita de ser um personagem de algum livro.


Um barulho de algo se arrastando pelo chão invadiu meus ouvidos, era estranho e me dava agonia, talvez alguém estava com dificuldade de movimentar algo pesado.
Me levantando me aproximei da porta para tentar ouvir algo, mas foi em vão porque as paredes não deixavam o som que vinha de fora adentrar a cela claramente.

Me afastei da porta quando percebi que alguém a abria, eu tinha muito medo quando aquela porta era aberta. Medo de ser Aurora disposta a me matar, medo de ser torturada novamente,
era inexplicável a dor e a angústia que predominava em meu interior.

A porta se abriu, dando lugar a figura grotesca de Nero, ele carregava consigo uma enorme mala que mais parecia ser de ferro.
Me olhando de lado ele escancarou a porta e jogou a mala para o lado de dentro.

- Levanta-te !
Ele disse com a voz grossa e trêmula.

Eu assenti e me levantei rapidamente, eu estava toda desengonçada e com os cabelos sujos e embaraçosos.
Nero abriu a enorme mala e da mesma retirou um par de algemas, fiquei meio confusa e me afastei com medo, mas ele me chamou a  atenção.

- Não se afaste!

- O que você vai fazer comigo?
Perguntei aflita.

- Eu? Nada! Mas Aurora vai.

- Não!  Aquela mulher de novo não!
Falei me afastando mais ainda de Nero e caindo encima da cama.

Ele veio em minha direção e me segurou firme, tentei me soltar mas foi em vão, Nero era muito forte.

Com bastante rapidez ele colocou meus braços para trás para poder me algemar, me debati mas não consegui me soltar, era como se o corpo de Nero fosse uma fortaleza imbatível.

Após conseguir o que queria, Nero me soltou e foi em direção a mala novamente, me rendi a desistência e fiquei debruçada sobre a cama como uma pessoa inválida.
Eu olhava para Nero que estava examinando sua mala, ele procurava algo mas parecia não encontrar.

Aos 18Onde histórias criam vida. Descubra agora