Capítulo 5

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Julles

Está chovendo a alguns dias e o barulho dos trovões me causam arrepios. Caminho em passos lentos tentando me equilibrar, mas vejo tudo em câmera lenta, meu estômago reclama, mas não sei se é de fome ou se resta algo que não consegui vomitar.

Isso tudo me quebrou, sinto que estou perdendo o que demorei anos para construir e me sinto sem energias para lutar por qualquer uma dessas coisas... mas acho que o pior aconteceu a uns dias atrás, quando meus pais viajaram de novo. Discuti com Noah sobre a mudança e ele realmente me odeia, vi em seus olhos.

Infelizmente a universidade se moveu de forma violenta, me sobrecarregando bastante, mal estava tendo tempo de parar para respirar, deixei a guitarra de lado, estou me focando 100% nisso e acabei pulando as refeições. Só que perdi os horários de algumas medicações e acabei passando quase 24 horas sem comer, o que foi suficiente para desregular tudo. Quando me alimentei de novo comi tão compulsivamente que meu estômago reclamou de imediato, então vomitei tudo, desmaiando em seguida e o ciclo se repetiu. Noah me encontrou em uma dessa vezes, o que gerou a discussão.

Fashback on

Julles: Você acha que eu pedi para ser desse jeito, hein? Acha que fico feliz desse jeito? Eu tô me arrebentando de dentro para fora, Noah! É doloroso, é feio, é desesperador... Eu sinto que estou morrendo a cada vez que um surto desse acontece e adivinha, não é o meu 1°. E o pior, eu não consigo controlar essa merda! Eu passei tempos tentando me recuperar de tudo e você acha que eu não estou acabada por ver tanto esforço não valendo de nada? EU NUNCA PEDI PARA VIR PARA ESSE MALDITO LUGAR, NEM QUE VOCÊ ABRISSE MÃO DA SUA VIDA PERFEITA, EU NEM SEQUER PEDI PRA SER SALVA... VOCÊS DEVIAM TER DEIXADO EU MORRER, MAS QUISERAM ME PUXAR DE VOLTA PRA ESSE INFERNO! - Cuspi as palavras de tal forma que ele mal conseguiu reagir, balançou a cabeça tentando absorver tudo. Lágrimas compulsivas rolam por meu rosto. Eu só explodi de vez, o cansaço de tudo se acumulou, a solidão, a raiva, tudo.

Noah: Se quiser se sabotar, vai em frente. Mas eu não sou obrigado a ficar aqui vendo você se arrebentar de novo, todos nós abrimos mão de algo, menos você, por isso não valoriza nada, por isso não se importa.

Julles: Não dá pra abri mão quando você não tem nada - digo exausta e ele me olha com dor, saindo rápido. Eu me acabei de chorar no quarto, chorei horas, até sentir que meu peito pegava fogo.

Tomei muitos banhos gelados e tentei regular ao máximo minha alimentação, mas eu estava tão abalada emocionalmente, sentia meu esforço se esvaindo pelos meus dedos, tudo que ergui está desmoronando na minha cabeça e eu me sentia inútil para fazer qualquer coisa. Eu não tinha mais meu irmão carinhoso e presente pra poder me apoiar, eu tinha alguém que me detestava ao extremo, não tinha mais os meus pais presentes, só duas pessoas que nunca estavam em casa. Eu estava sozinha, de novo. Sem amigos, sem conseguir perdir socorro. E eu sabia que era culpa minha.

Flashback off

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